Evelyn
Sabe aquela expressão: "Fui do céu ao inferno"?
Pois é…
Foi exatamente o que aconteceu comigo hoje.
E não levou dias.
Nem horas.
Foram minutos.
Em um instante, eu estava contemplando o positivo no teste.
E no outro… ouvindo Alexander desejar o negativo.
Eu devia imaginar que nada passa despercebido por ele.
Afinal, estamos falando de Alexander Sterling.
Mas o que mais me doeu…
Foi perceber que ele não quer.
Que não compartilhamos da mesma alegria.
Como vou encará-lo agora… sabendo disso?
Corri para fora do quarto.
Mas não sou estúpida a ponto de sair do hotel.
Sei bem os perigos que me esperam lá fora.
E jamais colocaria meu bebê em risco.
Meu bebê…
Coloquei a mão sobre a barriga, e um sorriso brincou nos meus lábios.
Ainda que Alexander não queira… está aqui.
Sendo preparado no forninho, como dizia minha mãe.
A porta do elevador se abriu, e eu saí direto para o sky bar.
A brisa me atingiu de leve, e puxei o ar com força, na esperança de que aquilo me acalmasse.
Procurei um lugar com sombra pra me sentar, mas acabei trombando em alguém.
— Sinto muito — disse, envergonhada.
— Sem problemas — respondeu o rapaz à minha frente, com um sorriso simpático.
— Você está bem? — ele perguntou.
Deus… será que sou tão previsível assim?
— Sim… só estou procurando um lugar para sentar — respondi.
— Estou aguardando meu primo. Numa mesa ali.
Se quiser me fazer companhia…
Olhei ao redor.
O lugar estava cheio.
Viemos pra Ibiza bem na alta temporada, e tudo que eu queria era me sentar e colocar meus pensamentos em ordem.
— Tudo bem. Se não for te atrapalhar, eu aceito.
— Então vamos.
A propósito, sou Mateo — disse, estendendo a mão.
Segurei a dele com um sorriso.
— Evelyn.
Assim que sentamos, ele chamou o garçom e pediu dois sucos — um pra mim e um pra ele.
Ficamos em silêncio até o homem voltar com as bebidas.
— E então, Evelyn… o que te trouxe a Ibiza? — perguntou com um sorriso leve.
Mateo era um rapaz bonito.
Devia ter uns vinte anos, no máximo.
Cabelos encaracolados, pele morena, olhos marcantes.
— Vim acompanhar meu namorado.
Ele está aqui a trabalho.
— Ah…
Vi algo nos olhos dele.
Parecia decepção.
— Também estou aqui a trabalho — ele continuou, tentando mudar o foco.
— Eu moro em Barcelona, mas meu primo me arrumou esse emprego.
Sou novato. E… ser novato nunca é bom.
Nós dois rimos, enquanto tomávamos nossos sucos.
Conversamos um pouco.
Ele me ensinou algumas palavras em espanhol, riu do meu sotaque.
Mateo parecia ser um bom garoto.
E, por alguns minutos…
Conseguiu me tirar da tristeza de saber que meu namorado…
Não queria nosso bebê.
O celular dele tocou.
Mateo atendeu rapidamente e, assim que desligou, disse:
— Evelyn, vou ter que te deixar. O dever me chama.
Mas foi um prazer te conhecer.
— O prazer foi meu, Mateo.
Obrigada pela mesa… e pela companhia.
Ele assentiu com um sorriso, se despediu com um abraço tímido, e eu retribuí.
Assim que Mateo sumiu da minha vista…
Outra pessoa entrou no meu campo de visão.
— Evie… — disse Jordan, se aproximando.
— Não consegui fugir das suas câmeras? — respondi com um sorriso sem humor.
— Por que saiu? — ela perguntou, sentando ao meu lado. Rosario também se aproximou.
Segurei as mãos da Jordan.
— Não queria te preocupar, minha menina.
Mas… eu precisava de ar.
— Evie, não sei o que você ouviu. Mas preciso te contar uma coisa…
Antes que ela pudesse concluir, Rosario se aproximou ainda mais.
— Niña — chamou, séria. — Temos problemas.
Jordan seguiu o olhar dela.
Dois homens nos encaravam.
E, assim que perceberam que os notamos, começaram a caminhar em nossa direção.
— Eles não vão atacar aqui. Não com tanta gente em volta.
Mas se formos pro elevador… eles virão atrás — disse Rosario, o tom sério e urgente.
— Vamos pela escada. Vou avisar meu irmão e o Jack.
Ela assentiu. Jo se virou pra mim.
— Precisamos ir. Assim que estivermos seguras, eu te explico tudo.
Assenti, me levantando com elas.
Rosario parecia uma leoa protegendo sua cria.
Cercava Jordan com o corpo, encarando os homens sem desviar o olhar.
Será que eu também vou ser assim? — pensei, olhando para minha barriga.
Empurrei a porta com força. Descobrimos que só havia um lance de escada — estávamos hospedadas na cobertura, e o sky bar ficava no terraço, apenas um andar acima.
Mas antes que chegássemos à porta do nosso andar, dois homens nos encurralaram.
Eles estavam parados bem na porta.
E os outros dois… vinham de cima.
Estamos cercadas.
— Tá lembrado de mim, sua maloqueira? — um deles disse pra Jordan.
— O risco no seu rosto não me deixa te esquecer — ela respondeu, com um sorriso cínico.
— Vejo que o seu melhorou.
Brandon devia era ter queimado os dois.
As palavras dele mexeram com Jo… e acenderam algo em mim.
Mas, antes que eu reagisse, a leoa foi mais rápida.
Rosario, que estava no penúltimo degrau, levantou a perna e, com um único golpe, enfiou o salto no peito do desgraçado.
O homem foi com tudo pra trás, esbarrando no outro.
— ¡Niña, ahora! — gritou ela, e Jordan entendeu.
Puxou minha mão e corremos até a porta.
Mas, assim que ela se abriu… um som seco cortou o ar.
E então, o gemido de Rosario.
— NÃO!! — gritou Jordan, soltando minha mão e voltando correndo.
Por um instante, congelei.
A porta estava logo ali.
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