Alexander
Merda.
O som veio de dentro da casa.
Seco, alto. Não era um copo quebrando, nem barulho qualquer de festa.
Era um disparo.
Logo em seguida… gritos. Correria.
Pessoas se empurrando, saltos batendo no mármore, taças estourando no chão.
Levei a mão direto para a arma sob o paletó. Evelyn, por instinto, fez o mesmo — e a forma como ela agarrou a Glock escondida na perna me deu um orgulho silencioso.
— Evelyn, Jordan, Rosario — gritei, encarando Jackson. — Protejam elas. E não saiam do raio de visão. Entendido?
Ele assentiu sem hesitar, puxando minha irmã como quem protege uma joia.
Rosario, por outro lado, já segurava a adaga escondida no decote do vestido como se tivesse sido treinada por mercenários.
Benjamin segurou o braço dela antes que ela saísse correndo.
— Fica aqui, mulher brava. Você não vai sair de perto de mim.
Ela o encarou, mas obedeceu.
Chen surgiu ao meu lado, com a arma em punho.
— Chefe. Três homens armados no lado leste. Outros dois subiram pro segundo andar.
— Todos com comunicador? — perguntei. Todos assentiram, inclusive minha irmã.
— Quem te deu isso? — perguntei, irritado. Ela deu de ombros.
— Não preciso de ninguém. Vi o Jack pegar e achei melhor fazer o mesmo.
Jackson sorriu de lado, mas parou assim que ela o encarou.
— Owen, Javier, Mateo — formação dispersa. Limpar o perímetro, foco no leste. Não deixem nenhum maldito sair. Ainda não sabemos o motivo disso — ordenei.
Owen já desaparecia pelo jardim com o comunicador no ouvido. Mateo hesitou, mas foi atrás.
— Chen, comigo.
— Você disse que não sairíamos do lado um do outro. — Evelyn me chamou.
— Sinto, amor. Mudança de planos. — Dei um beijo rápido nela.
Benjamin estalou o pescoço. Jackson conduziu as meninas pela lateral.
Passamos pelas colunas internas da mansão com as armas erguidas.
Os convidados corriam, desorientados — alguns tentando se esconder debaixo das mesas de vidro, outros filmando como idiotas.
A escadaria principal estava tomada.
Homens mascarados, metralhadoras em punho, atirando a esmo.
— Merda — sussurrei.
Um deles apontou pra mim.
O desgraçado ainda tentou me atingir.
Dois tiros.
Um me acertou de raspão no ombro. E o outro na perna.
Mas o terceiro tiro… foi o meu.
E entrou direto no meio da testa dele.
— Vocês realmente são burros o bastante pra vir até aqui me testar? — murmurei, subindo os degraus com calma. Cada passo, um alvo diferente.
Chen cobria meu flanco com precisão cirúrgica.
Javier surgiu no andar de cima, atirando por cima do corrimão.
— Três a menos — ele disse pelo comunicador.
De repente, ouvi um deles gritar algo:
— Эвелин! Джордан! Взять их!
(“Evelyn! Jordan! Peguem elas!”)
O sangue gelou.
Russo.
Benjamin se abaixou sobre um dos corpos.
— Alex… essa tatuagem. — Ele virou o braço do homem: uma foice sobre um punho fechado.
Mozorov.
Minhas mãos tremeram. Mas não era medo.
Era raiva.
Varri o salão em busca de Evelyn.
Ela estava com a arma em punho, olhando para todos os lados. Rosario e Jordan estavam próximas.
— Jackson — chamei pelo comunicador.
— Chefe.
— São russos. E não sei por que caralhos eles querem minha irmã e a Evelyn.
— O quê?! — ouvi Jordan gritar. Droga, tinha esquecido que ela estava na conexão.
Mas antes que eu dissesse qualquer coisa… eu o vi.
Dimitri Mozorov.
Elegante demais pra esse tipo de caos. Dois guarda-costas. Um ferido.
Me encarou.
E sorriu.
Do lado de fora, Enzo Mancini nos esperava na sacada, com o cenho franzido.
O rosto suado. O terno amassado.
Mas a postura… intacta.
Pedi para que Jackson e Benjamin levassem as meninas, e fui até Enzo.
— Anatoli Mozorov jurou nunca mais pôr os pés no meu território — ele disse, a voz embargada.
— E mesmo assim… atacaram. Na minha casa.
— Não era Anatoli. Dimitri estava aqui — falei. — Tenho dúvidas se ele sabe da ação do irmão.
A expressão de Enzo mudou.
— Está insinuando algo? — perguntou. Me aproximei mais um pouco dele.
— Acho que teremos que falar de negócios hoje mesmo, Enzo.
O silêncio entre nós era mais barulhento que os tiros de minutos atrás.
— O que o trouxe aqui para Ibiza, Alexander?
— Brandon Anderson. — respondi sem hesitar.
Ele me olhou por um segundo longo demais.
— Melhor deixarmos pra amanhã, Sterling — disse, com o tom mudado.
Ele fixou os olhos nas luzes de Ibiza ao longe.
Depois voltou o olhar para Evelyn, que estava abraçada a Jordan.
— Amanhã. No escritório.
— Amanhã — repeti.
Nos cumprimentamos e saí dali ao encontro de Evelyn, que me esperava na escada com as mãos sobre a barriga…
A imagem me atingiu.
Naquele instante, eu soube.
Preciso lutar.
Por elas.
Evelyn.
Jordan.
Mas principalmente… pelo meu bebê.
Preciso encontrar o Anderson.
E acabar com essa guerra que ele começou.
E que só vai terminar… quando um de nós sangrar.

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