O sol ainda mal havia despontado no horizonte quando Isabella despertou. Seus olhos se abriram devagar, ajustando-se à penumbra suave do quarto de hóspedes, onde os primeiros feixes de luz atravessavam a persiana semi aberta. O quarto estava silencioso, mas o silêncio era incômodo. Um silêncio denso, quase palpável, como se o ar ao redor estivesse carregado de algo que não havia sido resolvido. Algo que havia sido vivido.
Ela se sentou devagar na cama, o corpo ainda sensível, os lábios entreabertos como se procurassem ar. A garganta seca, o coração inquieto. E então, como uma onda que avança sem pedir licença, a lembrança a invadiu.
A noite anterior.
O beijo. O toque. O desejo incontido.
Lorenzo de joelhos diante dela, beijando sua intimidade com uma devoção que ela jamais sonhou em experimentar. A forma como ele a fez perder o fôlego, o corpo arqueando, as mãos apertando os lençóis e os gemidos escapando sem controle. Sentia ainda o calor da língua dele, a pressão, a entrega. Como se ele quisesse provar cada parte dela, absorver o gosto da sua pele, do seu prazer. E quando ela finalmente chegou ao clímax, sentiu-o beber cada gota como se fosse o néctar mais precioso.
Isabella corou violentamente ao lembrar da própria ousadia, dos dedos trêmulos, guiados por impulso, deslizaram por cima da calça social dele, tocando a ereção quente, firme, pulsante. Sentiu a textura do tecido úmido de chuva e desejo, e ouviu o gemido baixo que escapou dos lábios dele quando murmurou com a voz rouca: "Isabella... você vai me enlouquecer..."
Levantou-se, ainda trêmula, e vestiu um cardigã por cima da camisola clara. Precisava descer, respirar, fingir alguma normalidade. Marta certamente estaria na cozinha, preparando o café, e Aurora provavelmente continuava dormindo. Mas a presença dele… do homem que a fizera se entregar com tamanha intensidade… era quase tangível.
Desceu as escadas com passos lentos, cuidadosos. No corredor, cruzou com Antonela, que a cumprimentou com um olhar perspicaz, mas gentil.
— Dormiu bem, Isabella? — perguntou, com um leve sorriso.
— Dormi… o suficiente — respondeu ela, hesitando.
Antonela apenas assentiu, mas os olhos diziam mais. Ela sabia. Ou ao menos suspeitava.
Na cozinha, Marta mexia lentamente o café na cafeteira italiana, como fazia todas as manhãs. O cheiro forte preenchia o ambiente.
— Bom dia, querida. Quer uma xícara? — perguntou.
— Quero, obrigada. — Isabella tentou soar natural.
Mas antes que pudesse sentar-se, ouviu passos atrás de si. O som grave dos sapatos masculinos. O silêncio repentino de Marta. E a aceleração do próprio coração.
Lorenzo entrou na cozinha.
Usava uma calça escura e uma camisa branca com as mangas dobradas até os cotovelos. Os cabelos ainda um pouco desalinhados, e a barba por fazer lhe dava um ar perigosamente sedutor. Mas era o olhar que mais a atingia. Azul. Profundo. E voltado unicamente para ela.
Eles se encararam.
Por um segundo que pareceu uma eternidade, ninguém respirou. A tensão entre eles era quase insuportável. O beijo ainda queimava nos lábios dela, o toque dele em sua pele latejava em memória. Isabella corou, baixando os olhos.
— Bom dia — ele disse, a voz baixa, rouca, como se ainda sentisse o gosto da noite passada.
— Bom dia — ela respondeu quase num sussurro, pegando a xícara de café com mãos trêmulas.
Marta, constrangida, virou-se para limpar o balcão com mais força do que o necessário.
— O senhor quer café, senhor Velardi?
— Não, obrigado. — Ele não tirava os olhos de Isabella.



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