Evelyn
Acordar doía.
Não só o corpo…
Mas a alma.
Tudo era escuro no começo.
Minha cabeça latejava, como se estivesse afundada em névoa densa.
Depois, veio a dor. Na costela. No lado. Na pele.
E então, as lembranças explodiram de uma vez.
Emily.
Felix.
A faca.
O bebê.
O bebê!
Tentei me mexer, mas gritei com a fisgada.
Meus braços estavam presos. Meu corpo amarrado a uma cadeira de ferro.
— Olá, querida.
A voz dela cortou o ar como lâmina.
Emily estava ali.
Como se nada tivesse acontecido.
Como se ela não tivesse me apunhalado.
Como se…
não tivesse destruído tudo.
— Você... — minha voz falhou.
Ela se aproximou, agachando-se diante de mim como uma mãe prestes a consolar uma criança.
Mas o olhar era de loucura. De veneno.
— Sei que dói, Evie. Mas eu precisava sair de lá viva. — Passou a mão pelo meu rosto.
— Te machucar era o único jeito do Ben recuar, então… — Ela disse com deboche.
Senti o gosto do sangue na boca por morder o próprio lábio.
Queria gritar. Mas ela não merecia meu grito.
— Você tentou me matar.
— Não, Evelyn… — disse com doçura. — Ainda não.
— Vamos ter uma conversinha primeiro. Não está curiosa? — sorriu, fingindo gentileza.
Mas eu não queria ouvir nada.
O sangue escorria do corte. Tudo que eu queria era sair dali.
Proteger meu bebê.
Emily se aproximou novamente.
Ela segurou meu queixo com força, me obrigando a olhá-la.
— Te fiz uma pergunta, querida Evie.
— Não — respondi, firme.
— Não estou curiosa em saber o por que de você ser uma vaca traidora.
Ela gargalhou e começou a bater palmas.
— Então essa é a verdadeira Evelyn Parker. Boca suja, destemida… — acariciou meu rosto com nojo.
— Não o cordeirinho pronto para o abate por quem o Brandon se apaixonou.
Um silêncio pesado caiu.
E então… a bomba:
— Brandon, aquele cretino que depois de tudo que fiz por ele, se apaixonou por você.
— O que quer dizer com isso?
— Ah, e você disse que não estava curiosa, né? — piscou daquele jeito antigo… como se ainda fosse minha amiga.
— Bem, precisamos ir pelo começo. Não quero que você perca nem um detalhe.
Puxou uma cadeira e se sentou, como se fosse me contar uma fofoca.
— Brandon foi preso, não é bem essa palavra que usam lá no exército.
— Recluso… — Sussurrei.
— Isso garota! Enfim, a idiota da Rachel se mata e ele quem leva a culpa.
O jeito que falou de Rachel me irritou.
— Cretina! — cuspi.
Um tapa. Seco. Estalado.
A unha dela arranhou meu rosto. O gosto do sangue voltou à boca.
— Se me xingar de novo, te mato antes de terminar a história.
Seu tom era cruel. Emily estava disposta a me matar.
— Meu primo mantinha os negócios de Brandon funcionando. Me colocou junto. Foi aí que conheci Brady.
— Enquanto ele estava "recluso", todos o abandonaram.
Emily cravou os olhos nos meus.
— Menos eu!
— E quando Brandon foi libertado, correu direto pra Espanha.
— Ele nunca me dizia o que tinha lá, mas toda vez que ele conseguia escapar corria pra Espanha sem nem me avisar.
— Como assim? — perguntei, atordoada.
— Você acha que ele ficou dois anos preso? — ela debochou.
— Estamos falando do maior manipulador do planeta.
Emily se ajeitou, como se estivesse orgulhosa.
— Os pais dele fizeram uma festa pra recebê-lo. Mas o pai do Brandon estava atrás de alguém, e descobriu que as informções que precisava estava com um contrabandista militar. E adivinha quem era esse contrabandista?
Ela não me esperou responder.
— Brandon não podia deixar o pai descobrir sobre ele, e dizia que o pai também não podia encontrar a tal pessoa.
— Mas o senhor Anderson estava determinado, e pediu a ajuda a um certo policial. Que você conhece bem aliás.
Minha respiração travou.
— Meu pai?! — sussurrei.
— E ela acertou! — Ela gritou com alegria.
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