Alexander
Eu era puro caos e fúria.
Hugo conseguiu o que precisávamos, e Enzo rapidamente cedeu seus homens. Quando Giuseppe avisou que tinham a localização exata e que os haviam interceptado, por um instante... o alívio me tomou.
Minha família, em minutos, estaria em meus braços.
— Sterling.
Giuseppe veio em minha direção.
— Ele as levou pelo beco, mas Alessa foi com dois dos nossos melhores atrás deles.
— Alessa?
— Sim. Parece que ela se tornou amiga da sua irmã… e da sua mulher.
Aquilo me intrigou por um segundo. Mas não havia tempo pra questionamentos. O foco era um só: minhas garotas.
— Quantos homens foram com ela?
— Dois.
Bufei, e Jackson também.
— Brandon derruba dois até de olhos fechados — resmungou Jack.
Não podíamos perder tempo.
Avançamos. O beco estava estreito, escuro... mas à frente, vimos movimento. Corremos.
E então, eu a vi.
Evelyn.
Nossos olhos se encontraram e, por um instante, tudo parou. O mundo silenciou.
Mas ao me aproximar, o que vi fez meu coração parar.
Sangue.
Não pouco.
Uma poça.
As pernas dela, cobertas.
— Alex… — sua voz saiu num sussurro fraco.
— Nosso bebê… — ela murmurou, e o terror em seu rosto dilacerou meu peito.
Segurei suas mãos. Estavam geladas.
Pelo medo... ou pela perda.
— Salva nosso bebê… —
Foram suas últimas palavras antes de desmaiar em meus braços.
— Amor… — chamei com a voz embargada, mas ela já não me ouvia.
— Precisamos de um hospital! — A voz da Jordan me trouxe de volta à realidade.
E a relidade era brutal. Cruel.
Mas clara:
Salvar meu filho.
Agarrei Evelyn em meus braços e corri. Benjamin e Giuseppe vieram ao meu encontro.
— O que aconteceu? — Benjamin perguntou.
— Estávamos fugindo... mas um dos homens pegou Alessa. Tentamos ajudar, mas ele nos empurrou. Caímos juntas no chão… — explicou Jordan, com os olhos cheios de lágrimas, enquanto Jackson encostava o carro ao nosso lado.
— Benjamin, cuide de tudo. Ajude Enzo com Alessa. — dei a ordem firme.
Entrei no carro com Evelyn, a segurando com todo o cuidado do mundo.
Jackson e Jordan vieram conosco.
Ela chorava, se culpando.
Mas por mais que doesse vê-la assim, meu foco era um só:
Evelyn. E nosso filho.
Acariciava seu rosto. Beijava sua testa.
Sussurrava promessas de que tudo ficaria bem.
Mas toda vez que meu olhar escorregava para o sangue…
…era como se minha alma congelasse.
Chegamos ao hospital, e não me deixaram acompanhá-la.
Meu peito apertava. Cada minuto sem notícias era como se o meu coração definhasse aos poucos.
O sangue em suas pernas. Sua súplica.
“Salva nosso bebê.”
Nada disso saía da minha mente.
Ao meu lado estavam Jackson e Jordan.
Minha irmã estava tão arrasada quanto eu.
Perder meu filho doía.
Mas para minha mulher… isso a destruiria.
Evelyn não suportaria mais essa perda.
O tempo parecia se arrastar.
Horas passaram ou talvez fossem só minutos tortuosos.
Jordan mal olhava para mim, se manteve agarrada a Jackson como se fosse seu único porto.
Benjamin e Rosario chegaram pouco depois, buscando notícias.
— Alguma novidade, Alex? — perguntou Benjamin.
Só consegui balançar a cabeça.
Nem palavras eu tinha. Era como se meu corpo tivesse esquecido como falar.
Rosario tentava consolar Jordan como uma mãe faria.
E então, minha irmã levantou o rosto e nossos olhares se encontraram.
A dor nos olhos dela era a minha dor.
— Precisamos ser extremamente cuidadosos a partir de agora.
Assenti com um nó na garganta.
E quando ele abriu a porta...
Meu mundo inteiro estava ali.
Entramos um a um, e o som dos nossos passos parecia alto demais naquele quarto tão silencioso.
Evelyn estava ali.
Pálida. Frágil. Dormindo sob o efeito da medicação.
Mas ainda assim… linda.
A mulher da minha vida.
A mãe do meu filho.
Fui o primeiro a me aproximar.
Meus pés mal tocaram o chão enquanto cruzava a distância até a cama.
Ela parecia em paz…
Mas eu sabia.
Por dentro, Evelyn estava quebrada.
E se algo acontecesse com nosso bebê, ela não voltaria a ser inteira.
Sentei na beirada da cama com cuidado e segurei sua mão.
Estava mais quente agora.
Graças a Deus.
Inclinei meu corpo até que minha testa tocasse a dela.
Fechei os olhos por um instante, como se o simples contato fosse o suficiente para costurar as partes do meu coração que ela mantinha vivas.
— Nosso bebê está bem, amor… — murmurei.
Minha voz saiu baixa, rouca, carregada de um medo que eu raramente deixava escapar.
— Você conseguiu. Vocês conseguiram.
Suspirei contra sua pele.
— Mas a partir de agora, sou eu quem vai carregar o mundo por você.
Me afastei só o suficiente para encarar seu rosto adormecido.
Beijei sua testa com ternura, e deixei que as palavras saíssem como uma promessa selada com sangue:
— Eu vou proteger vocês dois com tudo o que eu sou.
Mesmo que isso signifique destruir tudo o que me tornei.
Ela não respondeu.
Mas a forma como seus dedos se moveram levemente nos meus... foi o suficiente.
Ela ouviu.
E por agora, isso bastava.

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