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A Babá Virgem e o Viúvo que Não Sabia Amar romance Capítulo 97

A tarde caía suavemente sobre a casa dos Vellardi, tingindo de dourado as cortinas de linho e as paredes claras da sala principal. Os passos leves de Isabella ecoavam discretos pelo corredor quando ela entrou na sala de estar, encontrando Antonella sentada no sofá junto à janela, com um livro aberto sobre o colo e os óculos descansando na ponta do nariz. Ao lado, uma xícara de chá soltava vapor perfumado, preenchendo o ambiente com o aroma delicado de camomila e lavanda.

Isabella caminhava pelos corredores com passos leves e contidos, quase hesitantes. Seus dedos deslizavam pelas costuras do vestido azul claro que usava, um gesto inconsciente de nervosismo, como se o tecido pudesse acalmar o leve tremor que sentia. O coração batia rápido, em um ritmo ansioso e doce, provocado não apenas pelo que estava prestes a dizer, mas por tudo o que aquele convite simbolizava. Era mais do que um simples pedido para sair. Era uma fresta, uma pequena janela para o mundo fora daqueles muros. Um possível começo.

Ao se aproximar da sala de estar, seus olhos encontraram a figura elegante de Antonella Vellardi, sentada no sofá de veludo claro junto à grande janela envidraçada. A matriarca estava envolta em uma aura serena, como se pertencesse a um tempo que já não existia. Um livro repousava aberto em seu colo, e os óculos deslizavam lentamente pela ponta do nariz. Seus cabelos loiros estavam presos com delicadeza em um coque baixo, e ao lado, uma xícara de porcelana fumegava sobre a mesinha de apoio, espalhando no ar o cheiro reconfortante de chá com lavanda.

Isabella hesitou por um instante à entrada, ajeitando a barra do vestido simples que usava. Respirou fundo, criando coragem para dizer o que já vinha ensaiando desde o café da manhã. Quando finalmente deu o primeiro passo em direção à senhora Montanari, seu coração batia ligeiramente mais rápido, como se antecipasse uma resposta que ela nem sabia bem como formular.

— Senhora Antonella? — chamou com doçura, os olhos baixos e a voz cuidadosamente polida.

Antonella ergueu os olhos imediatamente e sorriu, tirando os óculos com um gesto calmo e atento.

— Isabella, querida. Entre. Está tudo bem com Aurora?

— Sim, perfeitamente — respondeu a jovem, aproximando-se com as mãos entrelaçadas diante do corpo. — Ela adormeceu há pouco, com a Maria. E eu… eu gostaria de lhe pedir algo, se me permite.

Antonella fechou o livro e o colocou ao lado, dando total atenção à jovem babá. Havia algo em sua postura — talvez a rigidez dos ombros ou a forma como seus olhos evitavam encará-la diretamente — que denunciava certo nervosismo.

— Claro, diga. — O sorriso da senhora era caloroso, gentil, como um cobertor macio estendido sobre os ombros de Isabella.

Isabella mordeu o lábio inferior por um breve momento antes de soltar o ar e falar de uma vez:

— Eu... — começou, mas a voz falhou. Mordeu o lábio inferior, reunindo coragem. — Gostaria de pedir algo, se não for incômodo...

— Claro, meu bem. Pode dizer.

Isabella inspirou fundo mais uma vez e soltou o ar devagar.

— Eu queria saber se... na próxima sexta, eu poderia sair por algumas horas, apenas no fim da tarde. Não seria por muito tempo, eu prometo. Maria, é claro, pode ficar com Aurora. Mas eu só queria me certificar de que a senhora não se importaria.

Antonella arqueou uma sobrancelha com leveza e se inclinou um pouco para frente, os olhos brilhando com uma pitada de curiosidade.

— Hm... Posso saber para onde você pretende ir, minha querida? — perguntou com um sorriso maroto, como quem fareja uma confidência prestes a se revelar. — E com quem?

Isabella ficou imediatamente vermelha, desviando o olhar para a janela por um instante. Um leve riso escapou de seus lábios, entre constrangimento e timidez. Ela respirou fundo novamente, procurando as palavras certas.

— O doutor Steffano... ele me convidou para assistir a um concerto. Com a Filarmônica de Florença. É... é um programa cultural. Só isso. — As palavras saíram apressadas, como se quisesse diminuir a importância do convite, embora fosse óbvio que não se tratava de um simples programa.

Antonella a observou por um momento, sem perder o sorriso. Seus olhos se estreitaram levemente, e havia algo de ternura e encantamento em sua expressão — como uma avó cúmplice que adivinha antes mesmo de ouvir a resposta inteira.

— Ora... mas é claro, Isabella. Você deve ir, sim. Maria e eu ficaremos com Aurora com o maior prazer. — Ela fez uma pausa, como se saboreasse o pensamento. — Um convite para a Filarmônica? Isso é uma ocasião especial, minha querida.

Capítulo 97 - Um Convite Inesperado 1

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