O sol nasceu lentamente sobre a fazenda, tingindo o céu de dourado e rosa. A luz da manhã atravessava as cortinas claras do quarto, pousando sobre os móveis, acariciando a pele de Isabella e Lorenzo, que ainda não haviam pregado os olhos. O bebê, porém, dormia sereno, deitado sobre o colo da mãe, com o rostinho angelical parcialmente escondido pelo cobertor macio.
Aurora estava aninhada nos braços do pai e segurava a mão do irmão como se quisesse garantir que ele não sairia dali jamais. Era uma cena linda e emocionante de se ver.
Lorenzo observava a cena como se quisesse eternizar cada detalhe na memória: o peito de Isabella subindo e descendo devagar, os dedos dela acariciando distraidamente a cabecinha loira do filho, Aurora adormecida nos seus braços segurando a mãozinha pequena e aquele silêncio quase sagrado que envolvia os quatro.
O primeiro a entrar no quarto foi Marco, melhor amigo de Lorenzo. Trazia um sorriso largo, embora os olhos vermelhos entregassem que também havia chorado quando recebeu a notícia do nascimento. Ele se aproximou em passos lentos, respeitosos, e parou ao lado da cama, olhando o sobrinho como se fosse a coisa mais preciosa que já tinha visto.
— Então… esse é o Benjamin. — disse, com a voz baixa, quase num sussurro. — O menininho que já roubou todos os corações da casa antes mesmo de nascer.
Lorenzo sorriu, orgulhoso, e fez sinal para que o amigo se aproximasse mais. Marco inclinou-se, com cuidado, e tocou de leve a mãozinha do bebê, que se fechou em reflexo em torno de seu dedo, abriu os olhinhos, e as duas esmeraldas surgiram. O gesto foi suficiente para que ele risse, emocionado.
— Forte como o pai. — disse, olhando para Lorenzo. — Mas os olhos… esses olhos são da mãe.
Pouco depois, Antonella entrou, trazendo um pequeno arranjo de flores do jardim. Seus olhos marejaram no instante em que viu o bebê no colo de Isabella. Sentou-se ao lado da nora, passando-lhe a mão nos cabelos.
— Você foi corajosa, minha querida. — disse com voz suave. — Esse menino é a prova viva da força que existe em você.
Giulia, como sempre, não se conteve e entrou logo atrás, carregando uma bandeja com frutas e pão fresco. Aproximou-se com o jeito brincalhão que lhe era típico, mas, ao ver Benjamin, perdeu as palavras. Ficou imóvel por alguns segundos, apenas contemplando, antes de finalmente soltar um suspiro:
— Meu Deus, ele parece um anjo… — murmurou. E então, para quebrar o clima, completou: — Um anjo que vai dar trabalho, eu sei.
Todos riram baixo, inclusive Isabella, que balançou a cabeça, divertindo-se com a irreverência da cunhada.
Dona Flora entrou em seguida, apoiada em Maria. A matriarca trazia nos olhos um orgulho que mal cabia. Aproximou-se devagar, como quem se aproxima de um altar. Tocou o rosto do bisneto com os dedos enrugados, e as lágrimas rolaram imediatamente.
— Seja bem-vindo, meu pequeno Benjamin. — disse, com a voz trêmula. — Que a vida seja sempre generosa com você, e que você nunca se esqueça de que nasceu rodeado de amor.
Maria, que sempre foi prática, não conseguiu esconder a emoção. Pegou o bebê por alguns instantes, embalando-o com a experiência de quem já cuidou de tantas crianças.
— É como segurar o próprio céu nos braços. — murmurou, e beijou de leve a testa do pequeno.
Aurora despertou nesse momento, e se espreguiçou ainda sonolenta. Ao perceber o alvoroço no quarto, pulou da cama, ainda descabelada, e correu para perto de Maria. Seus olhinhos azuis brilharam ao ver o irmãozinho, e ela segurou com cuidado o pezinho pequeno de Benjamin, como se fosse feito de cristal. Estufou o peito e anunciou, cheia de orgulho:
— Esse é o meu irmãozinho! Ele não é lindo, Maria?
Maria sorriu largo, emocionada, e assentiu.
— É o bebê mais lindo do mundo, minha menina.
Todos aplaudiram a pequena, e Antonella, rindo, se aproximou da neta. Passou a mão carinhosa nos cabelos revoltos da menina e disse com ternura:
— Você é a irmã mais dedicada que ele poderia ter, minha flor. O que acha de ajudar a vovó a dar banho nele enquanto a mamãe toma um banho e troca de roupa?
Aurora deu um pulo de alegria.
— Oba, eu quero, vovó!
O quarto se encheu de risadinhas e comentários animados. Isabella, mesmo cansada, deixou escapar um sorriso aliviado, sabia que o filho estaria em boas mãos. Lorenzo a ajudou a se levantar com cuidado, guiando-a até o banheiro, enquanto Antonella e Aurora se preparavam para a “grande missão”.
As duas resolveram dar o banho de Benjamim no quarto do bebê. Tudo já estava pronto. A água já estava aquecida numa pequena banheira de porcelana que Maria trouxe. Antonella arregaçou as mangas, os movimentos lentos, como quem guarda décadas de prática na memória das mãos.
— Vamos devagar, minha ajudante. — disse a avó, piscando para Aurora. — Primeiro, tiramos as roupinhas com cuidado.
Aurora observava atentamente, mordendo o lábio inferior como se estivesse prestes a realizar uma cirurgia delicada. Giulia, sempre espirituosa, não resistiu e puxou Beatriz para mais perto:
— Vem, vamos caducar juntas. — sussurrou, rindo. — Olha só esse pezinho! Dá vontade de guardar no bolso.
Aurora ria tanto que mal conseguia respirar.
— Ele é muito lindo! — disse, ainda gargalhando. — Papai precisa saber dessa!
Maria entrou com uma toalha limpa e ajudou a secar a blusa da avó, balançando a cabeça com um sorriso divertido.
— É assim mesmo, dona Antonella. Ele já começou a deixar a marca dele na família.
O banho finalmente aconteceu, cheio de risadas, pequenas trapalhadas e olhares apaixonados. Benjamin choramingou um pouco ao sentir a água morna, mas logo se acalmou com as mãos firmes da avó e os olhos atentos da irmã. Aurora, debruçada sobre a banheira, fazia carinho no bracinho dele, falando baixinho como se fosse uma canção:
— Calma, Benjamim… é só água. Eu tô aqui, meu anjinho.
Giulia e Beatriz, ao fundo, continuavam caducando.
— Olha essas bochechas… parece que foram feitas para beijar! — exclamou Giulia.
— E essa boquinha… — completou Beatriz. — Parece até que sorri quando a gente fala.
Quando o banho terminou, Benjamin foi enrolado em uma toalha felpuda e cheirosa. Antonella o entregou para Aurora, que o segurou com um orgulho indescritível. A menina olhou para todos e disse, como se fosse a coisa mais importante do mundo:
— Ele cheira a flor. Eu amo tanto ele, vovó… — disse com os olhinhos marejados.
Antonella, Giulia e Beatriz encararam a menina com os olhos marejados e a mais velha respondeu sem hesitar:
— E ele ama você meu amor…
E naquele instante, ninguém teve dúvidas: Aurora seria a guardiã mais dedicada que Benjamin poderia ter.

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