Jordan
Quando Jack e meu irmão saíram, fui até o quarto da Evie. Já tinha acessado todas as câmeras, e aparentemente estávamos seguras.
Foi o que pensei.
Mas, assim que entrei, vi que ela estava ao telefone… e, de repente, foi ao chão. No primeiro instante, achei que fosse minha sobrinha dando o ar da graça.
Só que não era.
Brandon estava vivo.
Eu sempre desconfiei. Hoje, tive certeza.
Ouvir a voz dele naquela ligação me trouxe uma enxurrada de lembranças — e a maioria delas me causou calafrios.
Ben me ajudou com a Evie, mas, depois que ela acordou, se trancou no banheiro. Tentei conversar, argumentar… mas nada. Ela se fechou pra mim, e tudo que eu mais queria era pegar em sua mão e dizer que tudo ficaria bem.
Mesmo que eu também tivesse dúvidas sobre isso.
Alex chegou pouco depois, e Jackson e eu voltamos para o nosso quarto.
— O que tá passando por essa cabecinha? — Jackson perguntou, me abraçando por trás.
— Nada. — Fui direta, e ele percebeu.
Me soltou, sentou na beirada da cama e me puxou para o seu colo com delicadeza.
— Fala comigo, Jo. Você sabe que eu tô aqui pra você. Não se fecha… Não agora. Você me tem pro que precisar.
Não consegui responder.
Fiquei presa no azul dos olhos dele… e na sinceridade da sua voz. Encostei minha testa na dele e acariciei seu rosto.
Nunca soube expressar bem meus sentimentos com gestos. Já o Jackson… cada toque dele é calculado. Medido. Feito sob medida pra me fazer sentir amada.
— Não estou me fechando… — minha voz não passou de um murmúrio.
— E também não precisa ser forte o tempo todo, amor — ele disse, colocando a mão na minha nuca e me segurando firme, fazendo nossos olhos se encontrarem de novo.
— Você pode surtar, gritar, xingar… odiar aquele cretino. — Jackson roçou o nariz no meu. — Só preciso que você tenha certeza de que eu tô aqui. Pra te segurar, te apoiar... ou, se preferir, só ficar em silêncio.
Ele me deu um selinho, e fechei os olhos. Eu queria falar. Queria deixar sair tudo que venho guardando há dez anos. Mas às vezes… nem com a Evie eu conseguia.
— Jack… — o chamei, ainda com os olhos fechados e a testa encostada na dele.
— O que foi, marrentinha? — perguntou, e eu sorri.
— É cedo demais eu dizer que te amo?
Senti a mão dele me apertar um pouco mais, junto com o braço que estava em volta da minha cintura.
— Só se você aceitar que eu também te amo.
Abri os olhos e o beijei. Não foi daqueles beijos intensos, cheios de paixão, como os que ele costuma me dar.
Esse foi diferente. Lento. Ainda gostoso, mas carregado de algo muito mais profundo do que o prazer de duas bocas colidindo.
Tinha…
Amor.
— Eu te amo, Jordan. Nunca senti por ninguém o que sinto por você — sussurrou, com os lábios ainda roçando os meus.
— Brandon vai vir atrás de mim… não só da Evie. De mim também. — As lágrimas começaram a brotar nos meus olhos. — Passei tanto tempo dizendo a mim mesma que eu era forte. Que aquele filho da puta não tinha mais poder sobre a minha vida… — Abaixei a cabeça, porque agora elas escorriam livremente.
— Só que, quando ouvi a voz dele naquele telefone...
Anos de dores, lágrimas e soluços guardados vieram à tona.
Eu desabei.
Chorei como nunca. As lágrimas escorriam, e eu nem conseguia conter os soluços desesperados.
Jackson dizia algo, mas eu não entendia. Meu choro alto e trêmulo engolia qualquer som à volta.
Ele me beijava por todo o rosto — e, mesmo sendo inútil, porque as lágrimas não paravam — ele continuava tentando secá-las, uma por uma.
Senti quando ele se levantou comigo no colo, se virou e me colocou na cama com tanto cuidado que meu peito apertou. Eu não conseguia desgrudar da camiseta dele. Ele se deitou ao meu lado, me puxando para seu peito.
— Sinto muito, amor — percebi a voz dele embargar. — Se eu pudesse, tirava essa dor de você. Trocaria de lugar, só pra te dar alívio.
Beijou o topo da minha cabeça.
Não sei quanto tempo chorei. Segundos? Minutos? Horas? Quando as lágrimas cessaram, a dor ainda estava ali.
— Me desculpe — sussurrei.
— Pelo quê?
— Por chorar igual uma louca… Eu não costumo fazer isso. Parei de chorar quando Brandon me deixou trancada três dias sem água e sem comida, num quarto escuro.
Senti o nó na garganta crescer com a lembrança.
— Ele disse que era pra eu aprender a ser forte. Que pessoas como ele e eu não choram. Foi o Hugo quem me tirou de lá. Ele enfrentou o Brandon… porque ele queria me deixar lá por uma semana inteira.
Senti o corpo de Jackson enrijecer sob o meu.
— Hugo e Rosario são as pessoas mais importantes pra mim.
Amo vocês… mas eles me salvaram tantas vezes das loucuras do Brandon.
E ninguém nunca vai ocupar o lugar deles no meu coração.
Jackson continuava em silêncio, mas suas mãos apertaram suavemente minha cintura.
Um gesto simples. Silencioso.
Mas cheio de presença.
— Nunca entendi por que Brandon fazia aquilo. Às vezes… só às vezes — respirei fundo — ele era bom comigo. Principalmente no começo.
— O que ele fazia? — Jackson finalmente quebrou o silêncio.
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