~ Christian ~
Zoey manteve o olhar fixo em suas mãos por alguns segundos, como se estivesse reunindo coragem. Finalmente, ela ergueu os olhos para encontrar os meus.
— Acho que sim — respondeu ela, sua voz quase um sussurro, enquanto caminhava em direção ao banheiro — Você está certo. Precisamos saber.
Peguei o teste na bancada, examinando as instruções impressas na embalagem. Parecia simples o suficiente. Entreguei-o a ela, recuando discretamente em direção à porta.
— Vou esperar lá fora — ofereci, pressupondo que ela gostaria de privacidade.
— Não. — Sua resposta foi rápida, quase desesperada. — Quer dizer... eu prefiro que você fique. Se não se importar.
A vulnerabilidade em seus olhos me pegou desprevenido.
— Claro. — Tentei soar casual, como se assistir minha "esposa de conveniência" fazer um teste de gravidez fosse algo completamente normal em nossa relação. — Ficarei aqui.
Virei-me de costas enquanto ela utilizava o teste, oferecendo pelo menos essa pequena concessão à privacidade. O silêncio no banheiro era opressivo, pontuado apenas pelo som ocasional da nossa respiração e o tique-taque do relógio no meu pulso.
— Agora precisamos esperar — disse ela finalmente. Quando me virei, Zoey já havia se levantado e colocado o teste sobre a bancada.
— Quanto tempo? — perguntei, olhando para o pequeno objeto plástico que parecia ter o poder de redefinir completamente nossas vidas.
— Três minutos — respondeu ela, consultando as instruções. — Diz aqui que uma linha significa negativo, duas linhas...
Ela não completou a frase, mas não era necessário. Sabíamos muito bem o que duas linhas significariam.
Três minutos. Cento e oitenta segundos que pareciam se arrastar como horas. Zoey se encostou na parede oposta, os braços cruzados sobre o peito em uma postura defensiva. Eu permaneci próximo à porta, dividido entre a vontade de me aproximar dela e o receio de tornar o momento ainda mais carregado.
— Onde está Annelise? — perguntei, apenas para quebrar o silêncio.
— Provavelmente com Marco. — Zoey forçou um pequeno sorriso. — Eles estão... se dando bem.
— Percebi. — Retribuí o sorriso, tentando aliviar a tensão. — Marco parece diferente. Quase responsável. É um pouco perturbador, na verdade.
Isso arrancou uma risada curta de Zoey, o som quebrando momentaneamente a atmosfera pesada do banheiro.
— Anne tem esse efeito nas pessoas. Ela é um caos, mas de alguma forma, organiza o caos dos outros.
O silêncio caiu novamente entre nós, mais pesado a cada segundo que passava.
— Sabe... — comecei, as palavras saindo antes que eu pudesse pensar melhor. — Se for positivo, não seria o fim do mundo.
Zoey ergueu os olhos, surpresa.
Tentei imaginar como seria – uma pequena versão de Zoey, com aqueles mesmos olhos expressivos, talvez com meu sorriso relutante. A imagem mental veio com uma clareza surpreendente, evocando um misto de terror e fascínio que eu jamais esperaria sentir.
— Imagina uma mini-Zoey correndo pela vinícola — continuei, minha tentativa de humor soando forçada até para meus próprios ouvidos. — Transformando vestidos arruinados em obras de arte, vomitando nos sapatos de quem merece.
O comentário era ridículo, completamente inadequado para o momento de tensão que vivíamos, e ainda assim – ou talvez precisamente por isso – funcionou. Zoey soltou uma risada genuína, seus ombros relaxando visivelmente.
— Você está tentando me fazer rir em um momento como este?
— Estou tentando. — Dei de ombros, permitindo-me um sorriso. — Não sou muito bom nisso.
— É terrível. — Ela sorriu de volta, balançando a cabeça. — Mas aprecio o esforço.
Consultei meu relógio. Dois minutos já haviam passado.
— Sessenta segundos — murmurei, mais para mim mesmo do que para ela.
