15 – A Cozinha em Caos.
Andrews estava dormindo quando um barulho estrondeante o fez acordar em um solavanco, O amanhecer trouxe consigo um barulho ensurdecedor: panelas caindo, talheres se chocando e portas de armários batendo.
Jacy, a governanta, franziu o cenho ao ouvir a confusão na cozinha, assim como Andrews, que também saiu correndo, descendo a escadaria até chegar ao local.
— Mas o que diabos está acontecendo lá? — ela murmurou, saindo às pressas do corredor.
Donovan, que já estava tomando seu café da manhã, ergueu as sobrancelhas e largou a xícara, Ele estava tranquilo em meio àquela bagunça, já sabendo por que ela estava fazendo todo aquele alvoroço, mesmo com a mão enfaixada, que mal conseguia mover.
— Isso parece um furacão...
Encontraram Aurora em meio a um verdadeiro campo de batalha.
Panelas jogadas no chão, gavetas abertas, utensílios espalhados por toda parte, Aurora parecia um redemoinho, movendo-se rapidamente, pegando facas, tesouras e qualquer objeto cortante ou perigoso e os escondendo dentro de uma sacola.
Jacy levou a mão à boca, chocada.
— Aurora! O que você está fazendo?
Ela nem se virou, ocupada demais esvaziando outra gaveta de facas.
— Tirando tudo que pode ser usado para machucar alguém. — sua voz saiu firme, mas trêmula.
Andrews cruzou os braços, a mandíbula travada sem dizer uma palavra, mas seu olhar trazia curiosidade.
— Isso inclui você? — ele perguntou, observando-a trabalhar com apenas uma mão e, por isso, ela fazia tanto barulho.
Aurora parou por um segundo, mas não respondeu.
Donovan trocou um olhar rápido com Jacy, A jovem continuou seu trabalho, jogando dentro da sacola até mesmo os garfos mais afiados.
— Se me permite perguntar... você enlouqueceu de vez? — ele perguntou, o tom carregado de ironia.
Aurora se virou para encará-lo, finalmente, seus olhos estavam sombrios, determinados.
— Se o senhor quiser comer algo, use uma colher de pau.
O silêncio tomou conta da cozinha, Andrews estreitou os olhos, seu rosto se tornando uma máscara de desagrado.
— Você acha que pode vir aqui e ditar regras na minha casa?
Aurora apenas desviou o olhar e pegou a sacola, passando por ele.
— Apenas estou evitando que alguém se machuque... outra vez.
Andrews comprimiu os lábios, sentindo que aquelas palavras tinham um significado maior do que pareciam.
Jacy e Donovan se entreolharam, tensos.
— Aurora, querida... você está fazendo isso por causa do seu corte? — Jacy perguntou, tentando desviar o assunto, demonstrando insegurança, com medo de ele descobrir.
Aurora hesitou, apertando a sacola contra o peito.
— Digamos que estou apenas prevenindo acidentes.
Donovan limpou a garganta, desconfortável com toda aquela situação.
— E onde você pretende esconder tudo isso? Se bem que pode estar querendo vender e conseguir seu salário, mas... o que você tem aí está valendo bem uns cinco meses de salários, só uma das facas é uma antiquaria.
Aurora sentiu o estômago revirar.
— O quê?
Andrews deu um passo à frente, mantendo-se sempre com uma postura séria, mesmo em seu pijama de linho.
— Você ouviu bem, Vista-se apropriadamente, Peça um fardamento à governanta, Quero que esteja apresentável, alguns acionistas virão para uma reunião e também alguém importante virá, já que tenho que ficar vigiando você, o trabalho e minhas distrações vêm até mim. — ele comentou com um sorriso sombrio.
Aurora o encarou com incredulidade.
— Você quer que eu sirva como uma garçonete?
Ele sorriu, mas não havia humor em sua expressão.
— Engraçado você perguntar... não era isso que você queria? Trabalhar para pagar sua dívida? Pois bem, considere esse serviço uma forma de retribuição, quem sabe eles não te dão gorjeta?
Aurora apertou os punhos, sentindo uma onda de indignação subir por sua garganta.
Mas, em vez de discutir, apenas ergueu o queixo e respirou fundo.
— Como quiser.
Andrews arqueou uma sobrancelha, como se esperasse mais resistência, mas ao perceber que ela não cederia à provocação, apenas assentiu e virou-se para sair.
— Espero que faça um bom trabalho esta noite. — ele disse, e ela também se retirou.
— Andrews Westwood! — a governanta o chamou severamente, o seguindo. — Você sabe que esse jantar é importante, por que não chama o buffet como sempre faz? Isso beira o ridículo!
— Ela beira o ridículo, já que disse que pode fazer mesmo com a mão daquela forma, Eu não sou nenhum protetor de Aurora, se ela não sabe se cuidar e nem seus limites, não sou eu que vou fazer, mas fique sabendo que, se ela estragar essa noite, ela vai ter muito que se lamentar.
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Os comentários dos leitores sobre o romance: Esposa impostora e o Magnata Sombrio.