A Babá Virgem e o Viúvo que Não Sabia Amar romance Capítulo 179

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O jardim ainda estava impregnado com a alegria de poucas horas atrás. A grama amassada, marcada pelas corridas e quedas despreocupadas, denunciava que ali havia acontecido um dia de pura felicidade. O ar carregava o perfume suave das flores do canteiro, misturado ao cheiro de terra úmida, enquanto o céu já tingido de tons azul-escuros começava a ceder espaço às primeiras estrelas.

Na varanda, Aurora e o pequeno filhote dormiam profundamente, lado a lado. A menina estava deitada sobre um colchonete improvisado, com as bochechas levemente coradas pelo sol e pelo riso incessante das brincadeiras. Ao lado dela, o cachorro respirava num ritmo calmo, a barriguinha subindo e descendo, como se sonhasse com as corridas do dia. Um cobertor leve os protegia da brisa que começava a soprar, trazendo com ela o som dos grilos e o farfalhar preguiçoso das folhas das árvores ao redor da casa.

Isabella fechou a porta da varanda com todo o cuidado, certificando-se de que o barulho não perturbasse o sono da filha. Ficou alguns segundos observando a cena pela vidraça, o coração aquecido por aquela paz rara que vinha com momentos assim. Ao se virar, encontrou Lorenzo. Ele estava ali, à penumbra da sala, encostado ao batente, com as mãos nos bolsos e os olhos fixos nela.

Era um olhar que parecia atravessar o tempo. Não havia pressa nele, apenas uma intensidade silenciosa, como se cada movimento dela fosse algo a ser guardado na memória.

— Você não faz ideia do quanto eu amo ver você com ela… — murmurou, a voz grave carregada de emoção contida, quase rouca.

Isabella sentiu o calor subir-lhe ao rosto. Começou a caminhar lentamente até ele, cada passo ecoando na madeira como uma promessa.

— E você não faz ideia do quanto eu amo ver você com ela também… — respondeu, num tom suave, mas com a certeza de quem falava de algo que ultrapassava qualquer medida.

Quando a distância entre eles se desfez, Lorenzo ergueu a mão e tocou-lhe o rosto com a delicadeza de quem segura algo precioso. O polegar acariciou-lhe a pele, e Isabella fechou os olhos, inclinando-se levemente para receber aquele gesto. Era um toque reverente, quase tímido, como se ele temesse que um movimento brusco pudesse quebrar o encanto.

O beijo veio como consequência inevitável. Primeiro, um roçar leve, tímido, um convite silencioso. Depois, mais profundo, mais urgente, carregando consigo a mistura de ternura e desejo que sempre os envolvia. Os lábios dele moldavam-se aos dela com precisão, como se fossem feitos para se encontrar daquela maneira.

Lorenzo a puxou pela cintura, e o calor do corpo dele atravessou o tecido fino do vestido, fazendo-a suspirar. As mãos de Isabella subiram pelo peito largo, sentindo a firmeza dos músculos, até chegarem aos ombros. Ali, prenderam-se, como quem busca apoio no meio de um redemoinho de sensações.

O mundo lá fora deixou de existir. Não havia mais o som dos grilos, nem o vento suave, nem o entardecer que se transformava em noite. Havia apenas o toque, o calor, a respiração acelerada que se misturava.

Lorenzo começou a guiá-la em direção ao sofá, mas antes que pudesse deitá-la ali, Isabella interrompeu com um olhar que dizia mais do que qualquer palavra.

— Quero você comigo… onde a gente possa se perder sem medo.