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Meu noivo Morreu e me deixou para o Inimigo romance Capítulo 149

Alexander

Precisei de muito autocontrole para não acabar com o Brandon ali mesmo.

A forma como ele olhava para a Evelyn…

Com amor.

Com saudade.

Como se ela ainda fosse dele.

Mas eu precisava amarrar todas as pontas soltas desse maldito quebra-cabeça.

E, infelizmente… só ele podia me dar todas as respostas.

— Estou esperando sua resposta, Anderson.

— E eu… a sua! — Ele rebateu irritado, cruzando os braços com aquela arrogância típica.

— Eu tinha minhas desconfianças. — Cruzei as pernas e dei um sorriso de canto. — O senhor Anderson sempre presente… o nosso tipo sanguíneo raro… e a sua obsessão por mim…

— Vai sonhando! — Ele bufou, se sentando na poltrona como se quisesse me provocar.

— Quando te salvei daquele carro… precisei de uma transfusão. — Continuei, ignorando o deboche dele. — O médico disse que meu tipo sanguíneo era raro… Sou um doador universal, mas não posso receber de qualquer um. Foi naquele dia que o senhor Anderson…

— Nosso pai. — Ele me interrompeu, e o tom dele… foi um soco direto no estômago.

Engoli em seco… mas continuei.

— Foi ele quem me doou sangue. Eu só tinha dez anos. Não entendia muita coisa… mas gravei aquilo. Nunca esqueci.

Na minha cabeça… ele era o pai que eu não tinha.

Meu padrasto era um lixo… E o senhor Anderson… era o herói da minha vida.

Minha voz falhou por um segundo, mas logo me recompus.

— Ele me acompanhava… me treinava… me ensinava tudo o que eu sei… Me defendeu quando matei aquele maldito… Me deu o próprio sangue.

Eu… fui burro o suficiente pra achar que era só um bom amigo da família.

Alguém que se importava.

Prendi meu olhar no dele… sem piscar.

— Pra mim, ele era só isso. Um herói.

Ele… não podia ser meu pai.

Porque o meu pai… era um monstro.

Um covarde que violentou minha mãe quando ela tinha dezesseis anos.

— Herói… — Brandon bufou com tanto desprezo que a palavra saiu quase cuspida.

— Mesmo com todas as evidências… eu nunca fui atrás da verdade. — Respirei fundo. — Não precisava de mais uma decepção na vida… Mais uma perda... Mais uma cicatriz.

Descruzei as pernas e inclienie meu corpo pra frente.

— Ninguém… — Meu tom baixou, mas foi tão cortante quanto uma faca. — Ninguém quer descobrir que o próprio herói… é o seu maior pesadelo.

Brandon ficou em silêncio. Mas eu via nos olhos dele… ele queria me dizer algo. Talvez até entendesse o que eu sentia. Mas... ainda não era hora pra isso.

— Então… — Ele quebrou o silêncio. — Como descobriu? Quando teve essa certeza?

— Em Ibiza. — Cruzei os braços, encarando-o. — Numa conversa com o Enzo… ele me disse coisas interessantes sobre você.

Sobre a menina que você protegia… sobre as armas… sobre sua ligação com a Hydra… e sobre a sua guerra contra os Blackwater.

— Só isso? — Ele ergueu uma sobrancelha. — Você desconfiou… e vozes na sua cabeça te deram a certeza?

Soltei uma risada seca.

— Pensei que você me conhecesse melhor, Brady.

O corpo dele ficou tenso. Eu percebi.

Chamei de propósito.

Brady…

Como eu fazia antes.

Levantei da poltrona e caminhei até a cama, onde estava a tal caixa com as merdas dele.

Abri, peguei o documento que eu tinha escondido ali.

— Quando cheguei em Madri… procurei a única pessoa que ainda parecia estar ao seu lado.

— Jeff… — Ele disse o nome como se estivesse mastigando vidro.

Assenti.

— Pedi ajuda a ele… precisava de um DNA. Não tinha dúvidas sobre a Jordan ser a Sophia… mas eu queria entender a sua obsessão…

Queria saber o que te fazia… me odiar… e ao mesmo tempo… me proteger.

Me aproximei dele e joguei o envelope no colo dele.

— Peguei amostras suas… e dela. Fiz o teste.

Mas… — Cruzei os braços, meu olhar frio como aço. — No fundo… eu já sabia.

Brandon abriu o envelope com as mãos trêmulas.

Eu o observei lendo o resultado…

E quando os olhos dele se ergueram pra mim… eu soube.

Agora…

Não tinha mais volta.

A verdade estava nua e crua entre nós.

Dois filhos do mesmo monstro.

Dois irmãos.

E um passado que ia destruir tudo.

— Você é um desgraçado, Alexander! — Ele gritou, se levantando num pulo e vindo pra cima de mim. — Se você desconfiava… por que nunca me contou? Por que nunca perguntou à sua mãe?!

— Porque eu não queria destruir a única coisa boa que você tinha, seu babaca!

Dei um empurrão no peito dele, o afastando com força.

— Coisa boa?! O que eu tinha de bom, Alex? Um pai? Um lar?

Vi os olhos dele… marejados.

Aquilo me travou por um segundo.

— De nós cinco… você era o único que tinha uma casa. Um pai. Uma mãe. Uma família que te amava.

Minha voz saiu mais baixa, mais amarga.

— Eu já era um fodido. Por que eu iria querer o mesmo pra você?

Dei mais um passo pra ele, mas a risada que ele soltou…

Ela me arrepiou.

Não de medo.

Brandon nunca me causou medo.

Mas sim um desespero que eu lutei a vida inteira pra não sentir por ele.

Lutei pra odiá-lo.

Quando, no fundo… eu nunca deixei de amá-lo.

— Sabe com quantos anos eu descobri que o meu pai... — Ele fez uma pausa e apontou o dedo pra mim, depois pra ele mesmo, com um gesto amargo. — Que o nosso pai… era um maldito?

Ele respirou fundo.

— Com treze anos.

Ele deu um passo, os olhos vermelhos. — E eu descobri da pior forma… Vendo ele abusar da SUA MÃE!

Dei um passo pra trás.

O quarto pareceu encolher ao meu redor.

O ar ficou pesado… sufocante.

— Eu a procurei depois daquele dia… — A voz dele ficou mais baixa, como se reviver tudo o estivesse esmagando. — E ela me fez prometer que nunca contaria a ninguém. Na época… ela não me disse que a gente era irmão. Nem que a Sophia também era minha irmã.

Ele voltou a se sentar, afundando os cotovelos nos joelhos e escondendo o rosto nas mãos.

— Eu descobri… no dia que ela se matou.

A voz dele quebrou.

— Andrea estava saindo da minha casa… Eu vinha voltando com o Thomas. A gente se encontrou no portão.

Ele respirou fundo, as lágrimas caindo.

— Ela segurou meu rosto entre as mãos… e disse: “Eu não aguento mais, querido”…

O choro dele finalmente transbordou.

— Ela me contou tudo… — Ele continuou entre soluços. — O Billy… só abusou da Rachel porque achava que ela também era filha do meu pai. Só que o maldito estava abusando da própria filha.

Minhas pernas quase falharam.

Meu corpo inteiro estava anestesiado.

Minha mãe…

Minha irmã…

Minha… Rachel…

— Rachel era filha do Billy. Só você… e a Sophia… eram meus irmãos.

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