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Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango ) romance Capítulo 263

~ Nathaniel ~

— Você fala como se Anne não tivesse escolha — disse, me recostando na cadeira para encará-lo.

Marco pausou, se inclinando ligeiramente para frente na cadeira com aquele sorriso calculado que me irritava profundamente. Havia algo no jeito dele que sugeria que estava sempre três passos à frente de todos os outros, como se fosse o único enxergando o quadro completo.

— Ela tem escolha — respondeu, ajustando a posição na cadeira. — Mas parece que algo a prende a Londres. Algo que a faz hesitar em aceitar uma oportunidade claramente melhor para sua carreira.

Ele se inclinou ainda mais para frente, estudando minha expressão um olhar penetrante. Era como se estivesse tentando ler cada microexpressão, cada pista que pudesse revelar o que eu realmente pensava.

— Esse algo seria você, Nathaniel?

A pergunta pairou no ar entre nós como uma bomba prestes a explodir. Mantive minha expressão neutra, mas internamente senti como se ele tivesse me acertado com um soco no estômago.

— Não — respondi, tentando soar convincente. — Anne é uma profissional competente que toma suas próprias decisões baseadas em critérios racionais.

Mas mesmo enquanto falava, me questionava internamente: "Sou eu, Nate? É Wanderer? Ou é simplesmente o trabalho que ela tanto ama?" A verdade era que eu não sabia mais o que realmente prendia Anne a Londres. Se era sua paixão pela função que havia conquistado aqui, se eram os sentimentos confusos que existiam entre nós como Nathaniel e Anne, ou se era a conexão íntima que estava desenvolvendo com Wanderer.

Marco riu baixinho, um som que demonstrava claramente que não estava comprando minha resposta. Ele se recostou na cadeira, assumindo uma postura ainda mais relaxada.

— Se não é você que a mantém aqui, então não vai ter problema em encorajá-la a ir para Pequim, certo? — disse, cruzando os braços. — Afinal, seria o melhor para ela.

Começou a enumerar as vantagens como se estivesse fazendo uma apresentação de negócios:

— Recomeçar longe de toda a fofoca e boatos. Preservar sua reputação profissional numa região onde ninguém conhece os detalhes sórdidos dessa situação. Trabalhar num mercado em expansão onde ela pode realmente fazer a diferença.

Fez uma pausa, me encarando diretamente.

— E também seria melhor para você. Afastaria o foco das fofocas que estão ameaçando sua própria credibilidade. Sem Anne por perto, sem essa tensão constante que qualquer pessoa minimamente observadora consegue perceber entre vocês, você poderia se concentrar no trabalho sem distrações.

Cada palavra que ele dizia fazia sentido lógico, mas me incomodava profundamente a forma como ele conseguia ser tão pragmático sobre algo que, para mim, envolvia sentimentos muito mais profundos e complicados.

— E também é melhor para você, não é? — retruquei, decidindo atacar diretamente. — Uma nova chance com a mulher que você chamou de 'diversão'?

Vi o maxilar de Marco se tensionar ligeiramente, a primeira rachadura em sua fachada controlada. Havia tocado em um ponto sensível, claramente. Ele não respondeu imediatamente, e o silêncio se estendeu por alguns segundos enquanto ele processava minha provocação.

— Meus motivos pessoais não mudam o fato de que é a decisão certa para todos — disse finalmente, mas sua voz tinha perdido um pouco daquela confiança irritante.

E então ele saiu, deixando-me sozinho no escritório com o peso de suas palavras e a realidade da situação.

Afundei na cadeira, passando as mãos pelo cabelo enquanto tentava processar tudo. Marco tinha razão em muitos pontos, e isso me incomodava mais do que eu gostaria de admitir. Anne realmente enfrentaria menos complicações em Pequim. Sua reputação estaria protegida, ela teria Matheus por perto como apoio familiar, e trabalhar na expansão asiática seria uma oportunidade de carreira genuinamente excelente.

E eu... bem, eu realmente seria capaz de me concentrar melhor no trabalho sem a tensão constante de tê-la por perto. Sem a tentação de procurar suas mensagens como Wanderer, sem a dificuldade de manter distância profissional quando tudo que eu queria era tocá-la, sem a complicação de administrar sentimentos que não deveria ter por uma subordinada.

Talvez Marco estivesse certo. Talvez Pequim fosse realmente o melhor para Anne.

A pergunta que me atormentava era: seria eu capaz de fazer o que fosse preciso por ela, mesmo que isso significasse deixá-la ir? Mesmo que isso significasse vê-la partir com Marco, sabendo que Giuseppe Bellucci provavelmente aprovaria e encorajaria um relacionamento entre eles?

A resposta deveria ser sim. Se eu realmente me importava com Anne, deveria querer o melhor para ela, independentemente do que isso significasse para mim. Mas a parte egoísta, a parte que havia gozado ouvindo sua voz na noite anterior, que se sentia completa quando lia suas mensagens como Wanderer, que se derretia cada vez que ela sorria para mim no escritório... essa parte queria lutar.

Mas olhando para o dossiê de evidências na minha mesa, lembrando da ameaça que pairava sobre nossas carreiras, considerando a realidade de que Anne poderia genuinamente ter uma vida melhor longe de toda essa confusão... comecei a me perguntar se o amor verdadeiro não seria justamente isso: ter a coragem de deixá-la ir.

Olhei para o relógio na parede. Quarenta e cinco minutos para a reunião que decidiria não apenas nossas carreiras, mas possivelmente o futuro de tudo que poderia existir entre Anne e eu.

E eu ainda não sabia qual seria minha escolha.

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