Cap. 81: Um assedio e um pulso quebrado.
— Os papéis, senhor... — Aurora comprimiu os lábios, sentindo um nervosismo que caía sobre seus ombros como o peso de uma tonelada.
No entanto, em vez de simplesmente pegar os documentos, ele segurou sua mão por um instante, como se estivesse tentando prolongar o contato. Aurora se encolheu e, instintivamente, afastou a mão, desconfortável.
— Desculpe, eu... não foi minha intenção... — ele tentou se justificar, mas o desconforto já estava estampado no rosto de Aurora.
— Obrigada.
— Eu estive pensando, Aurora... Você tem trabalhado bem desde que chegou e sabe lidar com documentos. O que acha de ser minha assistente? Você pode ganhar alguns extras também, não se interessa? — ele sugeriu, sentado de forma relaxada na cadeira. Mas ela mantinha o olhar longe dele, sentindo repulsa.
— Não, senhor. — Ela manteve a cabeça baixa.
— Não? Você acha que vai conseguir crescer rapidamente apenas se esforçando e fazendo mais do que o seu trabalho? Além disso, você tem cara de quem está acostumada a viver do bom e do melhor. Não é assim que mulheres bonitas como você são? Acostumadas com a vida fácil?
Ela ergueu o olhar, firme, sem palavras. Em seguida, se afastou rapidamente, voltando ao seu trabalho. Alguns funcionários observavam à distância, mas ninguém ousou comentar ou se intrometer. Aurora sentiu uma onda de desconforto percorrer seu corpo. Ela sabia que, por mais que tentasse ignorar, aquela situação só pioraria.
O almoço passou rapidamente, mas Aurora não se juntou aos outros, ainda mais sabendo que o líder da equipe a observava sempre que ia à cantina. E, na primeira oportunidade, tentava sentar-se ao seu lado como se fossem íntimos. Para evitar qualquer boato, em vez de almoçar, ela preferiu continuar suas tarefas, principalmente na limpeza.
A sensação de estar ocupada e no controle das pequenas coisas ajudava a manter sua mente afastada de tudo o que a incomodava. Enquanto esfregava o chão do banheiro, tentando se concentrar na tarefa, seus pensamentos estavam distantes, quase como uma fuga do que acontecia ao seu redor.
Foi nesse momento que o mesmo homem, o líder da equipe, entrou no banheiro. Ele a observou por um momento, como se esperasse algo. Aurora, sem notar sua aproximação, continuou sua limpeza, até que, de repente, sentiu as mãos dele a segurarem por trás. Ela congelou por um instante, surpresa, e então ouviu a voz dele sussurrar com um tom quase sedutor:
— Eu poderia te pagar bem... Se você me servir um pouco mais...
Aurora sentiu uma onda de revolta e repulsa tomar conta de si. Sem hesitar, virou-se rapidamente, usando o reflexo de anos de treinamento para se defender. Com um movimento rápido e preciso, torceu o braço dele, imobilizando-o antes que pudesse reagir. A pressão sobre o pulso aumentou, e ela o empurrou contra a pia com força, fazendo-o gritar de dor após bater involuntariamente o pulso na borda, como se fosse apenas um graveto quebrando.
— Não me toque! — ela gritou, a raiva e o medo transbordando em sua voz, agora o agarrando pela gola, enquanto ele segurava o próprio pulso como se tivesse virado gelatina.
Ele tentou se desvencilhar, mas a dor era insuportável, e o homem mal conseguia se manter de pé. O choque em sua expressão era evidente, como se nunca tivesse esperado que alguém como Aurora reagisse daquela forma. Ele não conseguiu fazer nada além de gritar.
O barulho da sua agonia ecoou pelo banheiro feminino, e os passos rápidos de outros funcionários começaram a se aproximar. Aurora não se moveu, seus olhos fixos no homem que, agora, estava em uma posição de fraqueza. Ela o soltou com um empurrão final, mas não se afastou imediatamente.
— Não tente isso novamente. — Sua voz saiu baixa, mas carregada de um aviso claro.
Para Aurora, aquele episódio tinha sido apenas um acontecimento comum. Assim, seguiu para a empresa ao lado de Alice como se fosse apenas mais um dia casual. As duas estavam paradas em frente ao elevador, esperando que abrisse, mas antes mesmo de ele chegar, uma voz firme e carregada de autoridade ecoou pelo ambiente:
— É ela! — O líder da equipe apontou diretamente para Aurora, ao lado de seu superior imediato. — Essa mulher é perigosa para a empresa!
Aurora parou de imediato. Seu coração acelerou, e sua respiração ficou presa na garganta. Todos ao redor se viraram para olhar a cena.
— O que está acontecendo? — Alice perguntou, surpresa, olhando de Aurora para os homens.
O líder da equipe segurava o braço imobilizado com uma tipoia, e sua expressão misturava dor e indignação.
— Ela me atacou sem motivo algum! — Ele acusou, elevando a voz para que todos ouvissem. — Eu só queria ajudá-la, fui educado, e de repente ela me torceu o braço e o quebrou! Eu estava tentando ser gentil, e foi assim que ela retribuiu! Imaginem quantas pessoas ela vai agredir sem motivo?
Um burburinho começou entre os funcionários, todos cochichando e trocando olhares confusos. Aurora sentiu o rosto esquentar. Sua garganta ficou seca, e sua mente, nublada.
— Aurora, e agora? — Alice perguntou em um tom mais baixo, preocupada.
Aurora não conseguiu responder. Manteve a cabeça baixa, sentindo os olhares pesarem sobre ela. Então, o superior cruzou os braços e soltou um suspiro impaciente.

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Os comentários dos leitores sobre o romance: Esposa impostora e o Magnata Sombrio.