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Esposa impostora e o Magnata Sombrio. romance Capítulo 64

Cap. 63 Segredos e Reviravoltas

Alice baixou a cabeça e suspirou. Um sorriso desconcertado surgiu em seus lábios.

— Olha, Andrews... descubra por você mesmo. Aurora é uma boa pessoa, então não pense coisas ruins dela. Porque... ela está sempre se punindo por causa do passado, e eu me sinto culpada por isso. Mesmo que eu também tenha sofrido, ela tem carregado pesos que nem mesmo eu gostaria de falar.

— A tia dela a odeia?

— Não viu? É exatamente isso. Nenhum deles gosta dela.

Andrews franziu o cenho, ficando ainda mais confuso.

— O que aconteceu para ela ser odiada assim? Você viveu com ela desde sempre, não viveu? Então me diga!

Alice hesitou. A lembrança do passado pesava em sua mente, mas ela não queria ser a pessoa a revelar tudo. Suspirou, desviando o olhar.

— Saímos juntas do internato, mas eu estava com ela e crescemos juntas. Quando entrei lá, Aurora já estava. — Ela começou, a voz hesitante. — Mas, diferente dela, eu não tinha para onde ir. Tinha sido abandonada após a morte dos meus pais. Ela me acolheu mesmo tão pequena e me adotou como se fosse minha irmã mais velha. Então, quando finalmente os portões se abriram para ela, Aurora me levou para sua casa. Aurora estava tão feliz por ver a mãe depois de anos... Mas as coisas não eram como pareciam. Foi complicado, muito complicado.

Andrews não desviou o olhar. Seu peito apertava com a sensação de que havia muito mais por trás da história de Aurora do que ele imaginava.

— Mas ela ainda amava estar em uma família. Amava estar com as pessoas que eram sua família e lutar por elas, mesmo que isso significasse ignorar as próprias necessidades — Alice continuou, sua voz ficando mais baixa.

Andrews apoiou os cotovelos na mesa, esfregando o rosto com as mãos. Nada fazia sentido. Cada peça parecia se encaixar e, ao mesmo tempo, se contradizer.

— Alice, o que aconteceu de tão grave para que Aurora seja odiada desse jeito? — Ele pressionou, seu tom carregado de frustração.

Alice fechou os olhos por um momento e respirou fundo. Quando os abriu novamente, sua expressão estava carregada de um peso que Andrews não conseguia decifrar.

— Eu não vou falar sobre isso. Não agora — ela disse firmemente. — Mas você precisa tirar Aurora do campus. Não deixe que ela fique por aqui nem que saia por aí trabalhando em todos os lugares. É perigoso, só isso que posso te dizer. O que você está perguntando tem a ver comigo e com Aurora, e por isso eu não consigo tocar no assunto.

Andrews estreitou os olhos, cruzando os braços.

— Vocês complicam as coisas. O que você quer? Dinheiro? — perguntou, sorrindo de forma cética.

Alice não respondeu. Apenas olhou para ele, séria, e levantou-se.

— Descubra por você mesmo, Andrews. Mas faça isso antes que seja tarde demais.

Ela saiu sem dizer mais nada, deixando Andrews sozinho, imerso em pensamentos confusos e uma inquietação crescente. Algo estava errado, muito errado... E ele precisava descobrir a verdade sobre Aurora a todo custo. Mas naquele momento, não teve escolha a não ser seguir para casa.

A manhã começou fria, com uma leve garoa tornando o campus da universidade ainda mais cinzento. Aurora terminava de dobrar algumas roupas quando ouviu três batidas firmes na porta. Alice, que ainda estava se espreguiçando na cama, trocou um olhar com ela antes de Aurora caminhar até a entrada e girar a maçaneta.

Do outro lado, a diretora da universidade a observava com um olhar sério, mas não hostil. Seus olhos cansados transmitiam certa pena, mas sua postura rígida deixava claro que não estava ali para conversas amigáveis.

— Senhorita Aurora, preciso falar com você. — Sua voz soou grave, firme.

Aurora já suspeitava do que se tratava, mas ainda assim sentiu o corpo ficar tenso. Ela apertou os olhos, encarando Alice furtivamente, como se não quisesse que ela soubesse.

— Sim?

A diretora suspirou.

— Sua matrícula foi suspensa por falta de pagamento. Você precisa desocupar o dormitório imediatamente.

Todas as meninas ali dentro petrificaram. O silêncio que se seguiu foi esmagador. Aurora manteve o rosto inexpressivo, mas Alice se levantou num salto, os olhos arregalados em indignação.

— O quê? Como assim? Assim de repente, logo agora que ela voltou? — perguntou, batendo o pé.

— Na verdade, isso foi algo já previsto. Aurora tem parcelas em atraso.

— Ela tem um prazo, não tem? Após o primeiro aviso? — perguntou esperançosa.

A diretora olhou para Alice e respondeu com um tom paciente, mas definitivo.

— Eu já dei o prazo. Foram quatro meses sem pagamento. Eu a deixei permanecer porque entendo sua situação e porque ela era uma atleta valiosa para a universidade, mas não posso mais segurar isso. Não sou dona deste lugar.

Alice cerrou os punhos, como se estivesse pronta para discutir até o fim.

— Minha mãe precisava… e minha tia também. Eu achei que conseguiria resolver isso depois, mas não tenho como já que fiquei tanto tempo sem trabalhar.

Alice se jogou sentada na cama, segurando a cabeça entre as mãos.

— Você é impossível, Aurora! Como você pode ser tão… tão…

Ela não conseguia nem encontrar a palavra certa.

Aurora sorriu de leve, um sorriso cansado.

— Não precisa ficar assim. Isso não é o fim do mundo.

Alice levantou a cabeça, os olhos brilhando de frustração.

— Não é?! Você não tem mais um lugar para dormir, Aurora! Você não tem para onde ir!

Aurora ficou em silêncio. Alice respirou fundo, tentando se recompor.

— Você vai voltar para casa? Para sua família?

Aurora finalmente parou de dobrar as roupas e olhou para ela.

— Eu não tenho uma casa, esqueceu?

Alice sentiu um aperto no peito.

— Droga, Aurora…

A garota apenas sorriu de novo, mas dessa vez, seu olhar carregava uma tristeza difícil de esconder.

— Vai ficar tudo bem. Já passamos por coisas piores, esqueceu?

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