Cap. 141 mãe de quem?
O sol começava a se pôr quando Aurora saiu de casa.
Do escritório, Andrews — ainda mergulhado em culpa e arrependimento — ouviu Donovan comentar, com um leve pesar:
— Ela saiu, Andrews. Pegou uma bolsa e saiu sem dizer pra onde ia.
Andrews apenas assentiu, encarando o vazio, incapaz de encontrar coragem para ir atrás dela.
No entanto, uma inquietação latejava dentro dele e, pouco tempo depois, ele se viu seguindo os passos dela, mesmo sem que sua mente racional conseguisse impedir.
Donovan não discordou. Também estava preocupado que ela pudesse correr perigo novamente. Assim, seguiram discretamente, após conseguirem sua localização através do rastreador no celular.
Andrews conhecia aquele bairro, mesmo que tivesse estado lá apenas uma vez. A lembrança daquele dia era clara... e difícil de ignorar.
— Só vamos interferir se algo acontecer — avisou, observando Aurora de longe.
— Por que será que ela desceu do táxi tão longe? — Donovan perguntou, curioso.
Andrews a observava discretamente, sem precisar pensar muito.
— Não está óbvio? — respondeu, indiferente.
Aurora caminhava com determinação, mas seu coração doía. Estava cansada demais para pensar ou se importar com qualquer coisa. Parecia estar agindo no piloto automático.
Ela parou diante de um caixa eletrônico, hesitando por alguns instantes.
Sacou uma quantia considerável de dinheiro e respirou fundo ao guardar o envelope na bolsa.
Depois, dirigiu-se à pensão da tia — uma construção antiga e malcuidada, onde tantas memórias se misturavam entre dor e carinho. Enquanto caminhava até lá, tentava espairecer a mente, que parecia inerte.
Bateu à porta devagar, o envelope amassado entre os dedos, como se aquele gesto fosse uma pequena revanche contra toda a humilhação que sentia.
Aurora não viu, mas Andrews estava ali, a uma distância segura, escondido nas sombras. Observava tudo.
Viu sua fragilidade.
Viu como ela parecia pequena diante daquela porta velha.
Viu a dor em seu olhar.
Demorou, mas a tia atendeu, abrindo uma fresta e encarando-a com frieza.
— Você não é bem-vinda aqui, Aurora — disse, ríspida.
— Eu sei... mas você disse que, se eu trouxesse mais dinheiro, me deixaria ver eles, certo? Já faz tempo, e a senhora sabe que eu só não venho com frequência porque... só aceita abrir a porta.
— Ah... você trouxe? — ela perguntou, surpresa.
Aurora estendeu-lhe o envelope, que a mulher analisou com desconfiança antes de encará-la, sem reação.
— A senhora pode me deixar ver eles agora? — pediu, quase implorando com o olhar.
— Mas... — suspirou com desdém. — Pode ver quem tanto quer.
A porta se fechou com força.
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