Lorenzo atravessava o corredor lentamente, como se cada passo fosse carregado de reverência. O silêncio do ambiente, quebrado apenas pelo ranger suave da madeira sob seus pés e pelo som abafado da respiração de Isabella contra o seu peito, parecia sagrado. Ele a carregava nos braços com a delicadeza de quem sustenta algo mais precioso do que a própria vida. O roupão branco a envolvia, ainda úmida pelo banho e seu corpo, frágil pelo esforço da maternidade, repousava com total confiança no colo do marido.
Quando alcançou a porta do quarto, Lorenzo a empurrou com o ombro, sem jamais soltar Isabella. O quarto estava iluminado por uma luz suave, que entrava através das cortinas entreabertas, dando à cena um ar de aconchego e paz. Ao entrar, os olhos dela se encheram de ternura, porque logo atrás vinha Antonella, com os passos firmes, trazendo nos braços o pequeno Benjamin.
Ele estava agora limpinho, cheiroso, envolto em um cueiro branco que realçava o tom rosado da sua pele delicada. O rostinho ainda guardava marcas da batalha de vir ao mundo, mas havia algo de majestoso na tranquilidade que irradiava, como se aquele bebê trouxesse em si um pedaço do céu. A avó o sustentava com a segurança de quem já embalou muitos filhos e netos, mas mesmo assim, não conseguiu impedir que a emoção lhe marejasse os olhos.
Antonella aproximou-se devagar, com o sorriso aberto e a voz embargada. Parou diante da cama, onde Lorenzo já deitava Isabella com cuidado, e inclinou-se para depositar o neto nos braços da nora.
— Aqui está o seu menininho, minha querida. — disse, com a voz tremendo pela ternura. — Ele está faminto, esperando por você.
As mãos de Isabella, ainda trêmulas, acolheram o pequeno como se fossem feitas exatamente para isso. No instante em que Benjamin se aconchegou em seus seios, ela sentiu o mundo inteiro se alinhar em um único eixo aquele amor. As lágrimas, inevitáveis, desceram sem que ela tentasse contê-las.
— Ele é perfeito… — murmurou, beijando a cabecinha loira ainda úmida.
Aurora, que observava tudo de perto com os olhos mais vivos que nunca, não perdeu tempo. Saltitante ao lado da avó, começou a falar com a empolgação típica de uma criança que acabava de testemunhar algo extraordinário:
— Papai! Você não vai acreditar! O Benjamin fez xixi na vovó Antonella! Eu vi tudinho!
O comentário arrancou uma gargalhada imediata de Lorenzo. Uma gargalhada limpa, livre, carregada de felicidade pura. O som ecoou pelo quarto como uma explosão de vida, contagiando a todos. Antonella, apesar da “travessura” do neto, riu junto, sacudindo a cabeça, rendida ao encanto de ter aquele bebê em seus braços mais cedo.
Foi nesse momento que Benjamin, como se reconhecesse a alegria e a força da voz do pai, abriu devagar os olhinhos. Um verde intenso se revelou, tão parecido com o de Isabella que Lorenzo ficou sem ar. O bebê se remexeu, movendo a cabecinha com esforço, como se buscasse a origem daquele som tão cheio de calor e segurança.


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