Alexander
Quase não dormi.
E no pouco tempo em que consegui... Rachel veio à minha mente.
Fazia anos que ela não aparecia nos meus sonhos.
E, como sempre, sua presença me levou até ele.
Brandon Anderson.
O maldito que um dia eu chamei de irmão.
Mas hoje... só quero que ele queime no inferno.
Não precisei de muito pra entender que o ataque de ontem foi orquestrado por ele.
Dimitri é um cretino. Viciado. E se vende por qualquer coisa.
Anderson, por outro lado, é manipulador.
Fez sua “jogada perfeita” ontem.
Se ligar aos Morozov foi exatamente o que ele precisava.
Enzo quer a cabeça dele.
Eu também.
E somente um desgarrado como Dimitri poderia ajudá-lo.
Mas Brandon se esqueceu de um detalhe:
Tudo o que ele sabe...
Fui eu quem ensinou.
Me dediquei nos Rangers pra ser o melhor.
Recusei ser capitão — me achava jovem demais, e não queria aquele tipo de responsabilidade.
Não quando tinha minhas irmãs para cuidar.
Mas aceitei ensinar.
Treinar.
Preparar homens pra serem letais como eu.
Só que o aluno…
nunca supera o mestre.
— Bom dia… — a voz da Evelyn me tirou dos devaneios.
— Bom dia, amor — respondi, dando um beijo nela. Em seguida, levei os lábios até sua barriga.
— Bom dia pra você também — ela riu.
— O que acha que está fazendo?
— Dando bom dia pro bebê — murmurei antes de plantar outro beijo em sua barriga.
Meus lábios foram subindo devagar, levando a camisola dela junto.
Minhas mãos começaram a explorar seu corpo, e, como sempre, ela se arqueou aos meus toques, gemendo meu nome de forma suave e deliciosa.
— Como você ainda tem tanta disposição depois de ontem à noite? — ela sussurrou, enquanto eu dava atenção especial aos seus seios.
— O caos me excita.
— Alexander! — ela me repreendeu, mas nem isso me fez parar.
Meu trabalho ali era claro:
fazer ela gritar meu nome.
E eu cumpri.
Nos unimos — e como todas as outras vezes, foi maravilhoso.
Às vezes, tudo o que um homem precisa pra extravasar, ou esquecer… é de prazer.
Mas a Evelyn me ensinou que não é só isso.
Entre nós, vive o desejo.
Mas também as carícias.
A cumplicidade.
E, principalmente… o amor.
Se me perguntassem há alguns meses se eu queria me casar, ter filhos…
Eu diria, sem hesitar:
Não.
Mas hoje?
É tudo que eu mais quero.
E quero com ela.
(O bebê, bem… esse eu já consegui.)
Depois, tomamos banho, nos trocamos e seguimos para a sala do quarto.
A mesa do café já estava posta.
— Bom dia! — disse Jordan, radiante.
— Bom dia, minha pequena — respondi, dando um beijo em sua testa.
Jackson entrou ao telefone, tenso. Senti Evelyn tocar minha perna de leve. Chamando minha atenção.
— Você ouviu o que eu disse?
— Desculpa, querida. Pode repetir?
— A Emily me mandou uma mensagem.
Franzi o cenho.
— Ela está na Espanha. Em Madri. Disse que passaria aqui em Ibiza. Você acha que está tudo bem?
Emily? Em Madri?
Será que Benjamin sabe disso?
— Benjamin é meu melhor amigo — respondi com firmeza.
— Não me importa com a amizade de vocês. Mas ele vai sempre vir em primeiro lugar.
Olhei em seus olhos.
— A minha escolha vai ser sempre ele. — Conclui.
Jackson, que até então estava em silêncio, se sentou ao lado da Jordan e comentou seco:
— Nossa escolha.
— Eu não faria nada pra confrontar o Ben, Alex — ela respondeu com calma.
— Só que… a Emily esteve comigo quando precisei. E eu nem entendi até hoje o motivo da separação dos dois.
Assenti para suas palavras.Tentei relaxar ao lado das minhas garotas. Logo Enzo responderia sobre o encontro de hoje. E a tormenta voltaria a me atingir. Mas…
A porta se abriu novamente.
Rosario e Hugo entraram.
