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A Babá Virgem e o Viúvo que Não Sabia Amar romance Capítulo 84

A noite avançava devagar, como se o tempo também respeitasse o silêncio denso que se instalara na mansão Velardi. Após o jantar, Marco aceitou o convite de Lorenzo para um uísque no escritório. Era um espaço acolhedor, revestido por estantes altas de madeira escura, repletas de livros e recordações de viagens, mapas antigos, esculturas discretas, fotografias que emolduravam tempos distantes.

Lorenzo serviu dois dedos de um single malt envelhecido há mais de vinte anos. O líquido âmbar reluzia à luz baixa dos abajures. Entregou o copo ao amigo, mas não disse nada. Apenas se acomodou na poltrona diante da lareira apagada e tomou um longo gole do uísque, como quem buscava coragem no fundo do copo.

Marco, mais observador do que nunca, girou o líquido na taça com leveza e rompeu o silêncio:

— Vai me dizer o que está acontecendo ou prefere que eu adivinhe?

Lorenzo ergueu os olhos lentamente, e o olhar cansado e turvo de sentimentos, encarou o do amigo. Uma ruga tensa se formava entre suas sobrancelhas. Passou a mão pelo cabelo, suspirou e, por fim, disse num tom grave:

— Eu fiz uma besteira.

Marco ergueu uma sobrancelha, mas não disse nada. Apenas esperou.

— Ontem à noite… — Lorenzo começou, com a voz rouca de emoção. — Eu perdi o controle. Não com raiva. Não com violência. Mas… com desejo.

Marco ainda o encarava, atento.

— Eu beijei novamente Isabella — confessou Lorenzo, enfim, com os olhos pesando como chumbo. — Não um beijo simples… foi… foi como se eu tivesse deixado escapar tudo o que venho segurando há semanas. Beijei como um homem faminto. Como um homem que estava desesperado.

— E ela…? — Marco perguntou com cuidado.

Lorenzo desviou o olhar, envergonhado.

— Ela retribuiu. Ela sentiu… eu sei que sentiu. Eu toquei seu rosto, sua cintura… senti sua pele sob os meus dedos, Marco. E quando percebi… minha mão já estava sob o vestido dela. — A voz falhou por um instante. — Deus, ela é tão… doce, tão… pura, mas ao mesmo tempo me olha de um jeito que me desarma. Me beija com uma entrega que me destrói por dentro. E isso… isso está me consumindo.

Marco não reagiu de imediato. Bebeu um gole de uísque e apoiou o copo no braço da poltrona.

— Então você a deseja — disse, calmo.

— Desejo é pouco — Lorenzo rebateu, num sussurro tenso. — Eu a quero com uma urgência que beira a loucura. É como se cada centímetro dela gritasse para mim. Como se o perfume dela grudasse na minha pele. Eu sonho com ela. A imagino andando pelos corredores, entrando no meu quarto… — interrompeu-se, envergonhado. — Eu estou no limite, Marco. E isso… isso não pode acontecer.

— Por que não? — perguntou o amigo, direto.

Lorenzo olhou para ele como se a resposta fosse óbvia.

— Porque ela é a babá da minha filha! Porque ela é jovem demais… porque... porque sou o patrão dela! — disse, como se precisasse convencer a si mesmo.

— E? — Marco retrucou, ainda calmo. — Isso não impede você de sentir. Nem a impede de sentir também.

— Mas deveria. — Lorenzo passou a mão no rosto. — Eu já cometi erros demais. Não posso transformar Isabella em mais um deles.

Marco inclinou-se para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos.

— Lorenzo… — disse com firmeza — você acha que está protegendo quem, exatamente? A Isabella? Ou a si mesmo?

O silêncio que caiu foi espesso.

— Você está com medo, não está? — Marco continuou. — Medo de perder o controle. Medo de amar de novo. Medo de se machucar. Porque se for isso… bem-vindo ao clube dos humanos.

Capítulo 84 - Confissões à Meia Luz 1

Capítulo 84 - Confissões à Meia Luz 2

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