Beatriz praticamente saltitava quando desceu do carro e atravessou o jardim da casa de Lorenzo e Isabella. O coração batia rápido, e o sorriso largo no rosto entregava que algo tinha acontecido. Nem o vento frio da noite conseguiu apagar o brilho nos olhos dela.
Subiu os degraus da varanda e abriu a porta com a chave reserva que Isabella sempre deixava para ela. Ao entrar, respirou fundo e seguiu direto para o andar de cima, indo ao quarto da prima.
Bateu duas vezes, mas nem esperou resposta. Entrou com um ar misterioso, encostando-se na porta, os braços cruzados e um sorriso que não cabia no rosto.
Isabella, que estava sentada na poltrona perto da janela, passando creme no ventre já crescido pela gestação de Benjamin, ergueu o olhar desconfiado.
— O que foi, Beatriz? — perguntou com um sorriso curioso. — Essa cara de quem esconde um tesouro… aconteceu alguma coisa?
Beatriz respirou fundo, deixando-se cair na cama ao lado da prima.
— Alguma coisa? — ela fechou os olhos dramaticamente. — Isabella… hoje foi o encontro.
Isabella piscou algumas vezes, largando o pote de creme no criado-mudo e inclinando o corpo na direção da prima.
— Espera. O encontro… com o doutor Stefano?
Beatriz abriu um sorriso tímido, mas o brilho nos olhos a denunciava.
— Com ele mesmo.
Isabella arregalou os olhos, completamente surpresa.
— E?! — cutucou a prima no braço, impaciente. — Me conta tudo, AGORA!
Beatriz se ajeitou na cama, cruzando as pernas e assumindo um tom teatral:
— Bom… eu cheguei primeiro no café, escolhi uma mesa perto da janela… aí, quando ele entrou, Isabella… — fez uma pausa, como se saboreasse a lembrança. — Sabe aquela cena de filme, quando o tempo para e toca uma trilha sonora imaginária?
— Sei. — Isabella estreitou os olhos, divertida. — E aposto que ele estava lindo, né?
— Lindo? Não… — Beatriz suspirou profundamente, caindo de costas na cama. — Ele estava um ABSURDO de lindo. Paletó azul-marinho, gravata perfeita, aquele olhar intenso… Isabella, esse homem vai acabar comigo!
Isabella riu, balançando a cabeça.
— Já começou apaixonada, olha só… mas me conta, como foi a conversa?
Beatriz se sentou de novo, gesticulando com as mãos enquanto narrava:
— Foi leve, divertido… a gente falou sobre música, viagens, até sobre o casamento de vocês.
— E rolou um beijo?
Beatriz ficou em silêncio por um segundo, mordendo o lábio inferior antes de abrir um sorriso que praticamente gritava a resposta.
— TEVE! — exclamou, e as duas riram juntas. — Isabella, você não tem ideia… foi perfeito. Calmo, lento, cheio de intenção… Ele perguntou se podia, e eu quase respondi que se ele não beijasse, ia me arrepender pro resto da vida.
Isabella colocou a mão no peito, emocionada.
— Eu sabia! Sempre soube que vocês iam combinar…
Beatriz sorriu ainda mais, os olhos brilhando.
— E… — fez uma pausa dramática, mordendo o canto dos lábios — estamos oficialmente namorando.
Isabella arregalou os olhos, cobrindo a boca com as duas mãos.
— NÃO! — ela praticamente gritou, levantando-se da poltrona. — Eu sabia que isso ia acontecer, mas não achei que seria tão rápido!
Antes que pudessem continuar, a porta do quarto se abriu de repente. Aurora entrou correndo, com os cachos soltos balançando, segurando Biscoito no colo. A menina tinha aquele brilho no olhar de quem sempre se mete onde não é chamada.
— O que foi, titia? — perguntou, já pulando na cama. — Que gritaria é essa?
Beatriz rapidamente engoliu o riso, mas não conseguiu esconder o sorriso escancarado. Isabella respirou fundo, tentando disfarçar, mas a filha era esperta demais para cair em distrações.
— Nada demais, meu amor — Isabella respondeu, acariciando os cachos da menina. — Só fofoca de adulto.
Aurora arregalou os olhos e apontou para Beatriz:
— Mas você tá com essa cara de feliz, titia! Conta pra mim também!
Beatriz piscou para Isabella e, com um gesto dramático, fez sinal para que Aurora se aproximasse. A menina chegou perto, colocando o rosto bem próximo do dela.
— Então… — Beatriz cochichou, como se fosse um segredo importante — eu tô namorando.
Aurora congelou por um segundo, piscando várias vezes, até que a informação pareceu explodir na mente dela.
— NAMORANDO?! — gritou, tão alto que Biscoito latiu no colo dela.
Isabella gargalhou e tentou acalmar a filha:
— Shhh, pequena, calma! O papai vai ouvir.
— Quem?! Quem?! — Aurora pulava na cama de tanta empolgação. — Quem é o namorado, titia?


VERIFYCAPTCHA_LABEL
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: A Babá Virgem e o Viúvo que Não Sabia Amar