Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango ) romance Capítulo 372

~ DOIS MESES DEPOIS - MAITÊ ~

— Não esquece da prova de vestido hoje à tarde — Dominic disse, ajustando a gravata enquanto se preparava para sair. Deu-me um beijinho no rosto, daqueles beijinhos automáticos de casal que está junto há tempo demais. — Viviane vai com você.

Senti meu estômago se revirar ligeiramente ao ouvir o nome dela, mas mantive o sorriso plástico no rosto.

— Claro — respondi, forçando um tom animado.

. — E não chegue atrasada dessa vez, ok? Você sabe como Viviane fica estressada.

Ah, sim. Como eu poderia esquecer de como Viviane ficava estressada.

— Pode deixar — sorri novamente, abrindo a porta para ele.

— Te amo — ele murmurou distraidamente.

— Também te amo — menti automaticamente.

Encostei as costas na porta fechada e respirei fundo, sentindo a tensão que sempre carregava nos ombros quando ele estava por perto finalmente começar a diminuir.

— Odeio quando ele passa o final de semana aqui — Lívia comentou da sala, revirando os olhos sem nem levantar os olhos do celular.

— Certamente não odeia mais do que eu — acrescentei, me jogando no sofá ao lado dela com um suspiro pesado.

Dois meses. Havia se passado exatamente dois meses desde que voltei das Maldivas, e minha vida havia se transformado em uma farsa cuidadosamente orquestrada onde eu era simultaneamente atriz principal e prisioneira.

Quando voltei, descobri que toda a história do meu casamento cancelado havia sido completamente reescrita. A noiva que descobriu uma traição e fugiu com um desconhecido para as Maldivas? Claro que não! Essa versão jamais seria aceita pela alta sociedade paulistana. A versão oficial era que eu havia tido um colapso nervoso devido ao estresse causado pelos preparativos do casamento, passei uma semana internada em uma clínica de recuperação psiquiátrica de luxo e agora estava de volta, curada e pronta para me casar novamente dentro de três meses.

Quando tentei conversar com minha mãe sobre o que realmente aconteceu naquele dia, ela me olhou como se eu estivesse tendo outro surto. Fingia que a cena da traição nunca aconteceu, que eu nunca havia pegado Dominic e Viviane se beijando, que nunca ouvira os planos sórdidos deles. Olhava para mim com aquele sorriso condescendente de quem lida com uma pessoa mentalmente instável e mudava de assunto sempre que eu mencionava a verdade.

"Maitê, querida," ela dizia com aquela voz doce que me dava calafrios, "você precisa se concentrar no futuro, não ficar presa nessas fantasias que sua mente criou durante a crise."

Fantasias. Como se eu tivesse inventado tudo.

Quando rodeei Dominic para saber até onde ele estava disposto a me contar, ele pediu desculpas por ter "ligado tantas vezes" enquanto eu estava na "clínica". Falava sobre como tinha sido difícil para ele também, como tinha ficado preocupado, como agradecia a Deus por eu estar melhor.

E Viviane... Viviane era a cereja do bolo. Apareceu no meu apartamento no segundo dia depois que voltei, com lágrimas nos olhos e um buquê de flores, pedindo desculpas por "não ter percebido os sinais" do meu esgotamento. Se ofereceu para cuidar de todos os detalhes do novo casamento pessoalmente para evitar que eu tivesse qualquer estresse adicional.

"Eu deveria ter visto que você estava sobrecarregada," ela disse, segurando minhas mãos com aquela farsa de carinho. "Agora vou cuidar de tudo. Você só precisa se concentrar em ficar bem."

— Mas deveria fazer o teste mesmo assim — Lívia insistiu suavemente. — Primeira gaveta da direita.

Olhei para ela confusa, mas me dirigi até a pia e abri a gaveta que ela havia indicado. Lá dentro, entre produtos de beleza e remédios, havia um teste de gravidez ainda fechado.

— Comprei ontem — Lívia explicou, vendo minha expressão de surpresa. — Mas o primeiro xixi do dia é melhor, sem contar... sem contar que você não ia querer fazer na frente de Dominic.

A realidade do que ela estava sugerindo me atingiu como uma onda gelada. Durante os últimos dois meses, eu havia me forçado a não pensar nas implicações de tudo que aconteceu nas Maldivas. Tinha me concentrado apenas em sobreviver dia após dia, em representar o papel que esperavam de mim.

Mas agora, segurando aquele teste nas mãos, todas as possibilidades que havia me recusado a considerar vieram à tona de uma vez.

— Não sei se tenho coragem — sussurrei, olhando para o teste como se fosse uma bomba prestes a explodir.

— Você é pura coragem, Maitê — Lívia disse, se aproximando e colocando a mão no meu ombro. — E eu vou estar aqui com você.

Respirei fundo, olhando para o rosto da única pessoa em quem ainda podia confiar completamente. Lívia, que me conhecia desde criança, que sabia de todos os meus segredos, que estava disposta a jogar o jogo perigoso comigo para me manter viva.

Peguei o teste com determinação.