A Babá Virgem e o Viúvo que Não Sabia Amar romance Capítulo 193

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O quarto estava mergulhado em um silêncio sagrado, quebrado apenas pela respiração suave de Benjamin, que dormia no bercinho improvisado ao lado da cama. A luz das luminárias eram baixas, e lançavam um brilho acolhedor sobre as paredes, envolvendo tudo em um manto de serenidade.

Isabella estava deitada, apoiada em travesseiros altos, com os cabelos espalhados pelo lençol macio. A exaustão estava presente em cada traço do rosto delicado, mas havia um brilho novo nos olhos dela, um reflexo de vida, de recomeço, de amor absoluto.

Ao lado, Lorenzo estava sentado na beira da cama, com o corpo inclinado para frente, os cotovelos apoiados nos joelhos, o olhar fixo no filho que dormia.

Ele parecia hipnotizado. Os ombros largos estavam relaxados, mas os olhos… ah, os olhos denunciavam tudo. O verde profundo de Benjamin havia acendido nele uma chama difícil de descrever. Não havia mais espaço para ambições, para negócios, para qualquer outra preocupação que não fosse aquele pequeno universo respirando diante dele.

Isabella o observava em silêncio, os lábios curvando-se num sorriso doce e cansado. O peito dela se enchia de uma gratidão impossível de colocar em palavras.

— Você vai ficar olhando para ele a noite inteira, Lorenzo? — perguntou num tom baixo, quase um sussurro, com um toque de riso.

Ele desviou o olhar do bercinho, encontrando os olhos verdes dela, e um sorriso lento se espalhou pelos lábios.

— Se for preciso, fico. — respondeu com honestidade crua. — Quero memorizar cada detalhe desse momento… Quero guardar o som da respiração dele, o jeito que o peito sobe e desce, o calor que ele traz pra esse quarto.

Isabella fechou os olhos por um instante, tentando conter a emoção, mas não conseguiu impedir que uma lágrima solitária escorresse pela lateral do rosto.

Lorenzo se inclinou, passando os dedos delicadamente pela pele dela, enxugando a lágrima com um carinho reverente.

— Ei… — murmurou, quase num sopro. — Você fez isso. Você nos deu ele. Nos deu essa família.

— Nós fizemos… — corrigiu Isabella, com a voz embargada. — Ele é metade meu, metade seu… e cem por cento da gente.

Um sorriso carregado de ternura surgiu no rosto de Lorenzo. Ele se inclinou, tocando a testa dela com a própria, e deixou o silêncio dizer tudo o que não cabia em palavras. Por um momento, o mundo inteiro se reduziu ao som dos dois respirando juntos.

Do outro lado da cama, Aurora dormia enroscada, os cachos dourados espalhados pelos braços da mãe. A pequena tinha resistido até onde deu, e por fim o sono a arrebatara com uma doçura de anjo cansado. Isabella passava a ponta dos dedos em seus cabe, num carinho ritual que vinha de antes, de quando Aurora se entregou pela primeira vez ao seu amor.

— Acho que vou levá-la para o quarto… — Lorenzo propôs, medindo com os olhos a distância até a porta, pesando a logística de cobertas e travesseiros.

Isabella apertou a filha com mais força, como quem protege um segredo.

— Não, meu amor. Deixa ela aqui com a gente. Hoje eu quero nossa família toda juntinha.

Lorenzo sorriu largo e inclinou-se para beijar os lábios da esposa com a delicadeza de quem beija a primeira primavera.

— Eu amo tanto vocês… — confessou, num fio de voz que parecia uma promessa.

Benjamin, como se sentisse a energia ao redor, se remexeu no bercinho, soltando um suspiro baixinho. Isabella reagiu no mesmo instante, o instinto materno a fazendo se inclinar para pegá-lo.

Mas Lorenzo foi mais rápido. Com uma delicadeza que contrastava com a força que carregava no corpo, ele se levantou e o pegou nos braços, embalando-o com cuidado. O bebê se aconchegou contra o peito largo do pai, e um suspiro satisfeito escapou de seus lábios minúsculos.

Isabella observava a cena com o coração apertado e os olhos marejados. Nada no mundo jamais se compararia àquela imagem: o homem que amava, segurando o filho dos dois, com uma devoção que parecia infinita.