Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango ) romance Capítulo 371

~ MAITÊ ~

Mais de trinta horas. Foi esse o tempo que durou nossa viagem de volta ao Brasil, contando o voo internacional, as escalas intermináveis e as esperas em aeroportos que pareciam se arrastar por uma eternidade. E durante todo esse tempo, fomos tomados por um silêncio que sufocava.

Não era o silêncio confortável que havíamos aprendido a compartilhar durante nossa semana de paraíso. Era algo pesado, incômodo, carregado de tudo que não foi dito e de tudo que não poderia ser dito. Trocávamos apenas frases curtas e educadas - "Quer água?", "Está confortável?", "Obrigada" - mas nada além disso.

Eu podia sentir a tensão irradiando dele a cada minuto que passava, como se ele estivesse constantemente à beira de romper aquela barreira de silêncio e tentar me convencer novamente. E eu me mantinha rígida, olhando pela janela do avião ou fingindo dormir, porque sabia que se olhasse diretamente para ele, toda minha determinação poderia ruir.

A bolha de paraíso que havíamos construído nas Maldivas tinha realmente estourado. E agora éramos apenas dois estranhos dividindo poltronas em aviões, educados mas distantes, carregando o peso de uma intimidade que não poderia mais existir.

Quando finalmente desembarcamos no Brasil, o clima pesado continuou. Caminhamos lado a lado pelos corredores do aeroporto, nossas malas de rodinhas fazendo o único som entre nós, além do burburinho constante de outros passageiros ao nosso redor.

Foi quando estávamos quase chegando à saída da área de desembarque que Apolo finalmente rompeu o silêncio.

— Não faça isso — disse, sua voz baixa mas carregada de urgência. — Você não precisa voltar para essa vida. Não precisa se casar com ele. Não precisa enfrentar esses perigos.

Parei de caminhar e o encarei, sentindo uma dor aguda no peito ao ver a preocupação genuína em seus olhos.

— Eu não preciso de você para me dizer o que devo ou não fazer — respondi com uma frieza calculada, sabendo que cada palavra era como uma faca, mas também sabendo que era necessário.

Precisava ser cruel de propósito. Precisava afastá-lo sem deixar brechas, sem dar esperanças, sem criar a possibilidade de que ele tentasse me seguir ou se envolver ainda mais na minha bagunça de vida.

Ele recuou ligeiramente, como se tivesse levado um tapa, mas não desistiu.

— Você sabe que isso não é o que você quer — insistiu. — Depois de tudo que vivemos, depois de tudo que você me contou...

— O que vivemos nas Maldivas foi uma fantasia — cortei bruscamente. — E fantasias acabam quando a gente volta para a realidade.

Paramos ali, no meio do fluxo de pessoas, nos encarando em silêncio. Pude ver a dor nos olhos dele, o mesmo tipo de dor que sentia rasgando meu peito por dentro. Mas nenhum de nós verbalizou. Nenhum de nós admitiu o que estava acontecendo.

— É melhor eu sair primeiro — disse finalmente, mantendo a voz prática e lógica. — Caso estejam nos observando...

Era uma despedida disfarçada de estratégia, uma forma de tornar nossa separação lógica em vez de emocional. Mais fácil assim. Menos doloroso.

Apolo apenas concordou com um aceno de cabeça, seus olhos pesados e resignados.

Me virei para ir embora, cada passo sendo uma luta contra o impulso de voltar correndo e aceitar qualquer loucura que ele estivesse disposto a propor. Porque, no fundo, uma parte de mim ainda queria acreditar que podíamos dar certo, que podíamos encontrar uma forma de fazer aquilo funcionar no mundo real.

— Afrodite.

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