Capítulo 146 – Irmãos
Brandon
Dimitri disse que havia Blackwater rondando a mansão do Alexander.
O que significa uma coisa: meu pai está por perto.
Ou… mandou o idiota do Steve no lugar dele.
Com Alessa, não teve acordo.
Ela disse que me acompanharia. Mas ligou para o irmão no caminho, só pra dizer que estava bem e indo até a casa do Sterling.
Claro que ela deixou de fora o detalhe de que estávamos indo juntos.
Enzo ainda não me perdoou.
A verdade é que ele acha que fui eu quem não entreguei as armas… quando, na realidade, foram os Black que as roubaram.
Mas… eu fui um cretino.
E cretinos… não têm vez.
Mesmo quando não erram.
Alessa quis saber a minha história.
Tentei enrolar, mudar de assunto…
Mas ela sabia usar as palavras. Sabia como me ler.
E… no fim… conseguiu o que queria.
Alexander e Sophia… são meus irmãos.
Filhos do meu pai… com Andrea Sterling.
Mas o tempo estava correndo.
E eu não podia deixá-lo levar minha pequena.
Alex é bom. Tem os melhores ao lado dele.
Mas os Black…
Eles têm tudo.
Assim que chegamos, desci do carro correndo.
— Fica no carro! — gritei pra Alessa, que vinha logo atrás.
— De jeito nenhum! — ela retrucou.
— Sério, Alessa… esses caras não são brincadeira.
Ela já estava pronta pra me responder quando ouvimos um estrondo.
A fumaça subia… vinha da direção da casa do Sterling.
Estávamos a uma quadra de distância.
Eu precisava correr.
Corri como se o inferno estivesse atrás de mim.
Corri… pra encontrar meus irmãos.
Os carros começaram a parar em frente à casa.
— Brady… — Jeff me chamou assim que desceu de um dos veículos.
— Todos os Black… — eu disse, já ofegante, chegando ao lado dele.
— Mostra pra esses filhos da puta… que só eu mexo com a minha família.
Ele entendeu o recado.
Trabalhei com a Hydra nas sombras.
Criei ela com dezoito anos.
Minha intenção… sempre foi acabar com os planos do meu pai.
Sei que me perdi no caminho.
Que fiz merda.
Muita merda.
Mas uma coisa é certa:
Ninguém mexe com a minha família.
Ninguém… além de mim.
Entrei.
E o caos já tinha tomado tudo.
Meus olhos… instintivamente… procuraram por ela.
Evie.
Por um segundo… meu primeiro impulso foi correr até ela e Jordan.
Tirar as duas dali.
Mas então… ouvi o grito de desespero da Evelyn.
E vi o motivo.
Alex…
Ele estava ferido.
E o atirador…
Tinha ele na mira.
Uma memória explodiu na minha cabeça.
Eu tinha nove anos.
Ele, dez.
A bola foi pra rua.
Minha bola nova. Presente de aniversário.
Corri atrás sem pensar.
Não vi o carro.
Mas ele… viu.
Alex correu. Me empurrou pra calçada.
O carro o atingiu…
E mesmo antes de desmaiar…
Ele sussurrou pra mim, com a boca cheia de sangue:
"Hooah… irmão."
O grito dos Rangers.
Desde que assistimos Falcão Negro em Perigo, nunca mais esquecemos.
Nem o filme…
Nem a promessa de um dia sermos como eles.
Voltei pro presente.
Corri.
Empurrei Alex pra longe da linha de tiro.
E a bala…
A bala me atingiu.
— HAA… — gritei, caindo de joelhos.
Ouvi Alessa gritar meu nome.
Mas meu foco…
Foi só nele.
Me inclinei… o sangue quente escorrendo…
Me aproximei do Alex…
E com o pouco de força que me restava…
Antes da escuridão me engolir…
Deixei as palavras saírem.
— Hooah… irmão…
E então…
Eu apaguei.
Acordei com a boca seca…
E o ombro… latejando como o inferno.
Mas… não estava no chão.
Sentia o macio do colchão embaixo de mim… e algo pesado sobre o meu peito.
Quando meus olhos terminaram de abrir… e meus outros sentidos começaram a se situar…
Veio o cheiro…
Doce… suave…
O peso… vinha de alguém deitada em mim.
— Evie?! — sussurrei, ainda grogue.
A pessoa levantou num susto.
— Evie?! — ela repetiu, indignada. — Estou aqui com você há mais de vinte e quatro horas… e você chama pela Evie?
A voz dela.
O olhar dela.
A indignação.
Alessa.
Tentei organizar os pensamentos… puxar as últimas memórias…
E tudo me atingiu de uma vez.
Alessa e eu… nosso momento…
Dimitri… os Black…
A ordem que dei ao Jeff…
E então…
Levei a mão ao ombro… sentindo o curativo.
— Agora sabe como eu me senti. — eu disse, com a voz arranhada.
Tentei me sentar… mas a dor não deixou.
— Com você preferindo o Alexander… depois de transar comigo. — concluí, jogando a cabeça de volta no travesseiro.
Olhei pra ela.
Braços cruzados…
Postura de quem estava irritada… e com razão.
— Pode me contar o que aconteceu?
Ela virou pra me encarar.
— Acho que vou chamar a Evelyn pra te contar. — disse com sarcasmo.
— Evelyn tá aqui? Onde estamos? — perguntei, forçando o corpo pra levantar. Mas o grito de dor foi inevitável.
— Idiota! — Alessa rosnou, vindo me ajudar. — Estamos na casa do Sterling. Por sorte, a amiga da Evelyn que por sinal é médica estava aqui.
Ela ajeitou os travesseiros atrás de mim com cuidado.
— Aline cuidou de você e do Alexander. O Sterling, como sempre, tinha tudo o que ela precisava.
Ela se sentou ao meu lado na cama.
Os olhos cinza encontraram os meus.
— Vocês dois precisavam de sangue… e a única pessoa que podia doar… era a Jordan.
Meu peito congelou por um segundo.
— Ela… me doou sangue? — perguntei, tentando sorrir.
— Não. — a resposta dela veio como um tapa. — Ela doou pro Alexander. Mas a doutora te deu umas medicações… e disse que demoraria mais pra você acordar.
Engoli seco.
Tentei manter a postura.
Fingir que não doeu.
Que não me atingiu.
— Você dormiu por mais de vinte e quatro horas.
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