Cap: 69 Aurora é injustiçada.
Ela juntou coragem e finalmente fez a ligação. Rapidamente, ele atendeu.
— Rodrigo? — Sua voz soou como se estivesse sem fôlego.
— Que surpresa. Você entrou em contato mais cedo do que eu poderia esperar.
— Você disse que ajudaria no que fosse preciso, certo?
— Isso mesmo. Quais os próximos passos de Aurora?
— Aurora está procurando um emprego de meio período. Mandou o currículo para diversas empresas e uma delas é a de Andrews, mas ela não tem ideia. Ela nem sabe nada sobre os negócios.
Do outro lado da linha, Rodrigo riu baixo.
— Claro que está. Ela prefere morrer a pedir ajuda, mas também admiro sua devoção em se esforçar.
— Você pode fazer alguma coisa?
— Vou resolver isso em breve. Você disse que ela mandou o currículo para várias empresas. Tenho alguns contatos, então isso tornou tudo mais fácil.
Alice sorriu de leve.
— Ótimo.
Aurora, por sua vez, ainda estava presa à tela do computador, pesquisando sobre empresas na cidade. Mas, em nenhum momento, sentiu interesse em saber quais eram os investidores ou associados delas. Apenas buscava informações sobre salários e vagas, até que sua atenção foi tomada por uma ligação.
— Tio, aconteceu algo? — Ela perguntou ao atender de imediato, suas mãos tremendo involuntariamente com receio.
— Na verdade, você não veio ao hospital desde que as despesas foram pagas. Sua mãe quer te ver.
— Tem certeza de que ela quer? Você pode avisá-la que... eu não tenho dinheiro agora?
— Aurora... temos um problema maior agora. Sua mãe está tentando reaver o dinheiro que foi pago para a terapia intensiva dela, mas ela precisa desse tratamento para voltar a andar. Por enquanto, ela precisa usar cadeiras de rodas.
— Ah... verdade. Ainda tem que comprar a cadeira de rodas... — Ela suspirou com a voz cansada.
— Do que está falando? Não foi você que mandou a cadeira de rodas que ela recebeu? Ela já tem.
— Está dizendo que ela recebeu uma?
— Sim. Você não sabia?
— Não... Mas quem deu?
— Não sei. A enfermeira apenas deixou aqui, dizendo que ela tinha recebido de presente. Ainda assim... sua mãe está furiosa. Ela... Olha, é sobre aquele dinheiro. Apenas venha resolver isso.
— Estou indo! — Ela avisou às pressas, deixando tudo para trás. Mas aquele dia já tinha sido longo demais, e agora, mais uma vez, ela estava saindo como se fosse o fim do mundo.
Assim que chegou ao hospital, Aurora sentia como se um novo peso tivesse caído sobre ela. Sua respiração estava pesada e sua visão, muitas vezes, perdia o foco enquanto caminhava em direção à ala onde sua mãe estava internada. Apertando as próprias mãos e massageando o dorso, engolia em seco várias vezes até que alguém tocou seu ombro, fazendo-a despertar.
— Tio? — Sua voz tremeu ao erguer o olhar, encontrando a expressão gentil de seu tio.
— Está tudo bem. Você tem que respirar e ser forte, está bem? — Ele disse, tentando acalmá-la, como se houvesse algo errado.
— Onde está a minha mãe?
— Eu consegui mandá-la para o quarto. Mas você conhece bem sua mãe, ela é complicada o suficiente. Não se culpe, mesmo que ela continue dizendo coisas ruins. — Ele pediu. Naquele momento, ele a olhava de maneira estranha, apreensivo.
— O que foi? — Perguntou Aurora, sentindo um frio na barriga.
O tio desviou o olhar.
— Só fique bem.
— Isso não é verdade... Aquilo foi um acidente... — Ela abaixou a cabeça, envergonhada.
A mãe riu sem humor.
— Não? Você quer me dizer que é coincidência? Que você saiu no jornal como a amante de um homem?
Aurora apertou as mãos em punhos, tremendo, ao mesmo tempo desejando que ela não tivesse visto a outra notícia corrigindo o erro e contando que ela era a esposa de Andrews.
— Eu nunca faria isso, mãe.
— Não minta para mim! — A mulher gritou. — Se você já era assim, então nunca deveria ter estragado minha vida com suas mentiras!
Aurora deu um passo para trás, sentindo o chão desaparecer sob seus pés.
— O… quê?
— Meu marido! — A mãe cuspiu as palavras. — Você sempre disse que ele tentou algo contra você e sua amiga! Mas agora está claro que nada do que aconteceu foi verdade. Você sempre foi uma mulher fácil! Nunca deveria ter voltado para casa!
A dor bateu como um soco no estômago. Novamente, suas mãos tremiam nervosamente, e ela sentia como se tudo estivesse desabando ao seu redor.
Aurora cambaleou para trás, sentindo lágrimas escaldantes escorrerem pelo rosto.
— Você está dizendo que… eu sou a culpada? Por que sempre diz que sou culpada se alguém sofreu por minha causa? Tentando me salvar? Você nunca me ouviu, dava mais valor à conduta falsa de um homem do que à proteção da própria filha. Você! Você... — Sua voz sumiu enquanto sentia como se seu coração fosse parar.
— Sim! — A mãe gritou. — Você destruiu minha vida! Assim como faz com a vida de todos que ficam perto de você!
Aurora sentiu o ar sumir dos pulmões. Sem pensar, virou-se e saiu do quarto às pressas.
Donovan havia chegado há alguns minutos. Ele ia frequentemente ao hospital para ter atualizações sobre a mãe de Aurora e acabou chegando no exato momento em que encontrou Aurora andando desesperada pelos corredores. Ele a seguiu e, naquele momento, acabou ouvindo toda a conversa desde o início.
Aurora não conseguiu ficar nem mais um segundo no quarto com sua mãe. Era sempre assim, todas as vezes. Mesmo quando estava ali para dar suas economias à mãe, recebia apenas desprezo em troca.

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