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A Babá Virgem e o Viúvo que Não Sabia Amar romance Capítulo 98

A viagem de volta da empresa até a mansão Velardi foi feita sob um céu acinzentado, prenunciando uma possível chuva. Lorenzo dirigia com uma das mãos firmes ao volante e a outra no descanso de braço, os dedos batendo devagar no couro fino. Por fora, ele era o retrato do autocontrole. Por dentro, um mar revolto ameaçava transbordar a qualquer momento.

O trânsito fluía bem, mas mesmo que não fluísse, Lorenzo não se importaria. Ele precisava de tempo. Tempo para pensar, para entender como tinha chegado até ali. Ele desejava a babá da sua filha como jamais desejou outra mulher antes e ontem a noite a tocou como um homem faminto, a beijou com intimidade, e logo em seguida, foi consumido por um medo do qual ele pensava já ter se curado há anos.

Mas não se curou.

Só de pensar nela, seu peito apertava. As lembranças da noite anterior vinham em ondas. O sabor do seu prazer, o som da respiração entrecortada, o gemido abafado pelo travesseiro, o toque hesitante, mas firme, dos dedos dela sobre sua calça, a voz rouca murmurando seu nome...

— Lorenzo, você vai me enlouquecer...

E estava enlouquecendo.

Assim que entrou pelo portão da casa, pediu que o motorista deixasse o carro próximo à entrada lateral. Não queria conversar, não queria ser anunciado. Só queria entrar e subir, tomar um banho gelado e tentar, em vão, dormir um pouco.

A casa estava tranquila.

Pela disposição do silêncio, Aurora devia estar no quarto ou brincando no quarto de jogos. Marta não estava na cozinha, provavelmente preparando algo no anexo.

Foi quando ele ouviu vozes na sala de estar.

Passos leves, uma risada abafada e a voz de Isabella. Suave, quente, familiar.

Lorenzo se aproximou devagar, sem anunciar sua presença. E parou ao escutar o nome que ecoou com mais força do que deveria:

— Então ele nos encontrou na sorveteria. Estava tão simpático com Aurora, e foi tão agradável conversar com ele — dizia Isabella, com aquela entonação gentil que derretia até a alma mais fria.

A outra voz veio em seguida. A da sua mãe.

— E ele é tão educado. Sempre me pareceu um bom rapaz. Médico, bem-sucedido, bonito… e agora ainda mais interessado em você, não é?

Lorenzo prendeu a respiração.

— Não sei, dona Antonella. — Isabella riu, um pouco sem jeito. — Ele apenas me convidou para acompanhá-lo num concerto de cordas semana que vem. Disse que ganhou dois ingressos e pensou que eu gostaria.

Antonela não hesitou.

— E você deveria aceitar. Vai fazer bem sair um pouco, respirar, distrair-se. E, se me permite dizer, querida… você é jovem, linda, doce. Não pode ficar trancada entre brinquedos, livros infantis e babás eletrônicas. Um jantar, uma música, uma boa conversa… pode fazer maravilhas.

Houve um silêncio breve.

— Não sei se é o momento — respondeu Isabella, mais baixo.

— O momento nunca é certo se a gente ficar esperando que tudo esteja perfeito — rebateu Antonela. — Às vezes, é preciso arriscar um pouco. E sinceramente? O Dr. Stephano parece encantado por você. É um bom homem, estável. Alguém que pode te dar um futuro bonito, Isabella.

Lorenzo recuou dois passos sem fazer barulho. O coração dele batia alto demais para o gosto do próprio orgulho.

Um futuro bonito.

Capítulo 98 - Um Silêncio que Dói 1

Capítulo 98 - Um Silêncio que Dói 2

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