Alexander
O chão ainda vibrava. O cheiro de fumaça, pólvora e grama queimada tomava o ar. Viramos a mesa, usando-a como escudo. Javier estava em uma ponta e Ethan na outra. Evelyn, atrás de mim, com o corpo tremendo, os braços instintivamente protegendo a barriga.
Mas seus olhos…
Os olhos dela carregavam uma determinação que me dava orgulho. Minha garota não cederia fácil. Não pra eles. Não hoje. Não enquanto eu respirasse.
Olhei rapidamente para os lados. Jack já tinha puxado Jordan pela cintura, a colocando atrás dele, com o corpo inteiro protegendo minha irmã. Thomas estava com Aline grudada a ele, os olhos varrendo o terreno com a frieza de quem já esteve em campo de batalha mais vezes do que deveria. Chen mantinha Lyu atrás de si, a mão direita na pistola e a esquerda apoiada nas costas dela, como um aviso silencioso: “não saia daqui”.
Mateo foi direto até Amélia e Lucas, empurrando os dois para trás da mesa, abrindo os braços como uma parede humana. Enquanto isso, Ben tentava proteger Rosa… que, claro, tentava fazer o mesmo por ele.
— Todos em posição! — gritei, minha voz cortando o ar como uma sentença. — Quero olhos em cada canto!
Javier, Owen, Andrew, Wyatt e Ethan entenderam o recado antes mesmo de eu terminar a frase. Com as armas empunhadas, se espalharam com a precisão de quem treinou pra isso a vida inteira.
— Hugo, comigo! — chamei, e ele já estava ao meu lado.
O portão dos fundos da piscina explodiu com um segundo estrondo. Vi dois homens armados surgirem, mas eles não deram nem dois passos antes de Wyatt derrubá-los com dois tiros certeiros. Um na cabeça. Outro no peito.
Mas os caras não estavam sozinhos.
De repente, como formigas saindo de um formigueiro, os inimigos começaram a surgir no meio da fumaça.
— Porra! — gritou Jackson. — Infiltração pesada!
— Precisamos evacuar as meninas! — Thomas disse, em tom firme.
A fumaça ainda era densa. Precisava agir como na guerra.
Eu era um Ranger, porra!
O melhor em décadas.
Esses malditos não iam chegar perto da minha família.
— Contenham o avanço! — Minha voz saiu baixa, quase um rosnado. Um comando telepático entre nós. — Não deixem que se dispersem!
Todos assentiram. Owen interceptou dois e conseguiu pegar deles os fuzis, jogando um para Jackson e o outro para Benjamin.
— Dá sua arma, Reynolds — pedi, estendendo a mão. Assim que peguei, me virei para Evelyn.
— Você sabe o que fazer.
Ela segurou a arma com firmeza, me puxou para um beijo rápido, encostou a testa na minha e sussurrou:
— Atira primeiro…
Sorri contra os lábios dela.
— Hoje é sem perguntas, amor. — Coloquei a mão em seu rosto. — Só atira.
A beijei de novo, sussurrando um “eu te amo”. E ouvi dela, sem hesitação:
— Eu também.
O estalo seco dos fuzis começou. Meus homens se moviam em padrão de ataque, calculando cada passo no meio do caos. Ordenei a Hugo e Mateo que ficassem com as meninas, Amélia e Lucas.
Meu instinto queria me manter colado à Evie, mas era preciso agir.
A adrenalina pulsava, mas minha mente estava fria. Clara.
O foco de tunelamento se ativou. Eu estava de volta à guerra.
O cenário se desenhou como um mapa tático na minha cabeça.
Andrew conseguiu um dos rifles do inimigo. Ele nunca brincava em serviço.
Pouco me importava quantos malditos eram.
Eu tinha os melhores ao meu lado.
Cada um deles… uma máquina de combate.
E nenhum deles… falharia.
— Limpe e avance! — ordenei.
— Estava só esperando essa ordem — Jack disse, estalando o pescoço.
— Limpeza é comigo mesmo — Benjamin ajeitou o fuzil, com um meio sorriso.
— Vamos mostrar pra esses filhos da puta com quem eles mexeram! — Thomas disse, levantando o punho.
Todos nós entendemos o recado. Cada um bateu o próprio punho no dele. Um pacto silencioso.
Antes de avançar, olhei para Evelyn.
Ela estava atenta a tudo. Firme. Pronta pra lutar se fosse preciso.
Meu medo era real…
Medo de que algo acontecesse com ela. Com meu filho.
Mas meu amor… era ainda maior.
Respirei fundo. Fechei os olhos por um segundo. E gritei com tudo que tinha nos pulmões:
— NÓS SOMOS RANGERS, PORRA!!
Meus homens nem hesitaram.
— HOOAH! — meu grito de guerra ecoou no meio do caos.
— HOOAH! — todos eles responderam em uníssono.
Levantei minha arma, mirando na névoa onde as sombras se moviam.
Este não era o inferno que eu esperava.
Mas, para eles… seria o último.
O silêncio reinava.
Esses caras eram treinados.
Sabiam se mover. Sabiam esperar.
O som metálico ao longe, o cheiro de pólvora misturado ao sangue dos primeiros infelizes que ousaram avançar… tudo fazia meu instinto gritar.
A fera em mim já estava fora da coleira.
Caminhávamos em formação.
Eu à frente.
Jack e Ben como meus braços.
Chen e Tom na retaguarda.
O restante dos meus homens, espalhados.
Ouvimos um assovio. A fumaça começava a se dissipar.
— Querem nos intimidar — disse Tom.
— Mantenham a formação. Já sabemos onde eles estão.
O chão parecia tremer sob nossos pés. O som metálico de balas ricocheteando no solo era uma ameaça ensurdecedora. Eles não queriam nos atingir. Queriam nos encurralar.
Mas eu mantive a formação.
Liderava com os olhos cortando a névoa como lâminas.
E então… o vento bateu.
A fumaça cedeu.
Uma nova explosão rasgou o portão lateral, lançando estilhaços e uma fumaça densa e negra.
Tom parou no meio do caminho, Ben mirou no portão e Jack soltou um palavrão.
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