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A Babá Virgem e o Viúvo que Não Sabia Amar romance Capítulo 199

O quarto de hóspedes ainda estava mergulhado em um silêncio quase sagrado, como se o próprio ar tivesse sido desacelerado para acompanhar o ritmo dos dois. A luz prateada da lua atravessava as cortinas translúcidas, projetando desenhos suaves no chão, iluminando a cama desfeita, o edredom amassado, os lençóis desalinhados, testemunhas silenciosas de uma noite que havia sido deles. Só deles.

Isabella estava deitada sobre o peito de Lorenzo, com o rosto escondido contra a pele quente dele. Seus cabelos loiros estavam soltos e bagunçados, caíam sobre os ombros dele e espalhavam-se sobre o tórax firme, ainda úmido em alguns pontos. Lorenzo, com os olhos semicerrados, passava os dedos devagar pelas costas dela, num movimento lento, hipnótico, quase inconsciente, como quem tem medo de quebrar um feitiço.

O silêncio que os envolvia era confortável, aconchegante. Não havia nada que precisasse ser dito; cada toque, cada respiração, cada batida acelerada dos corações falava mais alto do que qualquer palavra poderia traduzir.

Isabella, no entanto, respirou fundo, sentindo o corpo relaxar contra o dele, e depois de alguns minutos ergueu o rosto. Encontrou os olhos azuis de Lorenzo e, por um instante, perdeu-se ali. Havia algo diferente neles, estavam mais suaves, mais serenos, mas ainda havia um brilho silencioso que ardia, um calor contido que dizia mais do que qualquer frase poderia expressar.

Ela sorriu de leve, passando a ponta dos dedos pela linha da mandíbula dele, sentindo a barba por fazer arranhar suavemente sua pele.

— A gente precisa voltar… — murmurou, com a voz baixa, quase um sopro. — Aurora vai acordar cedo…

Lorenzo soltou um suspiro profundo, pesado, quase resignado, e fechou os olhos por um instante, apertando o braço em torno da cintura dela, como se quisesse impedir o tempo de passar.

— Mais um minuto… — pediu, rouco, com a voz grave e arrastada. — Só um minuto assim, Isabella…

Ela fechou os olhos por um segundo, sentindo o peito aquecer com o pedido dele. Sorriu baixinho, um som suave, íntimo, que fez o peito dele vibrar sob sua bochecha. Era impossível não ceder. Por mais que a realidade os chamasse de volta, nenhum dos dois queria quebrar o encanto que os envolvia.

Mas Isabella sabia que caso Aurora despertasse, ela iria procurar pelos pais. Suspirou fundo, deslizando os dedos pela mão dele, entrelaçando-os devagar, e finalmente se ergueu, pegando o robe e cobrindo o corpo nu.

Lorenzo a seguiu, levantando-se com um movimento natural, vestiu a calça do pijama e a camisa. Ele a puxou de leve pela mão, entrelaçando os dedos nos dela com firmeza, e juntos saíram do quarto, caminhando pelo corredor silencioso.

O corredor da mansão estava mergulhado na penumbra, iluminado apenas por algumas luzes que projetavam círculos de luz amarela sobre as paredes. O som distante do vento batendo contra as janelas se misturava ao bater compassado dos passos deles, quase inaudíveis sobre o piso de madeira escura, que refletia um brilho discreto sob a luz suave.

Isabella caminhava ao lado de Lorenzo, sentindo o corpo ainda quente, os músculos relaxados, mas havia algo dentro dela que a deixava desperta demais para o sono. Um nó difícil de descrever apertava-lhe o peito, uma mistura de exaustão, plenitude e uma serenidade tão rara que chegava a ser desconcertante.

Por um instante, Lorenzo parou diante de uma das grandes janelas do corredor. A luz da lua atravessava o vidro, banhando-o de prata, e ele virou o rosto para observá-la por alguns segundos. Isabella parou ao lado dele, e Lorenzo segurou o queixo dela com suavidade, virando o rosto dela para si. Não disse nada. Não precisava. Apenas encostou a testa na dela, e ficou com os olhos fechados, respirando o mesmo ar, o mesmo silêncio, o mesmo amor.

— Vamos. — murmurou por fim, num tom baixo, íntimo, como quem protege um segredo.

Quando chegaram à porta da suíte principal, Lorenzo parou mais uma vez, segurando a maçaneta, e olhou para ela. Os olhos dele estavam diferentes agora, não havia mais urgência, só uma calma profunda, quase devocional. Ele se inclinou devagar e depositou um beijo suave na testa dela, um gesto carregado de ternura, que fez Isabella sorrir de um jeito quase tímido, como se fosse pega desprevenida por aquele carinho.

— Pronta? — perguntou, num tom baixo, quase cúmplice.

Isabella assentiu com um sorriso pequeno, mas cheio de significado.

— Sempre… — respondeu, e o sussurro ficou suspenso entre eles por um instante.

Capítulo 199 - Onde Eu Deveria Estar 1

Capítulo 199 - Onde Eu Deveria Estar 2

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