Isabella Fernandes
Meu rosto pegou fogo no instante em que a lembrança daquele sonho caiu sobre mim com a força de um raio.
— Merda… — sussurrei, levando as mãos ao rosto como se pudesse esconder de mim mesma o que tinha acontecido.
Mas era tarde.
Aquelas imagens estavam marcadas em mim com a nitidez de um segredo sujo. Ardente. Irresistível. Elas se projetavam por trás das minhas pálpebras, dançando como sombras proibidas, me arrastando de volta para o que deveria ter sido apenas um sonho, mas parecia tudo, menos irreal.
O jeito como ele me encostava contra a parede, dominando meu corpo com aquele olhar impiedoso. O calor da sua boca explorando meu pescoço, suas mãos firmes segurando minha cintura como se tivesse todo o direito de me ter.
E as palavras… Deus, aquelas palavras.
Palavras que Lorenzo jamais diria acordado. Palavras que me quebravam por dentro justamente por isso.
“Você me provoca até quando finge que não está me olhando…”
“Abre as pernas pra mim, Isabella… mostra que esse corpo é meu também.”
“Fala que me quer. Fala, ou eu faço você gemer meu nome até perder o juízo.”
Minhas coxas se apertaram involuntariamente.
Era errado. Tão errado que doía admitir. E ainda assim, era tudo que eu queria.
Levantei da cama como se fugir fosse possível. Como se pudesse correr de mim mesma. Meus movimentos estavam tensos, inseguros, e até a camisola, que antes me parecia inocente, agora parecia zombar de mim, escorregando pelas minhas coxas como um toque indesejado que, no fundo, eu desejava mais do que qualquer outra coisa.
Caminhei até o banheiro, sentindo o coração bater acelerado, o corpo ainda em estado de alerta. Lavei o rosto com pressa. Tentei apagar os vestígios do que tinha sentido. Mas era inútil. A água escorria fria, e mesmo assim, tudo em mim queimava.
A cada gota que caía, eu só me lembrava do calor. Da boca dele, do peso do seu corpo sobre o meu, da sua voz rouca e autoritária sussurrando coisas que me faziam tremer.
Ergui o rosto para o espelho e me arrependi no mesmo segundo.
Meus olhos estavam brilhando demais. Os lábios, vermelhos como se ele tivesse acabado de me beijar. E o pescoço… parecia manchado. Como se de fato ele tivesse estado ali, me marcando com a sua presença. Como se aquele sonho tivesse sido mais do que apenas devaneio.
Fechei os olhos com força.
— Você está perdendo a cabeça, Isabella…
Mas não era só isso.
Não era só a cabeça.
Era o corpo inteiro. O coração. A respiração. O centro do meu ventre que ainda latejava com o desejo que ele tinha plantado em mim.
Como eu podia sentir tudo aquilo por um homem que me tratava com frieza? Que mal me olhava direito? Que fazia questão de manter distância? Como eu podia desejar alguém que sequer sabia se era capaz de amar outra mulher depois do que viveu?
Mas o pior de tudo era que eu sabia a resposta.
Eu desejava Lorenzo justamente porque ele era a tentação, o perigo, o proibido. O homem que todos diziam ser inalcançável. Um homem quebrado, cruel, mas que, em algum nível profundo e inexplicável, me despertava como nenhum outro.
Voltei para o quarto em silêncio, como se estivesse cometendo um crime. Meus passos eram furtivos, quase envergonhados. Eu me sentia como uma ladra.

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