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A Babá Virgem e o Viúvo que Não Sabia Amar romance Capítulo 45

A mesa da varanda estava posta com uma elegância quase cruel naquela manhã. A toalha de linho bege esvoaçava suavemente com a brisa, desenhando dobras suaves como se dançasse no compasso do desconforto que apertava o peito de Isabella. A luz do sol filtrava-se pelas copas das árvores, dourando a superfície das louças, os talheres prateados, os copos de cristal e as xícaras de porcelana fina. Tudo ali parecia perfeito.

Tudo, menos ela.

Isabella sentou-se na extremidade mais distante da longa mesa, quase como quem buscava proteção atrás da distância física, como se aquilo fosse suficiente para camuflar o turbilhão que rugia dentro de si. Suas mãos repousavam no colo, mas não estavam calmas. Os dedos se entrelaçavam, apertavam, desfaziam-se, numa coreografia silenciosa de nervosismo e vergonha.

O rosto queimava. O sangue corria quente demais. Vivo demais.

Ela sentia o calor escorrer por dentro, como se ainda estivesse embaixo dos lençóis, ofegante, arrepiada, com os dedos úmidos e o corpo ainda trêmulo de prazer. Sua mente era um cativeiro de imagens proibidas. Tudo nela gritava, mas por fora… tentava parecer sóbria, funcional, invisível.

Os olhos mantinham-se fixos em uma fatia de mamão, como se ela fosse uma âncora. Como se se concentrar nas pequenas sementes enfileiradas pudesse apagar da memória a cena que a perseguia desde o instante em que deixou o quarto dele.

A cena. O vapor do banheiro. O corpo dele, nu, suado, em transe. A mão dele. Aquele som rouco. Seu nome.

“Isabella…”

O sussurro ainda ecoava nela como um feitiço antigo. Uma invocação impura.

Ela se contraiu discretamente na cadeira, cruzando as pernas, tentando conter a eletricidade que ainda vibrava sob sua pele. Era inútil. O desejo pulsava como uma maré, vinha em ondas, cada vez mais fortes, cada vez mais perigosas.

O som de passos no piso de mármore fez com que todos os pelos de sua nuca se eriçassem. Ela não precisou olhar, sabia que era ele.

Os passos eram pesados. Decididos. Lentamente letais.

O mundo pareceu silenciar por um instante. O ar ficou rarefeito, o aroma do café recém-passado se misturou ao som dos pássaros distantes. E então, como se os céus tivessem cedido à tentação, Lorenzo apareceu na varanda.

Ele desceu os degraus com uma presença que fazia a atmosfera mudar. Trazia no rosto a máscara impenetrável de sempre, a expressão firme, o maxilar tenso, os olhos indecifráveis como o mar antes de uma tempestade. Vestia calça escura, camisa branca levemente aberta no colarinho e os cabelos ainda úmidos denunciavam o banho recente.

O mesmo banho que ela havia testemunhado em silêncio.

Isabella prendeu a respiração, afundando os dedos na própria coxa sob a mesa, como se a dor ajudasse a manter o controle. Mas o controle já havia sido rompido naquela manhã e cada segundo ao lado dele só o tornava mais inalcançável.

Ele se aproximou e sentou-se exatamente à sua frente.

O som da cadeira sendo puxada foi um estrondo dentro dela. Isabella ergueu os olhos por reflexo, e os encontrou com os dele.

Azuis. Intensos. Diretos.

Olhos que pareciam saber demais. Ver demais.

— Bom dia. — disse ele, com a voz baixa, um tanto rouca.

A mesma voz que murmurou seu nome enquanto se tocava com fome.

Ela piscou devagar, tentando se recompor.

— B-bom dia — respondeu, com a voz frágil, quase um sussurro.

Marta surgiu como uma bênção prática, trazendo a chaleira e servindo o café na xícara de Lorenzo. Ele agradeceu com um murmúrio e passou a mexer o líquido lentamente, com movimentos circulares. Cada gesto dele parecia agora conter camadas invisíveis de provocação. O modo como segurava a colher. A força nos dedos. O modo como os punhos se fechavam ao descansar sobre a mesa. Até o modo como ele respirava parecia sexual.

Ela desviou os olhos, mas o cheiro dele chegou antes de qualquer outra coisa: limpo, masculino, amadeirado. Um cheiro que ela havia inalado naquele banheiro, em meio ao vapor.

E, de repente, tudo voltava.

A mão dele, o membro duro, o ritmo dos movimentos, o gemido abafado.

Sua intimidade latejou de novo. Seu corpo o traiu, sua memória fazia seu corpo incendiar, e ela mal podia suportar a ideia de estar ali, frente a frente com o homem que desejava, o mesmo homem que a fazia gozar com um toque imaginado.

A comida no prato virou borrão e o apetite evaporou. Mas o desejo… esse crescia.

Capítulo 45 -   O Pecado Sentado à Mesa 1

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