Cap. 142: arrependimento pós ação.
Com os punhos cerrados e olhos flamejantes, ele partiu para cima de Andrews sem hesitar, desferindo um soco direto em seu rosto.
Andrews cambaleou com o golpe, mas logo se recuperou e retribuiu com igual força, fazendo o rapaz recuar alguns passos.
— não toque na minha aurora! — o homem berrou, a voz carregada de raiva.
Andrews avançou novamente, sem se controlar, enquanto aurora olhava sem reação massageando a têmpora demonstrando impaciência pelos dois atracados no chão.
— e você não encoste na minha esposa! ela não é sua! — ele esbravejou, o tom brutal rasgando o ar.
Num instante, os dois estavam no chão, rolando entre socos e empurrões, xingamentos misturados com grunhidos de fúria.
A pequena menina começou a chorar alto, assustada com a cena, aurora a pegou em seus braços enquanto donovan correu em direção aos dois homens.
A porta da pensão abriu-se violentamente, e a tia de Aurora surgiu correndo, a expressão horrorizada.
— Mas o que é isso?! — ela gritou, indo tentar separá-los. — Aurora! Que bagunça é essa?! Por que seu marido está atacando o seu irmão?!
O grito da mulher cortou a tensão do ar, Andrews congelou.
Ele se desvencilhou do rapaz e se afastou de imediato, respirando pesado, encarando a todos com expressão confusa.
— Irmão? — Andrews perguntou, a voz rouca, olhando de Aurora para o homem. — Ele... é seu irmão?
Aurora, com o rosto corado de raiva e o olhar faiscando, respondeu sem hesitar.
— Sim! Ele é o meu irmão, seu lunático! Porque sempre age com impulsividade? Qual é seu problema?
O homem ao lado dela, agora de pé, passou a mão pela boca machucada, confirmando com um resmungo irritado.
Andrews piscou, atordoado.
Ele então apontou para a menina, a voz ainda trêmula:
— E ela? — perguntou, engolindo em seco. — Ela é sua filha?
Aurora fechou os olhos por um segundo, contendo a vontade de gritar.
— Ela me chama de mãe... — disse, com um fio de voz, mas com firmeza. — Porque eu criei ela desde muito novinha. Ela é minha irmã também, não minha filha!
Andrews ficou parado, com o nariz sangrando, respirando com dificuldade.
Não sabia o que dizer.
Não sabia o que fazer.
O chão parecia ter sumido debaixo de seus pés de vergonha por ter perdido a compostura daquela forma.
A tia de Aurora, nervosa, bateu palmas no ar, chamando a atenção.
— Chega disso! Vocês querem chamar a rua inteira pra assistir esse espetáculo ridículo?
Aurora desviou os olhos, e revirou-os discretamente, sem deixar que a tia visse. Não discutiu. Apenas caminhou até o armário, pegou a velha caixa de primeiros socorros e se ajoelhou diante de Andrews com a mesma frieza com que se cumpria uma tarefa doméstica. Havia uma neutralidade estudada em seus movimentos, como se tentasse se blindar contra qualquer emoção.
Andrews permaneceu quieto. O cheiro do cabelo dela, a proximidade do corpo, o calor dos dedos, tudo aquilo o esmagava com um peso invisível. Cada toque dela, ainda que delicado, parecia puni-lo mais do que qualquer bronca. O algodão roçava sua pele com leveza, mas dentro dele, tudo doía, além da ardência do ferimento que parecia que ela estava aplicando mais álcool de proposito.
Aurora não olhou em seus olhos. Seus gestos eram práticos, eficientes, distantes. Quando terminou de cuidar do nariz machucado, levantou-se sem dizer uma palavra. Andrews pigarreou, tentando reorganizar o turbilhão de sentimentos que se misturavam à vergonha. Ajeitou a camisa amarrotada, respirou fundo e se virou para o irmão de Aurora.
— Me desculpe — disse, a voz densa, quase rouca. — Foi um mal-entendido. Eu... perdi o controle.
O rapaz hesitou. Seus olhos ainda estavam carregados de raiva, mas havia também um resquício de compreensão. Depois de um instante tenso, estendeu a mão e apertou a de Andrews. O gesto foi seco, breve, mas bastou. Era uma trégua silenciosa, sem promessa, mas um começo.
Antes que Andrews pudesse se sentar de novo, a tia de aurora o interrompeu.
— Senhor Andrews, venha comigo. Temos algo a discutir.
Sem chance de recusar, ele a seguiu pela escada estreita que levava ao último andar da pensão. A cobertura era simples, mas acolhedora, havia cadeiras de vime com almofadas desbotadas, cortinas de renda balançando com a brisa, e janelas abertas revelando o céu tingido de laranja pelo entardecer.
Assim que a porta se fechou atrás deles, a tia virou-se e foi direto ao ponto.
— Imagino que esteja se perguntando por que Aurora nunca lhe falou sobre o irmão... ou sobre a menina.
Andrews assentiu devagar, o maxilar tenso, os olhos baixos.
— você vai me contar o motivo? — ele perguntou agora mantendo o ar serio de sempre, mas por dentro ele gritava por resposta.
— bom... vou te contar toda a bagunça e todos os motivos das coisas serem assim, parece que você não sabe de nada.

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