Cap: 66 Uma Mentira Conveniente
Aurora entrou no hospital às pressas, mal conseguindo respirar. O corredor branco parecia se estender infinitamente enquanto ela tentava encontrar o quarto dele.
Seus pensamentos estavam uma bagunça. O coração batia tão forte que parecia que ia sair pela boca. Rodrigo tinha dito que Andrews estava em estado grave. E se fosse tarde demais?
Pediu o nome dele na recepção, se apresentando como esposa, mas não fez mais perguntas. Apenas correu até o quarto.
Quando finalmente entrou, sentiu o estômago revirar. Lá estava ele. Deitado na cama. Pálido.
Os fios de cabelo escuros caíam sobre sua testa. Nenhum aparelho estava ligado a ele. Nenhum sinal vital aparente.
Por um momento, o medo a dominou. Rodrigo não tinha dado detalhes sobre o estado dele. E se…?
Aurora cambaleou para trás, os olhos marejados. Andrews não se mexia e parecia nem estar respirando. Sua pele estava tão pálida…
— A culpa é minha... eu deveria ter voltado para casa... — ela balbuciou, caindo sentada na cadeira ao lado da cama, o coração apertado em dor. — Por favor... eu sinto muito, eu deveria ter cuidado de você… mesmo você sendo rabugento... eu devia ter cuidado de você...
As lágrimas escapavam antes que pudesse segurá-las.
Foi então que ouviu uma voz rouca e viu os olhos vagos dele se abrirem.
— Quem disse que eu quero que você cuide de mim? — Andrews resmungou, antes de encarar o teto, vendo tudo girar como se estivesse embriagado.
O coração de Aurora quase saiu pela boca.
Ela se levantou tão rápido que quase perdeu o equilíbrio, tropeçando no próprio pé e se segurando no batente da porta antes de correr para ele.
Andrews estava acordado. E a olhava com uma expressão confusa.
— Você não morreu?
— Eu estou muito bem — respondeu ele, franzindo a testa, como se achasse óbvio.
Aurora piscou várias vezes, tentando processar a cena absurda diante dela.
— Mas… Rodrigo… — Ela franziu a testa, enxugando uma lágrima no rosto com a manga da blusa. — Ele disse que você teve um acidente horrível… que estava à beira da morte!
Andrews soltou um suspiro longo e passou a mão pelo rosto, demonstrando impaciência.
— Eu só tomei medicamentos demais e acabei tendo uma overdose leve. Fizeram uma lavagem estomacal e pronto... fodido em folha, satisfeita?
Aurora abriu e fechou a boca várias vezes, parecendo um peixe fora d’água.
— Só uma overdose?! — Sua voz saiu aguda, uma mistura de indignação e incredulidade. — Isso é sério, Andrews!
— Como assim só uma overdose? Eu quase morri, de certa forma — ele disse, cético.
Ele apenas deu de ombros.
— Não foi nada demais. Só o resultado de uma medicação sem prescrição médica.
Aurora arregalou os olhos, sentindo uma mistura caótica de alívio, raiva e vontade de esganar alguém… de preferência Rodrigo.
— Você tem noção do que eu passei nos últimos trinta minutos?!
— Não, mas parece que foi algo intenso. Você está parecendo uma morta-viva.
— Intenso?! — Ela jogou a bolsa no chão. — Eu quase morri de pânico! Saí correndo da faculdade, perdi um sapato no meio da rua porque desci antes, já que o carro travou em um engarrafamento, quase fui atropelada por um ciclista que me xingou de lunática, tropecei na escada do hospital e chutei sem querer um carrinho de soro! E tudo isso por uma overdose leve?!
Andrews piscou.
Sem hesitar, ela o empurrou com força.
Rodrigo deu um passo para trás, pego de surpresa.
— Ei! O que foi isso?!
Aurora estava fervendo de raiva.
— Você não deveria brincar com esse tipo de coisa!
Rodrigo ergueu as mãos em um gesto de rendição, um sorriso cínico nos lábios.
— Calma…
— Não me peça calma! — Ela apontou o dedo para ele, os olhos faiscando. — Você me fez acreditar que Andrews estava à beira da morte!
Rodrigo soltou um suspiro, mas não demonstrou arrependimento.
— Funcionou, não funcionou?
Aurora sentiu o sangue gelar.
— O quê?
— Você veio correndo, sem pensar. — Ele inclinou a cabeça, um sorriso de canto surgindo. — Significa que você se importa mais do que quer admitir.
Aurora abriu e fechou a boca, incrédula.
Atrás dela, Andrews observava a cena em silêncio, sem expressar nenhuma opinião.

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