Cap. 87: Indo cuidar de Andrews.
Aurora assentiu, cruzando os braços ao seguir Rodrigo até um canto mais reservado.
— Se for mais alguma brincadeira sua, Rodrigo, eu não estou com paciência.
Ele suspirou, passando a mão pelos cabelos.
— Não é brincadeira. Quero me desculpar... Exagerei com aqueles presentes e com tudo mais. Achei que poderia resolver as coisas do meu jeito, mas acabei piorando tudo. — Ele hesitou antes de continuar. — Mas não é só isso que eu quero falar com você.
Aurora franziu o cenho.
— Então o que é?
— As coisas na mansão estão péssimas. Andrews teve outra overdose. Eu não sei por que ele anda tomando doses exageradas, e ainda por cima é teimoso o suficiente para ignorar as recomendações dos médicos, mesmo sabendo das consequências do que está fazendo. Ele pode até... morrer, e dessa vez eu não estou brincando.
O coração de Aurora parou por um segundo.
— O quê? — A voz dela saiu mais alta do que esperava.
— Ele foi para o hospital, mas saiu antes mesmo de receber qualquer tratamento. Dessa vez, foi pior do que a outra. Ele não quer falar com ninguém. Está mais agressivo... Você viu como ele reagiu com aquele líder de equipe. — Rodrigo esfregou a nuca. — Ele ainda não descobriu sobre o sonambulismo, mas as coisas estão fora de controle. Preciso da sua ajuda, Aurora. Você pode voltar para a mansão? Pelo menos à noite? Para vigiá-lo? Ele não admite, mas precisa de alguém lá.
Aurora sentiu o peito apertar, mas sabia que Andrews também não aceitaria que alguém se preocupasse com ele. Mas se ele estava realmente piorando... ela não poderia ignorar.
— Eu vou voltar — disse, depois de um momento. — Mas só até encontrarmos um especialista que possa tratar o Andrews. Depois disso, estou fora.
Rodrigo assentiu, aliviado.
— Isso já é mais do que suficiente. Obrigado, Aurora.
Ela desviou o olhar.
— Não me agradeça. Ele salvou minha mãe. Isso é o mínimo que eu posso fazer. Sei que não nos gostamos, mas ainda assim... não significa que não podemos cuidar um do outro.
Mesmo dizendo isso, Aurora sabia que não era apenas gratidão, mas queria negar até o fim.
Elas voltaram para o campus depois de toda aquela confusão, e agora estava determinada a ir para a mansão naquela mesma noite.
Naquela noite, Aurora arrumava suas malas em silêncio. Cada peça dobrada parecia pesar o dobro do normal. Alice a observava sentada à beira da cama — não triste, mas com um suspiro quase aliviado escapando de seus lábios.
— Que bom que você está voltando pra mansão — disse ela, sem esconder a sinceridade.
— Nem acredito que estou de volta — sussurrou para si mesma, sentindo a estranha familiaridade das paredes da mansão.
E então, com o coração apertado, cruzou a porta da casa, como quem entra numa história que jurou já ter terminado.
Ela deu dois passos à frente, apenas para parar subitamente. Andrews estava ali, de pé à beira da escadaria como uma sombra viva, imponente, com os braços cruzados e os olhos cravados nela.
Ele parecia ter esperado por ela, com uma inquietação silenciosa, como se o simples fato de vê-la ali o deixasse em conflito.
— O que você está fazendo aqui? — perguntou ele, com a voz baixa, mas carregada.
Aurora manteve a postura firme, embora sentisse o coração bater mais rápido.
— Voltei pra trabalhar — respondeu, sem rodeios. — Também vou começar amanhã a limpar a casa. Quero conseguir pagar a dívida da Janete.
A voz dela saiu seca, sem interesse. Em seguida tentou passar por ele, como se aquele fosse apenas mais um dia comum. Mas Andrews não deixou. Em um movimento contido, ele segurou seu braço. A mão grande e quente em sua pele a fez parar. Por um instante, tudo ao redor pareceu silenciar.
Ele hesitou, encarando-a de perto com surpresa no ar.
— Você não precisa fazer isso — disse ele, a voz mais baixa, mais sincera do que ela esperava. — Não vou cobrar de você uma dívida que não é sua. Não é assim? As dívidas não devem ser cobradas de quem realmente pegou o dinheiro?

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Esposa impostora e o Magnata Sombrio.