Capitulo. 173
O carro avançava pelas ruas escuras, envolto em um silêncio tenso. Aurora apertava as mãos sobre o colo, sentindo o estômago revirar a cada curva. A única iluminação vinha dos postes espaçados da estrada, como se o mundo tivesse parado no tempo.
— Ele está naquele galpão antigo, o mesmo daquela noite — Donovan disse, quebrando o silêncio. Seus olhos estavam fixos na estrada, mas seu maxilar tenso denunciava a gravidade do que vinha a seguir.
Aurora virou-se para ele, franzindo a testa.
— Mas... ele não tinha ido lá para fazer um acordo? Aquele lugar não é usado para isso? — aurora perguntou confusa sem saber pelo que se preocupar.
Donovan hesitou por um segundo. Então, falou com a voz firme, mas carregada de pesar.
— Não, Na verdade, naquele dia em que você apareceu, Andrews tinha planos diferentes para aquele homem afinal... ele tinha tentando o matar, você salvou um homem sem perceber. E desde aquele dia, Andrews mudou. Disse que precisava parar de ser tão radical com as pessoas.
Mariana, ao lado de Aurora, completou em voz baixa, como se as palavras lhe pesassem na língua.
— Desde que ele matou o próprio pai para salvar a mim e à minha mãe… Andrews nunca mais foi o mesmo. Achamos que ele estava melhorando, mas... talvez aquilo só tenha revelado quem ele pensou que era melhor fazer.
Aurora sentiu um nó apertar em sua garganta.
— Do que vocês estão falando?
— Andrews tem um instinto de proteção que beira a loucura — Donovan respondeu. — Ele faz as coisas do jeito dele. Sozinho. E perigoso. Quando soube do seu padrasto e o que ele tinha feito com você, desde então ele começou a planejar tudo com cuidado…
— Agora ele pagou policiais para entregar o seu padrasto a ele — Mariana revelou, com os olhos marejados. — E estão os dois lá dentro. Sozinhos.
Aurora ficou sem fôlego.
— Ele não pode... mesmo que ele mereça, como Andrews vai ficar depois?.
— Exatamente. — Donovan assentiu. — E eu não posso impedi-lo. Não depois que ele entra naquela escuridão. Ele não ouve ninguémao menos sei que ele te ouve.
O carro freou diante do galpão. O local estava abandonado, com paredes metálicas corroídas e marcas do tempo. A única luz vinha de dentro, tênue, oscilante, como se nascida do inferno.
Aurora desceu do carro antes que ele parasse por completo. Mariana e Donovan a seguiram, mas sabiam que ali, ninguém mais teria voz, apenas ela.
Ela empurrou as portas com força, que rangeram como um grito no silêncio da noite. O ar ali dentro era denso, com o cheiro metálico do sangue impregnando tudo.
E então ela viu.
Seu padrasto estava no chão, ensanguentado, os braços cobertos de hematomas, o rosto irreconhecível. Em um canto do galpão, Janete, estava amarrada a uma cadeira, a boca amordaçada, o corpo tremendo enquanto lágrimas escorriam de seus olhos. Ela observava tudo em pânico, presa à cena como uma refém da própria história.
Ele ainda não baixava a arma.
Mariana e Donovan observavam da porta, em silêncio, como se qualquer movimento pudesse quebrar o feitiço frágil que Aurora tecia com palavras e dor.
— Me dá essa arma, Andrews. — ela estendeu a mão. — Deixa isso acabar aqui.
Ele olhou para a mão dela. Para os olhos. E por um momento, ele não era o homem coberto de sangue... era apenas Andrews. Perdido. Quebrado. Tentando amar do jeito que sabia.
A arma caiu no chão com um estrondo metálico. Ele deu um passo atrás. Outro. E então caiu de joelhos, o rosto escondido nas mãos trêmulas, o corpo inteiro sacudido pela culpa, ao perceber as mãos manchadas de sangue.
— está tudo bem.. — aurora suspirou o abraçando. Enquanto Donovan analisava o padrasto e Janete que estava em pânico.
— vamos resolver isso e limpar a bagunça, o homem ainda está vivo. — avisou Donovan pegando o telefone. — aurora, você deve levar Andrews para casa.
Aurora saiu com Andrews enquanto mariana desamarrava Janete e a levava para fora também, em seguida voltando.
— O que vai fazer com ele? — mariana perguntou.
— Gente demais, coisas demais para acobertar, vocês não vão mais saber deles quando meus homens chegar. — ele avisou indiferente enquanto colocava uma luva de couro, mariana engoliu em seco e saiu correndo para fora, apesar de simpatizar com donovan, ela sabia quem ele exatamente era e como era e o perfil dele poderia ser ainda pior que o de Andrews e esse era um dos motivos para Andrews o manter como braço direito, alguém que poderia fazer todo o trabalho sujo sem pestanejar.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Esposa impostora e o Magnata Sombrio.