Jordan
Alex veio atrás de mim, mas tudo que eu queria… era correr.
Assim que passei pela porta e vi o carro, não pensei.
Entrei, virei a chave… e parti.
Meu coração batia descompassado.
Eu quase não dirigia.
Brandon me ensinou quando eu tinha quatorze anos, mas nunca me deixava sair, então isso não era algo que eu tivesse prática.
Minha cabeça começou a me sabotar.
Trazendo de volta...
Não o Brandon monstro.
Mas aquele que me levava ao parque.
Que pedia pra Rosa fazer torta de maçã.
Que me comprava sorvete de baunilha.
Por um instante, dirigi no automático.
E quando percebi...
Estava no parque, perto da casa onde morava com Rosa e Brandon.
Meu lugar favorito.
Desci do carro e fui direto ao balanço.
Me sentei.
E me perdi nas lembranças.
Depois… nas dores.
Nas marcas.
Não notei ele se aproximando.
Até ouvir sua voz.
— Minha pequena…
Gelei.
Um arrepio percorreu meu corpo inteiro.
Me virei lentamente.
— Fico feliz em te encontrar aqui. E sozinha.
— Como me achou? — minha voz saiu firme.
— Coloquei homens pra vigiar você e a Evie.
— Não acha que mereço um abraço?
Me disse com aquele ar de deboche.
— Não vai querer saber o que eu acho que você merece.
Mantive minha expressão dura.
Não podia mostrar o quanto sua presença ainda me afetava.
Levei a mão discretamente ao bolso, e apertei o botão de emergência do meu celular.
Alex e Jack receberiam o alerta.
No começo fui contra isso.
Eu rastreio pessoas. Nunca sou rastreada.
Mas hoje...
Hoje isso seria útil. Hoje eu precisava deles.
— Eu entendo sua raiva. Não te julgo. No seu lugar, sentiria o mesmo.
— Então vai embora. Me deixa em paz.
Ele riu.
— Ah, pequena… você não muda.
Uma mistura do Alex com o brilho doce da Rachel nos olhos. — Ele estendeu a mão para colocar meu cabelo atrás da orelha.
— Mas a determinação... essa é minha.
O encarei, confusa.
— Sim. Você tem mais de mim do que imagina, Jo.
Jo.
Ele nunca me chamou assim.
Sempre foi Jordan, como Rosario me batizou.
Mas nunca... Jo.
— Brandon, eu não quero isso.
Não quero esse amor doentio que me machuca, que me marca — apontei para a cicatriz no meu rosto — e depois vem pedir desculpas.
Tirei a carta do bolso. Junto com a foto.
E entreguei a ele.
— Não quero lembranças boas. Nem cartas manipuladoras.
Ele olhou para os papéis como se eu tivesse lhe jogado uma bomba.
— Vocês abriram a caixa.
Não foi uma pergunta.
Mas mesmo assim, respondi:
— Evie quem abriu.
Brandon se levantou. Pegou minhas mãos.
— O que você está fazendo?
— Precisamos sair daqui. Agora.
Já conversei com Dimitri. Vamos passar um tempo na Grécia.
— Grécia? Você enlouqueceu?
— Jordan, não discute comigo!
A voz dele mudou.
Deixou de ser suave.
Já não tentava me conquistar.
Era aquela voz.
A que antecedia o caos.
Ele me puxou com força, me fazendo levantar do balanço.
Me soltei do seu aperto, mas ele me pegou novamente.
Com aquele olhar...
Aquele que vinha antes de domar a presa...
Que ele mesmo havia ferido.
— Eu não vou com você, Brandon.
— Claro que vai — sua voz endureceu. — Acha mesmo que tem escolha?
— Eu sempre tive.
Você que me fez acreditar que não.
Mas eu cresci.
E nunca mais vou permitir que mande em mim.
Nem me prenda.
Nem decida o que eu posso ou não fazer.
— Jordan, não me obrigue a fazer o que não quero.
Olhei bem nos seus olhos.
— Você não vai fazer nada. Meu irmão já está a caminho — respondi, firme.
Ele colocou a mão no meu rosto e disse com a voz baixa:
— Você não precisa dele, minha pequena. Só precisa de mim.
Dei um passo para trás.
Ele cerrou os punhos.
E por um segundo, achei que fosse voltar ao tom meloso.
Mas não.
O Brandon que estava ali não era o que dizia me amar.
Era o homem que tentou me moldar.
— Eu deixei a caixa na casa dos meus pais porque ele, de alguma forma, conseguiu rastreá-la.
— Ele quem? — perguntei, sentindo meu coração acelerar.
Ele me encarou, mas não respondeu.
E isso me deixou ainda mais assustada.
— Brandon, você não pode me obrigar a ir.
— Não posso? — ele se aproximou novamente, com os olhos queimando.
— Eu te protegi a vida toda.
Escondi você de monstros que você nem imagina.
Eu lutava. Resistia.
Mas eles eram mais rápidos.
Dimitri seguia Brandon, cobrindo a retaguarda enquanto os outros protegiam a fuga.
Alexander gritou.
— JORDAN!
Mas foi em vão.
Eles tinham conseguido me afastar.
Foi carregada pelo pesadelo que me assombrava.
Brandon correu comigo no meio da escuridão.
Mas ao se aproximar dos carros... ele parou.
Jackson acabava de chegar.
Saltava do carro correndo até Alexander.
Mas não nos viu.
Não viu Brandon.
Nem Dimitri.
Nem a mim, sua garota sendo arrastada como um fantoche partido.
Brandon, no entanto... viu.
E viu mais.
Viu Evelyn dentro do carro, observando tudo em choque.
Ele sorriu.
Um sorriso sombrio.
Cruel.
Insano.
— Hoje é meu dia de sorte — murmurou, olhando para Dimitri. — Duas... pelo preço de uma.
— Não! — gritei, se debatendo nos braços do russo. — Evie, corre! Sai daí!
Mas era tarde demais.
Brandon avançou.
Abriu a porta do carro com brutalidade.
Evelyn tentou reagir, tentou correr... mas ele foi mais rápido.
A agarrou com força.
Tapou sua boca.
Ela lutou, chorou, o arranhou.
Mas ele... venceu.
Eu gritava, lutava, desesperada.
Mas Dimitri me segurou como um animal domado.
— NÃO! NÃO! DEIXA ELA!
— Shhh — murmurou o russo, tirando uma seringa do bolso.
O olhei, os olhos arregalados.
— NÃO! — gritei.
— Vai descansar, princesa...
E então...
A picada.
O calor.
A escuridão invadindo os sentidos.
Meus olhos pesaram.
As imagens se embaralharam.
Mas, antes de tudo apagar, eu vi:
Evelyn...
Nos braços de Brandon.
Os olhos marejados.
E um sussurro escapou dos meus lábios, enquanto o encarava com ódio:
— Isso não é amor...
E então, tudo escureceu.

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