Jackson
Clamei para não ser tarde demais. Lutei por ela. Morreria, se fosse preciso, para que minha garota nunca mais tivesse que voltar para as mãos daquele psicopata do Brandon. Chegar com Alexander naquele beco e encontrar Jordan me trouxe o alívio que eu precisava, mas ver a culpa em seus olhos me dilacerou.
Corremos ao hospital. Jordan não soltou minha mão por um minuto, e mesmo sendo sob essas circunstâncias, isso me acalmava, pois ela havia estado distante nos últimos dias.
Aguardamos notícias com o coração na mão, e eu me calei. Minha garota não precisava de sermões, nem de palavras vazias. Ela só precisava da certeza de que eu estava ali. Para ela. Por ela. O único momento em que disse alguma coisa foi quando sussurrei em seu ouvido:
— Estarei sempre aqui, amor.
Ela se agarrou a mim como resposta, como se estivesse me aceitando para sempre, e isso aqueceu algo dentro de mim.
Rosario chegou e, assim como eu, tentou acalmá-la. Só que eu sabia o que Jordan realmente precisava: da aprovação de Alexander. A certeza de que ele não a culpava pelo que aconteceu.
E assim como clamei pela vida da minha mulher, fiz uma prece pela vida do meu sobrinho. Perdê-lo destruiria todos nós. Não só Alex e Evie, mas nós. Nossa família. E, principalmente, minha marrenta, que não conseguiria viver com a culpa.
Alexander me surpreendeu ao se aproximar de Jordan. Ela, claro, pulou em seus braços sem hesitar. Ele sempre foi um bom irmão, e parecia que, mesmo depois de todo sofrimento, ele ainda era.
O médico trouxe o bálsamo que tanto precisávamos: o bebê estava bem. Mas suas próximas palavras nos atingiram como um trovão.
“Por enquanto.”
Evelyn ia precisar de apoio, cuidados e... paz. Algo que, naquele momento, parecia fora do nosso alcance.
Entramos no quarto, nós cinco, para vê-la. Jordan ficou agarrada a mim novamente, enquanto Alex se sentou ao lado de Evelyn, que dormia serenamente. Os fios castanhos espalhados sobre o travesseiro, a expressão pálida sob a luz branca do quarto. Ele sussurrava para ela, e nós apenas observávamos em silêncio. Até que Evelyn acordou, e Jordan se soltou de mim, correndo para o seu lado.
— Ei, amor. — Alexander disse, selando os lábios dela com um beijo suave.
— E o bebê? — disse Evelyn, a voz embargada pela emoção.
— Ele está bem. — O alívio que as palavras de Alexander trouxeram a Evelyn foi visível.
Seus olhos então encontraram Jordan. Ela estendeu as mãos, e minha garota as segurou no mesmo instante.
— Desculpa, Evie. Nada disso teria acontecido… — Jordan começou, mas Evelyn a interrompeu, puxando-a para um abraço apertado.
— Minha menina… — começou Evelyn, numa voz doce. — Estou tão feliz que você está bem. Nada disso é culpa sua. Foi um acidente. Mas estamos falando de um Sterling. — Evie colocou a mão na barriga. — E ele não ia desistir de viver assim tão fácil, não é mesmo?
Ela falou com um toque de diversão, arrancando sorrisos de todos nós, mesmo em meio ao caos. Evelyn era realmente uma mulher extraordinária, oferecendo à minha marrenta o carinho que ela tanto precisava. As lágrimas tomaram conta do ambiente. Rosario chorou agarrada a Ben, enquanto Jordan e Evelyn se abraçaram com força.
Um som de batidas na porta cortou o momento. As meninas se separaram, e vimos Chen entrar com passos firmes.
— Chefe. — Alexander fez um gesto para que ele se aproximasse.
— Como está se sentindo, Evie? — perguntou Chen, com gentileza.
— Estou bem, Chen, obrigada. — Ela respondeu com um sorriso. Ele sorriu de volta antes de voltar para Alex.
— Temos um problema. — Alexander fez um sinal com a cabeça para mim e Benjamin, e entendemos o recado, seguindo para fora do quarto junto com Chen.
