Capítulo 123 – Xeque-mate
Alexander
As coisas ficaram feias.
Os alemães tinham muitos homens.
Mas eu tinha os melhores.
E, claro, tinha o Enzo — que mandou alguns dos seus para me ajudar.
Quando chegamos ao suposto galpão onde Emily havia prendido a Evelyn, a cena que encontrei me encheu de raiva.
Evelyn não estava mais ali.
E Emily...
Estava baleada, caída no chão.
Benjamin correu até ela assim que entramos.
— Está respirando.
— Ótimo. — disse irritado.
— Leve-a até o complexo. Peça para a Jordan e o Hugo vasculharem cada câmera. Quero saber para onde o maldito levou a Evelyn.
— Como sabe que foi ele? — Jackson me perguntou.
— Porque eu sei.
Benjamin a carregou, com Rosario ao seu lado.
Jackson saiu para cumprir minhas ordens.
E eu fiquei.
Avaliando o lugar.
Buscando qualquer pista que o desgraçado pudesse ter deixado.
Fui até a cadeira caída no chão e notei o sangue nela.
Fechei os olhos.
— Tô indo, amor... — murmurei para mim mesmo.
Precisava encontrá-la.
Ela estava ferida.
Sangrando.
Sofrendo.
E... sozinha.
Saí do galpão e fiz sinal para meus homens me seguirem.
Jordan mandou algumas coordenadas e coloquei todos para revirarem a ilha.
"Vasculhem tudo, mas tragam minha mulher pra mim."
— Você vai para o complexo? — perguntou Jackson, se aproximando.
— Quero interrogar a Emily. Preciso ter certeza de que ela não estava com o Brandon... e entender por que diabos ela mentiu todos esses anos.
Jack assentiu.
Entramos no carro e seguimos para o complexo.
Assim que chegamos, vi Rosario caminhando de um lado para o outro, visivelmente irritada.
— Qual o problema? — perguntei, tirando-a dos seus pensamentos.
— Aquele cabrón se trancou com ela e não me deixou entrar.
Ela só podia estar falando do Benjamin.
— Já interrogou alguém, Rosario?
Um sorriso brincou nos lábios dela.
— Sozinha, nunca! Mas sei como se faz.
— Perfeito. — Fiz sinal para que me seguisse.
Assim que entramos, Benjamin estava amarrando um pano na perna da Emily para conter o sangramento.
— Saia. — ordenei.
— Alex... — ele começou, mas lancei um olhar.
Ele se calou no mesmo instante.
Rosario permaneceu ao meu lado.
— Até logo, cabrón. — disse ela com ironia.
Benjamin bufou, mas não me desobedeceu.
— Quer que eu fique? — perguntou Jackson.
— Siga as pistas da Jordan. Qualquer novidade, me avise.
Ele assentiu e saiu da sala.
Deixando apenas eu. Rosario.
E Emily.
Caminhei até a mesa onde ficavam meus instrumentos. Fiz sinal para que Rosario fosse até a parede — ela logo entendeu.
Encostou-se ali, cruzando os braços e lançando um olhar afiado como uma lâmina para Emily.
Ela não dizia uma palavra, assim como eu.
Mas nossa presença era o suficiente para deixá-la inquieta.
Perfeito.
Era exatamente isso que eu queria.
Que ela se sentisse encurralada — não pelo espaço, mas pela presença.
Pelo peso do que representávamos.
— Emily, — comecei, minha voz baixa, quase um sussurro, enquanto me sentava lentamente à frente dela.
— Você sabe exatamente o que eu quero.
Ela engoliu em seco, mas tentou manter a fachada. Seus lábios se curvaram num sorriso forçado.
— Não faço ideia, Sterling. Talvez você só esteja com saudades de mim? — A voz era provocadora, mas tremia nas últimas sílabas.
Sorri.
Frio. Sem humor.
Inclinei-me para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos, deixando que o silêncio fizesse seu trabalho.
Ela começou a se contorcer na cadeira.
Desconfortável.
Exatamente como eu queria.
— Saudades… — repeti, saboreando a palavra.
— Não, Emily. Eu não sinto saudade de traidores. Mas talvez você sinta do Brandon. Onde ele está?
O nome a atingiu como um soco invisível.
— Doeu, querida? — Rosario perguntou, doce como uma flor… venenosa.
Sorri. A mulher sabia jogar.
— Então você conseguiu. Por isso foi embora?
— Não. Brandon e eu rompemos antes dele morrer. Ele preferiu a sonsa da Evelyn a mim… e eu jurei que a mataria. Assim como fiz com os pais dela.
Ela notou a confusão em meu rosto. Schmidt disse que tinha sido Brandon.
— Confuso, Alexander? Sim, fui eu!
— Sabotei o carro. Brandon só queria os documentos que estavam com o Sr. Parker. Não queria matá-los.
— Mas nada disso importa. Aquele cretino me usou e me descartou. Fingiu estar morto… e quando voltou, foi atrás dela. Atirou em mim para salvá-la!
As lágrimas agora caíam sem controle.
— Então realmente foi ele quem a levou?
Ela assentiu.
— Depois de tudo… ele escolheu ela. Sempre ela.
A dor na voz dela era real.
Rejeição.
Traição.
A ruína de quem entregou tudo a alguém que nunca te escolheu.
Mas eu sabia agora.
Ele estava com a minha mulher.
E eu vou derrubar essa cidade até encontrá-lo.
Levantei. Ajeitei o paletó.
Assenti para Rosario e segui até a porta.
Mas antes de passar, me voltei para Emily.
— Você tinha tudo, Emily. Meu irmão. Amigos. Um lar.
— E jogou tudo fora. Pior… ameaçou a minha mulher. O meu filho.
Ela cravou os olhos nos meus.
— Você disse que Benjamin era o peão… mas se esqueceu de uma coisa:
— Eu sou o Rei.
Olhei para Rosario.
— Xeque-mate.
Fechei a porta atrás de mim.
E ouvi o som.
Seco. Preciso.
A rainha caiu.
Meu telefone tocou.
— Jack.
— Encontrei! Só esperando sua ordem.
— Entre.
— E traga minha mulher.

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