Evelyn
Ouvir Jordan dizer que Brandon poderia estar vivo, junto com o mal-estar que eu já estava sentindo… me fizeram vir abaixo.
Mas descobrir que ele realmente deixou a maldita chave comigo, me transformou em alvo desses maníacos e, pior…
Ele me deixou esse bilhete.
Como se eu ainda fosse tudo pra ele. Como se realmente me amasse.
Eu olhava para o papel, sem coragem de reler.
Mas precisava.
Tinha que ter certeza do que estava lendo.
“Princesa,
Se você está lendo isso, é porque o mundo já virou de cabeça pra baixo. Como sempre, você foi a única em quem confiei. Desculpa, amor, mas deixei a chave com você porque só você saberia o que fazer. E porque só você me pertence de verdade.
Diz pra mim aquelas palavrinhas...
Te amo, Evie. Hoje e sempre.”
Eu li. Re-li.
E, ainda assim… não acreditava no que estava lendo.
Ouvi batidas na porta e pedi a Deus que não fosse o Alex.
Eu ainda não estava pronta pra vê-lo.
Mas assim que vi quem era, soltei o ar que estava prendendo.
— Posso entrar? — Jordan perguntou, com a voz e a postura cheias de receio.
— Claro, minha menina. — Mas a forma carinhosa como a chamei mudou seu semblante no mesmo instante.
Jordan deu a volta na cama e se sentou ao meu lado.
Por alguns minutos, ficamos em silêncio, encarando a porta.
Até que ela o quebrou:
— Quanto tempo você acha até meu irmão cruzar aquela porta?
Sorri e me virei para ela.
— Não sei. Depende do quanto ele está curioso.
— Bom… acho que ele tá mais furioso do que curioso.
— Faz sentido. — respondi, e nós duas rimos.
— Agora é sério… como você está? — perguntou, segurando minha mão.
— Na verdade… eu não sei. — fui sincera.
— Eu amei o Brandon. Ou achei que amava.
Mas o que sinto — o que construí com o Alexander até agora — é muito maior.
Olhei de novo para o bilhete em minha mão.
— Sabe… quando estávamos indo para Berlim te encontrar, eu passei mal. Igual hoje.
Jordan me olhava com atenção.
— Seu irmão, maluco, fez o Arthur pousar o avião.
Fui ao médico, e ele sugeriu que eu poderia estar vivendo um relacionamento rebote.
— O que isso significa? — perguntou, confusa.
— Eu nunca procurei ajuda médica, mas pesquisei.
É quando alguém não supera um término e entra em outro relacionamento só pra reprimir a dor.
A compreensão cintilou nos olhos dela.
— E você acha que é isso que tem com o Alex? Que se envolveu com ele pra esquecer o Brandon?
Eu amava isso nela.
Sempre direta.
E, sim, já me fiz essa pergunta.
Quando pesquisei sobre isso, tive medo.
Medo de estar enganando o Alexander.
Mas foi depois da nossa briga… depois da nossa última conversa… que eu percebi.
Nunca foi o Brandon.
O Alex nunca foi um remédio.
Ele foi a minha cura.
— Evie? — Jordan me chamou.
Olhei pra ela. Aqueles olhos me lembravam o amor da minha vida.
— Não. O que tenho com o seu irmão… é a coisa mais real que existe.
Senti as lágrimas brotarem.
— Existe uma diferença entre ter o que se quer… e ter o que se precisa.
Jordan levou a mão ao meu rosto, secando minhas lágrimas.
— O Brandon… ele apareceu quando meus pais morreram.
Eu só queria um abrigo. Alguém pra me apoiar. Talvez… pra me amar.
— E ele sabia disso.
E se aproveitou.
Me dava migalhas e eu aceitava… porque era o que eu queria. E morria de medo de perder.
— O Alexander… — suspirei.
— Ele me deu o que eu precisava. Um choque de realidade.
Ele me irritou, me desafiou.
Não cedeu de imediato.
Não fingiu o que sentia. Foi sincero.
— Ele lutou contra esse sentimento… assim como eu.
Sorri, lembrando do nosso começo.
— Ele nunca se colocou no centro de tudo como o Brandon.
Não me manipulou pra me apegar a ele.
Alexander me conquistou.
Me fez amá-lo de verdade.
— Por que você chorou quando leu o bilhete?
Respirei fundo, depois a encarei.
— Não foi pelo Brandon. Foi pelo sentimento que ele tentou causar. Dizer que eu sou dele, que me ama… depois de ter colocado um alvo bem nas minhas costas, me exposto, me traído.
Coloquei uma mecha do cabelo atrás da orelha.
Queria compartilhar algo que estava martelando na minha cabeça desde ontem.
Olhei nos olhos dela.
— Se eu te contar uma coisa… — mordi os lábios, nervosa. — Promete guardar segredo?
Ela assentiu.
— Alex e eu… a gente demorou pra… — não consegui concluir. Ela riu.
Me levantei e fui até ele, envolvendo meus braços em seu pescoço.
Alexander virou o rosto, me ignorando.
— Então foi isso que você pensou? — perguntei, beijando seu maxilar.
— Que depois de tudo que passamos nos últimos meses, um bilhete ridículo dele me faria te esquecer e correr até ele?
Comecei a passar as unhas suavemente na sua nuca — do jeitinho que ele adorava.
— Bom... três semanas depois dele, você estava comigo — retrucou, seco.
Aquilo me atingiu. Me afastei dele no mesmo instante.
— É isso que pensa de mim?
Ele passou as mãos no rosto, a frustração evidente.
— Não... Mas te ver chorando por ele mexeu comigo. Eu surtei.
Suspirei. Me aproximei novamente.
Ele tinha esse direito. Não podia culpá-lo.
— Eu te amo, Alexander Sterling.
Como nunca amei ninguém. Nem mesmo ele.
Voltei a envolver meus braços em seu pescoço.
— Eu chorei... não por amor.
Mas porque, mesmo morto — ou fingindo estar — ele ainda acha que pode me manipular.
Dessa vez, ele cedeu. Seus braços envolveram minha cintura, puxando-me com força.
Encostou a testa na minha.
— Eu já te disse…
Meu maior medo é te perder.
Mas eu jamais te obrigaria a ficar comigo.
— Eu te amo, Evelyn Parker.
Como nunca pensei ser possível amar.
Ficamos ali, abraçados no silêncio mais confortável do mundo.
Nossos corpos se entendiam. Nossas almas se reconheciam.
Ele começou a distribuir beijos pelo meu pescoço.
Suaves. Demorados.
E quando seus lábios encontraram os meus, tudo em mim se aquietou.
Era ali que eu queria estar.
Era dele que eu queria um futuro.
E enquanto ele me deitava devagar sobre a cama, com o cuidado de quem sabe o que tem nas mãos…
E começou a me saborear daquele jeito que só ele sabe.
Uma única certeza me atravessou por completo:
Se eu estiver mesmo grávida...
que seja o começo da nossa história.
Porque eu quero tudo com ele.
Quero a vida inteira com ele.
Porque esse amor...
é o mais verdadeiro que eu já vivi.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Meu noivo Morreu e me deixou para o Inimigo