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A Babá Virgem e o Viúvo que Não Sabia Amar romance Capítulo 24

O vidro espelhado da fachada do prédio da Holding Vellardi & Renzi refletia a imponência de Lorenzo Vellardi como uma extensão natural de seu império. Alto, imperturbável, com o terno italiano impecável ajustado aos ombros largos, ele atravessava o saguão com o andar de quem comanda o mundo.

— Bom dia, senhor Vellardi. — disseram, em uníssono, a recepcionista e dois assessores que se curvaram discretamente.

Lorenzo não respondeu. Apenas assentiu com o queixo, sem desviar os olhos da tela do celular. O silêncio era a sua linguagem, a frieza, seu escudo.

Mas naquela manhã, havia algo de diferente.

Enquanto subia no elevador privativo até o 40º andar, o rosto sério, a expressão intocável… sua mente não parava de reproduzir a mesma cena: o olhar furioso de Isabella encarando-o. Os olhos grandes e verdes, cheios de mágoa e força. A voz dela, firme, indignada, orgulhosa.

E as palavras…

“Eu entrei aqui preocupada. Saio enojada.”

Ele rangeu os dentes. Não sabia o motivo, mas aquilo o incomodava. Como se… não estivesse acostumado a ser enfrentado. Especialmente por alguém como ela. Jovem, nova demais. Frágil, à primeira vista. Mas ela não era frágil. Definitivamente, não era.

Ao chegar à sua sala, destrancou o botão do paletó e sentou-se, deixando os braços cruzados sobre o encosto da cadeira. Respirou fundo, tentando esvaziar a mente. Mas mesmo ali, em meio ao luxo silencioso do escritório e ao som abafado da cidade ao fundo, ela parecia presente. Como um perfume que não saía da pele.

E isso… o irritava.

— Senhor Vellardi — disse Valentina, sua assistente, pela linha interna —, a reunião com os diretores está confirmada para às 10h. Deseja que prepare seu café?

— Não, apenas água. — respondeu, seco.

Mas era mentira. Ele precisava de algo mais forte para afogar o gosto amargo da culpa que não queria admitir.

✲ ✲ ✲

Enquanto isso, na mansão, Isabella caminhava pelo jardim de mãos dadas com Aurora, tentando manter o sorriso leve.

Mas por dentro… ainda queimava.

Depois do café, ela fingia normalidade. Conversou com Antonella sobre os horários da pequena, ajudou Aurora a escovar os dentes, e até fingiu não perceber os olhares desconfiados de duas funcionárias da casa que pareciam saber que alguma coisa havia acontecido na noite anterior.

Mas dentro dela… havia algo pulsando. Algo novo.

Raiva, orgulho ferido ou talvez… decepção.

Isabella se sentou no balanço sob a pérgola coberta de flores, e Aurora veio correndo até ela com dois livros nas mãos.

— Quer ler comigo, Isa?

— Claro que quero, minha flor. — disse, ajeitando a menina no colo.

Ela lia com carinho, como fazia desde que chegou. Mas naquele dia, ao olhar para os olhos azuis da menina, tão iguais aos do pai, sentiu uma pontada estranha no peito.

— O que houve meu amor?

Aurora suspirou fundo fechando o livro e em seguida, desviou o olhar para a babá e disse:

— Você ouviu os gritos, não foi?

Isabella encarou Aurora sem saber o que responder.

— Ele fica assim toda vez que sonha com a mamãe.

Isabella sentiu o peito doer. Não podia imaginar que Aurora, mesmo tão pequena, conseguisse enxergar a dor e o sofrimento do pai tão nitidamente. Sorriu com ternura e levou a mão até o rosto delicado da garota e resolveu mudar de assunto.

— Amanhã posso te levar até o lago, se quiser. Acho que você vai adorar ver os peixes.

— O papai vai também?

Isabella hesitou.

— Acho que ele estará trabalhando.

— Ele trabalha demais. — Aurora disse, baixinho. — Talvez ele precise de uma babá também…

Isabella sorriu, mas por dentro, algo nela endureceu.

Lorenzo não precisava de babá. Precisava de uma boa dose de humanidade.

— Vamos fazer o seguinte… — disse levantando o rosto de Aurora e olhando em seus olhos. — levamos o celular e filmamos os peixinhos e depois, você mostra para ele, tudo bem?

— Isa, você é fantástica!

Isabella sorriu e a abraçou sussurrando em seguida:

— Você é maravilhosa, minha princesa.

Ficaram abraçadas por um momento, enquanto Isabella tentava entender o que Lorenzo fazia com sua dor. Ao invés de buscar conforto nos braços de quem amava, ele a transformava em espinhos, em arrogância e criava muralhas para afastar a todos. Aos poucos, ele se desintegrava e isso era triste demais.

Capítulo 24 – Ecos Inesperados 1

Capítulo 24 – Ecos Inesperados 2

Capítulo 24 – Ecos Inesperados 3

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