Meu noivo Morreu e me deixou para o Inimigo romance Capítulo 13

Evelyn

Acordei emaranhada em Alexander. No começo, isso me atormentava, fazia-me sentir uma traíra. Hoje... o sentimento mudou. Depois do que aconteceu ontem, pude ver que talvez, lá no fundo, mesmo que por uma pequena fração, Alexander se importe comigo. Comigo, Evelyn, e não apenas com o que represento em relação a Brandon. E entre nós... poderia estar surgindo uma... amizade?

Com cuidado, me desvencilhei de seu aperto, desci da cama e segui para o banheiro. Assim que entrei, deparei-me com o box quebrado e me lembrei da resposta dele ontem: "Picos de estresse". Eu sabia que seu trabalho era perigoso e realmente estressante, mas... havia algo mais ali. Algo que ele não quis me contar.

A Evelyn de Brandon não insistia. Ela aceitava respostas prontas e fingia que tudo estava bem. E foi o que fiz ontem. Mas agora... uma nova Evelyn despertava dentro de mim. Uma que se importa, que insiste, que não aceita segredos. Muito menos de um amigo.

Terminei minha higiene e senti a determinação crescer dentro de mim. Nunca bati de frente com Brandon. Com Alexander, porém... tudo o que fiz até hoje foi debater, rebater, questionar cada palavra, olhar ou atitude.

Olhei novamente para o box destruído e respirei fundo.

— Sem segredos!

Murmurei para mim mesma.

Saí do banheiro e me sentei na beirada da cama, ao lado de Alexander. Ele dormia tranquilamente, o cabelo bagunçado, pequenas mechas caídas sobre a testa. Nem parecia o todo-poderoso de presença imponente, cabelo sempre arrumado e terno alinhado.

Sorri ao vê-lo daquele jeito, desarmado, sem a postura sempre pronta para o combate e sem a máscara fria no rosto.

Já fazia quase três semanas que dividíamos o quarto, e ele sempre dormia sem camiseta. Mas só hoje reparei de verdade em suas tatuagens. Elas cobriam seu peito e desciam pelos braços, algumas se ramificavam dos ombros para as costas. Foi então que notei uma cicatriz diagonal, bem abaixo do coração. A tatuagem passava por ela, mas ainda assim era possível vê-la.

Uma das tatuagens era parecida com a que Brandon tinha no mesmo lugar. Sem pensar, por puro impulso, tracei os dedos sobre ela.

Num instante, as mãos de Alexander seguraram meu pulso. Seus olhos castanhos-escuros, quase pretos, prenderam-se aos meus. Por um momento, ficamos apenas nos encarando. Vi suas pupilas dilatarem levemente.

— Não queria te acordar...

Murmurei.

— É que vi a tatuagem...

Ele soltou meu pulso antes de dizer:

— E se lembrou de Brandon.

Seu tom era afiado. Ajeitei minha postura.

— Me desculpe, agi por impulso. Não pensei em Brandon quando toquei em você, se é isso que está insinuando.

Levantei-me da cama.

— Só me chamou atenção a semelhança delas.

Alexander sentou-se, seus olhos ainda presos aos meus. Mas seu olhar estava duro, deixando claro que tanto meu toque quanto a menção da tatuagem o irritaram.

— Todos nós temos. Os cinco. É uma homenagem a alguém.

Ele afastou o lençol e abaixou levemente a cabeça, como se fosse se levantar.

— Quem é essa pessoa?

Alexander permaneceu de cabeça baixa, sem me encarar. Então se levantou e seguiu para o banheiro, me ignorando completamente.

Ele fez exatamente o que Brandon sempre fazia quando eu tocava em algo que ele não queria falar. E eu sempre deixava para lá. O medo de frustrá-lo, de magoá-lo a ponto de me deixar, era tão grande que eu simplesmente... me calava.

Mas não desta vez.

Fui atrás dele. Estava cansada disso. Aquela Evelyn ficou para trás, junto com Brandon.

Encostei-me ao batente da porta. Ele ainda fazia sua higiene. Cruzei os braços e soltei algo que estava em minha mente há dias.

— É para Rachel? A homenagem é para ela, não é?

Seus olhos encontraram os meus. Primeiro vi dor. Depois... fúria.

Ele encerrou o que estava fazendo, se aproximou de mim e disse:

— Não sei o que o maldito do Anderson te falou sobre ela, mas vou te dizer só uma vez, e espero que fique bem claro.

Seu tom era cortante como uma lâmina.

— Nunca mais ouse falar o nome dela. Vocês dois não são dignos disso.