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A Babá Virgem e o Viúvo que Não Sabia Amar romance Capítulo 26

Isabella Fernandes

Eu corri.

Ou achava que corria.

Os corredores eram longos, infinitos. A cada passo, os quadros nas paredes da mansão pareciam me observar. E, mesmo fugindo, eu sabia quem era a presença que me seguia.

Lorenzo.

Ele estava atrás de mim, firme, com a respiração pesada e a camisa aberta no peito. Seu olhar era uma tempestade, intensa, furiosa, faminta. E quando finalmente me alcançou, me prensou contra a parede fria do corredor, suas mãos enormes seguraram minha cintura com firmeza me fazendo arfar. Os olhos dele queimavam os meus. Seu rosto se aproximou lentamente, como se pedisse permissão… ou como se soubesse que eu cederia.

E cedi.

Nossos lábios se encontraram como faísca e pólvora. Meus dedos agarraram os cabelos loiros dele, e o beijo foi urgente, cheio de tudo o que havíamos evitado durante meses. A língua dele dançava com a minha em uma mistura de desejo, raiva e… necessidade. Ele me ergueu, e minhas pernas se prenderam em sua cintura.

Eu sentia.

Sentia tudo dele entre minhas coxas. O calor, a rigidez, o poder.

— Eu te quero, Isabella. — ele sussurrou, rouco. — Desde o dia em que te vi naquela maldita porta.

Meus olhos se abriram bruscamente.

A respiração estava pesada, o coração, disparado. E minha pele… minha pele ardia, como se eu realmente tivesse sido tocada.

Foi só um sonho, pensei. Mas a sensação… não passava. A boca seca, o calor entre as pernas, o torpor que o corpo inteiro ainda sentia.

Levei a mão ao peito, tentando recuperar o ritmo da respiração. Me virei na cama, tentando encontrar uma posição que me devolvesse o sono, mas foi em vão. Meu corpo gritava por algo que eu não conhecia. Levei a mão aos lábios como se pudesse resgatar o sabor e o calor que senti no sonho.

— Isabella, isso é uma loucura! — murmurei para mim mesma.

Olhei para o relógio: 3h14 da manhã.

Levantei, vestida apenas com uma camisola de cetim fino e alças finíssimas que mal cobriam os ombros. Estava suada, o tecido colava no corpo, realçando cada curva, cada detalhe que eu jamais mostraria em sã consciência.

Mas eu não estava lúcida, não depois daquele sonho.

Caminhei pelos corredores silenciosos da mansão, tentando me convencer de que era só sede. Que não era Lorenzo o motivo da minha insônia. Mas cada sombra, cada lembrança do toque imaginado, me desmentia.

Desci até a cozinha. A luz estava apagada. Toquei o interruptor e caminhei até a bancada. Abri o armário e peguei um copo, ainda com a respiração descompassada. Enchi com água gelada e levei aos lábios.

Fechei os olhos ao engolir. O líquido frio ajudava, mas pouco. Estava tão imersa no sonho, ou na lembrança dele, que não percebi que não estava sozinha.

— O que faz acordada a essa hora, senhorita Fernandes?

O susto foi tanto que o copo escapou da minha mão e se espatifou no chão.

— Meu Deus! — gritei.

Me virei e ali estava ele. Encostado na porta, Lorenzo Vellardi.

Usava apenas um robe escuro de tecido fino, amarrado na cintura, que revelava parte do peito nu e das pernas. A luz lateral realçava o contorno dos músculos, os ombros largos, os braços fortes, as veias discretamente saltadas que eu só havia notado de relance. Seus cabelos estavam levemente bagunçados, como se tivesse acabado de acordar. Ele segurava um copo com alguma bebida âmbar. Uísque, provavelmente.

Seus olhos estavam fixos em mim. Azuis como gelo, profundos como um segredo. Ele estava exatamente como no sonho.

— E se for o fogo que me aquece? — meus lábios responderam sem controle.

Ele fechou os olhos por um instante. Quando abriu, sua expressão era dura. Cruel. Como se quisesse se proteger da própria fraqueza.

— Você se acha esperta, não é? Mas é só mais uma. Como todas as outras. Olhos doces, vestidos curtos, sorrisos gentis. Só esperam uma brecha para se jogarem nos braços do patrão.

As palavras bateram em mim como um tapa. Meu rosto corou, mas não de timidez. De fúria. Ele novamente falava como se eu fosse uma oportunista. Fechei a mão com força.

— Você é um covarde, Lorenzo Vellardi.

— Sou realista.

— É um homem que se esconde atrás de ofensas para evitar sentir qualquer coisa.

Ele virou o rosto, como se minhas palavras tivessem mais impacto do que queria admitir.

— Volte para o seu quarto. — disse por fim, com frieza. — Antes que eu esqueça quem você é.

— Já esqueceu. — respondi, erguendo o queixo. — Porque, se soubesse, jamais teria me colocado no mesmo saco que as mulheres com quem se deita para apagar a própria dor.

O ar entre nós parecia prestes a pegar fogo.

Mas ele virou as costas e saiu sem dizer mais nada.

Eu fiquei ali, ofegante, com o coração em colapso. Com os cacos de vidro e de dignidade aos meus pés. Mas algo dentro de mim… não se quebrou.

Pelo contrário. Talvez tivesse começado, enfim, a despertar. E esse era o meu maior medo, eu não podia sentir algo por um homem como Lorenzo, mas não temos controle sobre nosso coração e o meu parecia estar disposto a me colocar numa grande enrascada.

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