Zoey respirou fundo, fechando os olhos por um momento. Quando os abriu novamente, havia uma determinação renovada neles.
— Independente do resultado, nós vamos lidar com isso — disse ela, sua voz mais firme do que eu esperava. — Certo?
— Certo. — Assenti, tentando transmitir uma confiança que eu não sentia totalmente.
Zoey assentiu, passando a mão pelos cabelos desgrenhados.
— Provavelmente é só um vírus, ou algo que comi.
— Mesmo assim, deveríamos verificar. — Meu tom não deixava espaço para discussão. — Vamos nos arrumar e ir ao médico. Há um excelente clínico em Porto Alegre que atende a família há anos.
Para minha surpresa, ela não protestou.
— Tudo bem. — Ela franziu a testa levemente. — Mas suas reuniões... Antônio, os investidores japoneses...
— Marco está cuidando disso.
Seus olhos se arregalaram em genuína surpresa.
— Você cancelou suas reuniões? Por isso?
— Por você — corrigi, a resposta saindo antes que eu pudesse analisá-la. — Sua saúde é mais importante.
Algo passou pelo rosto de Zoey – uma emoção que não consegui identificar completamente. Surpresa, talvez. Ou gratidão. Talvez algo mais profundo que nenhum de nós estava pronto para nomear.
— Obrigada — disse ela simplesmente, sua voz suave.
Assenti, de repente desconfortável com a intensidade do momento.
— Vou ligar para a clínica enquanto você se arruma. Tome um banho, pode te ajudar a se sentir melhor.
Saí do banheiro, deixando-a com alguma privacidade. No quarto, sentei-me na beirada da cama, o teste de gravidez negativo ainda vívido em minha mente. Um pequeno objeto plástico com o poder de mudar vidas. Ou, neste caso, de mantê-las no curso planejado.
Três minutos. Foi tudo que demorou para confirmar que nosso acordo permaneceria intacto, que os limites cuidadosamente definidos de nosso casamento de conveniência continuariam no lugar. Três minutos que, de alguma forma, pareciam ter durado uma eternidade e, simultaneamente, não terem sido suficientes para me preparar para qualquer um dos resultados possíveis.
E agora, sentado sozinho ouvindo o som distante do chuveiro, me perguntei por que a "normalidade" restaurada parecia tão estranhamente decepcionante.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango )
Bom dia. Poderiam liberar 10 capítulos diários. É complicado ler assim, tipo conta gotas. Por isso muitos desistem dos livros e partem pra outros. Pensa nisso com carinho autora....
Poxa q triste, ficou chata demais a história, nas partes da Maitê eu nem gasto mais moedas, reviro os olhos sem perceber…. Li os dois primeiros livros duas vezes, mas essa Maitê dá ânsia...
Que descaso! Comprei as moedas está dizendo que o capítulo 508 está disponível, da erro qdo eu tento liberar e ainda computa as moedas....
Maitê foi um erro na vida de Marco...
Não faz sentido o que aconteceu com o Marco! Essa é a história dele, como assim?...
Cansativo demais. Só 2 capítulos por dia. Revoltante. Coloca logo um valor e entrega o livro completo. Só vou ler até minhas moedas acabarem. Qdo terminar não vou mais comprar. Desanimadora essa situação....
Está ficando cansativo demais, só está sendo liberado 1 ou 2 capítulos por dia (hoje só o capítulo 483)...afff... Ninguém merece.......
2 capítulos por dia, as vezes 1, é ridículo!!! Isso é claramente uma forma de arrecadar as moedas!! Quem sabe, calculem um valor para a história, e seus capítulos … cobrem e liberem!!! Quem quer ler vai pagar, essa forma de liberação só desestimula quem está lendo!!! Está pessimo, além , de opiniões pessoais sobre a obra!...
Estou gostando muito das estórias ….a única coisa é que cobra as moedas e não libera o capítulo …. Já perdi umas 30 moedas com essa situação !...
Que história mais vida louca... AMEI!!!...