Assim que fechamos a porta atrás de nós, Chen começou:
— Enzo está derrubando Madri.
— Não é para menos, a irmã dele foi sequestrada. — Respondeu Benjamin.
— Hugo está tentando rastrear Brandon. Ele acredita que o cretino vai estar no seu antigo galpão, onde ele negociava suas armas.
— Brandon não é tão burro assim. — retruquei.
— Aí é que está, Hugo disse que ninguém vai no óbvio.
Benjamin e eu nos entreolhamos.
— Faz sentido. — disse Benjamin. — Eu mesmo pensaria como você: “ele não é burro”, e buscaria em outros lugares.
— Ok, se Hugo tem essa certeza, envie os caras pra lá.
Dei a ordem a Chen, acertamos mais algumas coisas e ele seguiu para cumprir o que mandei. A porta atrás de nós se abriu, Jordan e Rosario saíram. Me aproximei dela.
— Tá tudo bem?
— Podemos ir pra casa? — A voz dela era um sussurro.
— Claro, amor. Vou falar dois minutos com Alex e nós vamos.
Dei um beijo suave em seus lábios e fui até Alex. Conversamos sobre o que Chen disse e a ordem que eu dei. Alexander contou que Evelyn teria alta só pela manhã, e eu falei que levaria Jordan embora. Ele apenas assentiu, ainda com o peso do mundo nos ombros, mas pronto para tudo.
No caminho, Jordan permaneceu calada, mas eu sabia bem que sua mente não havia parado um minuto sequer. Chegamos quase ao mesmo tempo que Ben e Rosa.
Amélia veio nos receber, abraçando Jordan e oferecendo aquele afago acolhedor que só ela tinha. Mas antes de entrarmos, nos informou que tínhamos visita.
No instante em que passamos pela porta, a nossa visita nos interceptou.
Ele não disse nada, seus olhos ficaram presos na Jordan.
Que, para ele… sempre foi Sophia.
Ele se aproximou com cautela. Eu ainda não tinha esquecido nosso último encontro, mas não o proibiria desse momento com ela. Ele esteve na vida dela como todos nós. Fez o mesmo juramento. Chorou a sua morte.
— Oi, pequena...
A voz de Thomas saiu embargada. E, para surpresa de todos os presentes, principalmente para a minha, ela se jogou nos braços dele.
— Oi, Tom. — Ela sussurrou, agarrada a ele.
Os dois ficaram alguns minutos abraçados. Até que chamei a atenção deles:
— Entendo a emoção em vê-la pela primeira vez depois de tudo. — Me aproximei, cruzando os braços. — Mas não sei se curto muito você agarrado à minha mulher.
— Mulher? — O tom dele pra mim foi exatamente o mesmo que o de Alexander quando comecei a me envolver com a Jordan: o de um irmão ciumento.
— Acho que levou a sério demais, Reynolds, a brincadeira dela de quando era criança.
— Vai se acostumando, capitão. — Abracei Jordan por trás e dei um beijo em seu pescoço, fazendo-a rir. — Porque Jordan é minha mulher. — Pisquei pra ele, só pra provocar.
— Não provoca, Jack. Thomas pode te dar um belo chute no traseiro. — Benjamin alertou, rindo.
— Alexander sabe disso?
— Claro que sabe! — retruquei.
Thomas estendeu a mão para Jordan, que aceitou, e tenho certeza que foi só pra me provocar. Ele a abraçou de lado e beijou sua têmpora.
— Pequena, você não acha que está nova demais pra namorar?
— Tom, tenho dezoito anos. — Jordan respondeu, com aquele ar de quem já tinha enfrentado mais do que muitas mulheres crescidas.
— Pra mim, vai ser sempre a minha pequena. — Ele deu mais um beijo nela.
— Hija, como teria sido crescer com todos esses homens, hein? — Rosario disse, chamando nossa atenção.
— Bem, você eu não conheço.
— Essa é Rosario. Foi ela quem cuidou de mim quando Brandon me levou embora.
Notei o corpo de Thomas enrijecer ao ouvir o nome do desgraçado, mas logo seu sorriso voltou.
— Thomas Mitchell. — Disse ele, estendendo a mão para ela.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Meu noivo Morreu e me deixou para o Inimigo