Jackson travou o maxilar na hora.
O ciúmes de Hugo ainda estava ali.
— Buenos días — disse Rosario, beijando Jordan.
— Bom dia, gatita! — disse Hugo à minha irmã.
— Gatinha? — Jackson ergueu as sobrancelhas.
— Jack — Jordan o advertiu. Ele bufou, mas se calou.
Eles se sentaram.
— Onde está o ogro? — perguntou Rosario.
Já sabia de quem ela falava. Ela e Benjamin andam em pé de guerra.
Antes que eu pudesse responder, Chen entrou.
— Chefe, desculpa interromper o café.
Fiz sinal para se aproximar.
— Benjamin não apareceu no relatório da manhã. Nem respondeu às ligações ou mensagens.
Jackson e eu nos levantamos ao mesmo tempo.
Benjamin nunca faz isso.
Peguei meu telefone. Nada.
— Caixa postal direto — disse Jackson.
Entre nós três, não precisava de muito pra saber quando algo estava errado.
Nossos olhares sempre bastaram.
Começamos a caminhar juntos em direção à porta.
— Alex, onde vai? — Evelyn perguntou.
— Ao quarto do Benjamin. Ele nunca faria algo assim.
Usei meu cartão e abri a porta.
Lá estava ele.
Jogado no chão.
Duas garrafas de uísque vazias ao lado.
Jackson foi até ele, tentando acordá-lo com alguns t***s leves.
Enquanto isso, peguei o celular do Ben.
Modo avião.
Por isso ele não recebeu nada.
Fui até o corredor e atendi.
— Owen.
— Chefe, preciso que venha para o complexo.
— Pra quê?
— O capanga do Felix entregou informações... e conseguimos uma pista concreta.
O informante deles… está em Ibiza.
Meu olhar voltou para dentro do quarto.
Benjamin não podia ficar sozinho. Não agora.
— Tô resolvendo um problema aqui. Assim que puder, vou praí.
Owen assentiu.
Jackson se aproximou.
— Qual o problema?
— Temos pistas do infiltrado. Mas não posso deixar ele assim.
Olhamos os dois para Benjamin, que recebia os cuidados de Rosario.
— O que pretende fazer?
— Preciso de alguém pra ficar de olho nele.
Ficamos ali, observando os dois. E então, com um sorriso de canto, eu disse:
— Tem que ser alguém de pulso firme.
— Uma chica de sangue quente — completou Jackson. Rimos.
— Acha que ela aceitaria? — perguntei, mesmo já sabendo a resposta. Só de olhar pra ela, cuidando dele...
Voltamos e explicamos tudo a Rosario.
Ela aceitou de imediato — sem um único questionamento.
Mas antes de partir, pedi que nos deixasse a sós com ele.
Ela assentiu. E saiu.
— Quer me contar? — perguntei, enquanto Benjamin mantinha a cabeça baixa.
— Bebi demais. Passei do limite. Não vai se repetir.
Ele me encarou.
Fui até sua mala, peguei a foto e joguei no colo dele.
Jackson continuava em silêncio ao lado da cama, braços cruzados.
— Acha mesmo que estou aqui como seu chefe, Ben?
Ele pegou a foto e as lágrimas começaram a escorrer.
— “Juntos até o fim.” — murmurou.
— Não foi uma promessa vazia. Foi um pacto — me aproximei, sentando ao seu lado.
— Você nunca vai estar sozinho, irmão. Somos família.
— Ela me traiu, Alex… Me enganou. Me usou.
Nunca vou me perdoar por ter sido tão estúpido.
— Amar não é uma estupidez, cara — Jackson finalmente quebrou o silêncio.
— Se ela não valorizou o que você entregou… o problema está nela. Não em você.
Ele concluiu.
E naquele momento, eu soube:
Meu irmão precisava de nós.
Precisava de tempo.
De espaço.
De silêncio para chorar e força para se reconstruir.
E nós?
Nós vamos estar aqui.
Pelo tempo que for preciso.
Com a ajuda necessária.
E quando chegar a hora certa…
Vamos acabar com toda essa merda que nos cerca.
Vamos fazer valer o pacto que selamos com a bênção da minha irmã —
a garota de olhos corajosos e coração leal que sempre acreditou em nós.
“Juntos até o fim.”

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