O tempo havia passado como um sopro, mas na mansão Vellardi cada canto carregava uma nova história. Seis meses se passaram desde o nascimento de Benjamin, e era impossível não perceber como tudo havia mudado. A vida ganhou um novo ritmo, um compasso mais sereno, onde os dias se tornavam mais leves e os sorrisos surgiam com mais facilidade.
Naquela tarde, o sol de primavera entrava generoso pela ampla janela do banheiro principal, inundando o ambiente com tons dourados que se refletiam no mármore claro. A banheira de pedra, espaçosa e luxuosa, estava cheia até a borda, coberta por uma fina camada de espuma que brilhava sob a luz. O ar cheirava a sabonete infantil, doce e suave, misturado ao aroma fresco da água morna. Mas nada, absolutamente nada, superava o som que ecoava naquele cômodo: o riso gostoso e cristalino de um bebê que descobria o mundo a cada segundo.
Lorenzo estava sentado dentro da banheira, o tronco nu parcialmente imerso, os ombros largos relaxados, os cabelos úmidos caindo desordenadamente sobre a testa. O contraste entre o homem poderoso, conhecido por sua postura controlada e meticulosa, e o pai que agora segurava o filho com delicadeza, era de arrancar suspiros. Seus olhos,normalmente frios e calculistas, agora estavam fixos, cheios de uma devoção quase sagrada, na pequena vida que ele embalava com cuidado.
Benjamin, com seus seis meses, parecia ter descoberto um universo inteiro dentro daquela banheira. Chutava os pezinhos gordinhos com força, espalhando respingos por todos os lados. As mãozinhas agitadas batiam na água, formando pequenas ondas que vinham direto no rosto do pai.
— Eita, piccolo leone… — Lorenzo riu, protegendo o rosto com a mão quando mais uma chuva de água o atingiu. — Vai afogar o papai desse jeito!
Benjamin soltou uma gargalhada alta, curta e contagiante, balançando as perninhas como se entendesse a provocação. O som preencheu o ambiente, vibrando entre as paredes de mármore.
— Ah, então você acha graça, é? — Lorenzo inclinou o corpo, aproximou o rosto da barriguinha rosada do filho e encheu-a de beijos estalados. Benjamin se contorceu, soltando risinhos escandalosos, aqueles que vinham de dentro, tão puros que pareciam iluminar o ar.
Lorenzo fechou os olhos por um instante, tentando gravar aquele som, aquela sensação. Seu peito apertava. Quem diria que um homem como ele, acostumado a dominar salas de reunião, assinar contratos milionários e enfrentar desafios imensos, estaria ali, completamente rendido… por um bebê.
— Ti amo tanto, Benjamin… — murmurou, com a voz rouca, embargada. Cada palavra carregava uma ternura reverente, como se fosse uma prece.
Ele, que por anos depois da morte de sua amada Letícia, foi conhecido por sua frieza, e isolamento. Ele que por muitos anos não conseguiu chegar próximo de sua própria filha, porque acreditava que deveria sofrer por não ter conseguido salvar Leticia. Agora, depois de tanta dor, ele finalmente sentia dentro de si algo renascer. Cada sorriso do filho desmontava muros antigos, curava feridas silenciosas e o transformava num homem novo, mais leve, mais humano, mais inteiro.
Benjamin, curioso, esticava os bracinhos tentando agarrar as bolhas que Lorenzo soprava com as mãos. O pai, divertido, juntava um pouco de espuma e soprava devagar, criando pequenas nuvens brancas que flutuavam sobre a superfície da água. O bebê acompanhava tudo com os olhos bem abertos, encantado, e quando uma bolha pousou e estourou bem na pontinha do nariz dele, a risada explodiu novamente, enchendo o banheiro de vida.
— Bravo, campione! — Lorenzo brincou, erguendo Benjamin um pouco acima da água, deixando os pezinhos balançarem livres no ar. — Você vai conquistar o mundo, piccolino… mas, por enquanto, pode conquistar só o coração do papai, hm?
Benjamin soltou um gritinho agudo, como se respondesse, e Lorenzo caiu na risada, os olhos marejaram sem perceber. A emoção o invadia de forma inesperada, sem pedir licença. Ele apoiou o bebê contra o peito, sentindo a pele macia, o calorzinho delicioso do corpo pequeno, o coração minúsculo batendo acelerado. Fechou os olhos, tentando gravar cada detalhe na memória, o cheiro, o toque, o som.
Do lado de fora, no jardim da mansão, a vida seguia num compasso calmo. Isabella e Aurora estavam ajoelhadas na grama, perto dos canteiros, acompanhadas de Antonella. Plantavam novas mudas de flores coloridas, e o cenário parecia pintado à mão. O céu limpo, o perfume das pétalas recém-abertas, a brisa suave que balançava os fios de cabelo da pequena Aurora… era um quadro perfeito.


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