Cap. 68: O orgulho fala mais alto.
Aurora voltou para a universidade como se o mundo estivesse sobre suas costas, de tão exausta que estava, enquanto seu estômago roncava. Em seguida, se lembrou da mansão de Andrews.
— Por que estou lembrando daquele lugar justamente quando estou com fome, se passei por tantas coisas ruins lá? — ela resmungou para si mesma.
Seguiu para o quarto e, sentada na cama, abraçou os joelhos. O alívio tomou conta de seu corpo só de saber que Andrews estava bem, mas isso não apagava a frustração de ter que ir embora do lugar que mais gostava. Seus devaneios foram interrompidos quando Alice entrou animada, quase aos pulos, difícil de entender.
— O que aconteceu de tão bom? — Aurora perguntou, desanimada.
— Pronto. Você não vai precisar sair da faculdade. — Ela avisou, dando pulinhos.
Aurora franziu a testa.
— O quê?
Alice se sentou ao seu lado, segurando suas mãos.
— Eu paguei as parcelas atrasadas com as minhas economias. Agora você só precisa se preocupar com as próximas.
O coração de Aurora apertou.
— Alice… — Sua voz saiu embargada. — Você não podia ter feito isso! Por que continua usando seu dinheiro?
— Eu podia usar. — Alice sorriu. — E fiz.
Aurora abaixou a cabeça, sentindo a culpa pesar sobre seus ombros.
— Eu já te devo tanto… mais do que dinheiro, você sabe. E sabe ainda mais que não gosto que se envolva financeiramente comigo.
— E eu faria tudo de novo, se fosse preciso. — Alice apertou suas mãos. — Você precisa parar de carregar o mundo sozinha, Aurora. Além disso, você tem mais despesas que um adulto normal, e olha que nem são com você. Não custa nada eu te estender a mão em meio à dificuldade, enquanto o restante quer te explorar, certo?
Aurora respirou fundo, segurando as lágrimas.
— Eu não quero que ninguém sinta pena de mim…
Alice sorriu com ternura.
— Não é sobre pena, é sobre amizade.
Aurora fechou os olhos por um instante, tentando processar tudo. Alice então se levantou e pegou o celular.
— Agora, faz um favor para mim: desmancha essa cara e pensa na sua vida. Imagina, você está casada com um cara lindo… perturbado da cabeça, é fato, mas lindo. Você deveria aproveitar isso.
Aurora ergueu os olhos.
— Ele ser bonito não significa nada!
Alice sorriu, travessa.
— Volta para a mansão. As coisas podem melhorar para vocês. Percebi que você se preocupa com ele mais do que queria. Então, aproveita, se apaixona e curte isso. Não vai doer. Afinal… você é linda e inteligente, pode muito bem conquistar um homem como Andrews Westwood.
— O quê? Eu ouvi direito? Aurora quer conquistar Andrews Westwood? — uma das meninas perguntou, de olhos esbugalhados.
— Não é isso! Eu nem gosto desse homem. — Ela comentou, mas a menina apenas levantou o polegar para ela.
— Seria bem-sucedido. Afinal, você é muito bonita, mas… Andrews é casado. — Ela suspirou, desapontada. — E até seus problemas seriam resolvidos facilmente.
— Eu não tenho interesse nesse tal Andrews.
— Como não? Todas nós temos! Afinal, ele era um solteirão bem cobiçado. Não sei por que se casou tão de repente. Com certeza ele deve ser um marido excepcional. Deu para ver pelas fotos que ele trata sua esposa de forma magnífica, sempre segurando a mão dela e lhe dando as melhores roupas. Quando ele se apresentou revelando que nunca esteve em uma cadeira de rodas, todos vibraram, e como ele era ainda mais atraente! Sua fama de frio e implacável logo se dissipou. — Ela comentava, suspirando.
— Isso não significa que você precisa se destruir no processo.
— Eu não estou me destruindo. Eu só estou… fazendo o que precisa ser feito.
— Então, pelo menos deixa que eu te ajude.
Aurora tocou a mão da amiga com carinho.
— Você já ajudou. E muito.
Alice balançou a cabeça, ainda contrariada.
— O que você vai fazer agora?
Aurora respirou fundo.
— Vou procurar um emprego de meio período. Alguma empresa grande, algo que possa me ajudar financeiramente sem afetar os estudos.
Alice arqueou uma sobrancelha.
— Você realmente acha que vai conseguir trabalhar e estudar ao mesmo tempo, com tudo que já carrega nas costas?
Aurora sorriu, mas seus olhos estavam tristes.
— Eu preciso tentar. Enviei o meu currículo e o seu. Quem sabe nós duas não conseguimos algo além de servir mesas em uma boate promíscua?
Alice não respondeu de imediato. Em vez disso, pegou o celular e saiu do quarto por um momento.
— Bom… Ele me pediu muitas coisas. Por que não pedir a ele mais um favor, já que ele é melhor amigo do quase dono da cidade? — ela se perguntou enquanto caminhava para o pátio.

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