O pedido dela caiu sobre Lorenzo como uma sentença irrecorrível. Quente. Intensa. Dolorosa.
— Me toca… por favor, Lorenzo… — a voz de Isabella era um sopro entre gemidos, carregada de desejo e entrega.
E foi nesse exato instante que ele sentiu.
O abismo.
Um precipício emocional, um vazio que se escancarava bem diante dele. Bastava um passo. Um único passo para despencar e ele sabia que, se atravessasse aquela linha, não haveria volta.
Os dedos que acariciavam sua intimidade tremeram. Não de medo. Mas de consciência. Consciência de que estava à beira de perder o controle, de deixar para trás tudo o que pensava ser, em nome de algo que o devorava por dentro. O olhar, que até então a devorava sem pudor, hesitou. Desviou-se. Apenas por um segundo. O suficiente para que a realidade o atingisse como uma rajada de vento gelado em pele exposta.
Ela era jovem, tão jovem, doce, linda, espontânea e era a babá da sua filha.
E ele… ele era um homem esculpido na dor. Que carregava nos ombros o peso de uma culpa antiga, de uma perda irreparável, de um luto mal resolvido que lhe roubava o direito de se entregar.
— Não… — ele murmurou contra a pele dela, como se dissesse para si mesmo, tentando se agarrar à razão que lhe escorregava entre os dedos.
Isabella abriu os olhos lentamente, com o corpo ainda arqueado pelo desejo, os seios subindo e descendo sob a camisola fina, os mamilos enrijecidos sob o tecido leve, os lábios entreabertos, molhados. Mas foi nos olhos verdes que ele viu o que mais doeu.
Esperança, entrega. E, logo depois… decepção.
O que Isabella viu nos olhos de Lorenzo a dilacerou por dentro. Não era apenas recuo. Era medo, dor, era desejo em combustão… e uma negação que parecia forçada, artificial. Uma negação que gritava o quanto ele também queria, mas não se permitia.
Lorenzo a encarou, como se quisesse memorizar cada traço, cada curva. Como se soubesse que, ao virar as costas, uma parte dele ficaria para sempre ali.
O silêncio entre eles era ensurdecedor.
A respiração dele era ofegante. O peito subia e descia num ritmo irregular. O rosto estava banhado de suor, e os olhos azuis… turvos, perdidos.
Então ele se afastou bruscamente. Como se tivesse sido queimado, como se o corpo dela fosse fogo vivo.
— Não… não posso… — repetiu, se levantando com um movimento abrupto. Estava pálido. A mandíbula travada. Os punhos cerrados. O olhar vidrado nela como se estivesse vendo um fantasma.
— Lorenzo…? — sussurrou ela, com a voz trêmula, confusa. — Porque está fazendo isso comigo?
Ele não respondeu.
Permanecia parado a poucos passos da cama, com o peito arfando e os olhos marejados … sim, marejados, como se estivesse lutando contra algo muito mais cruel do que o desejo. Como se a simples ideia de ceder a ela fosse capaz de destruí-lo por dentro.
Virou o rosto como um covarde. Como um homem à beira da ruína. Os maxilares cerrados, as veias saltadas no pescoço, as mãos fechadas em punhos. Lutava com o corpo, com a mente, com o passado. Mas acima de tudo, lutava contra si mesmo.
— Isso está errado… — disse, enfim, com a voz rouca, grave, sufocada, como se lhe custasse respirar.
— Errado? — Isabella repetiu, em choque. Um riso nervoso e fraco escapou de sua garganta. — Você me beija, me toca, me deixa à beira do delírio… e agora diz que é errado?
Ela se levantou lenta e deliberadamente.
A camisola, ainda erguida na altura das coxas, deixava exposta a pele que ele acabara de tocar. Os cabelos desgrenhados, os olhos úmidos, as bochechas ruborizadas. Ela parecia uma visão, sensual, crua, ferida e incrivelmente real.
— Não brinque comigo, Lorenzo… — disse ela, com a voz tremendo, não de medo, mas de mágoa. — Eu não sou uma criança. Não sou um passatempo. Não sou uma fantasia noturna para você bancar o arrependido depois.

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