Alessa
A paixão que eu achava ter por Alexander evaporou em questão de segundos.
Talvez porque nunca tenha sido de verdade… Talvez só um capricho bobo da minha parte. Admito.
Brandon me pegou de jeito… Literalmente.
Mas não era só físico.
Tinha algo nele.
Nos olhos.
Nos gestos.
Até nas palavras que ele insistia em esconder… Mas que eu era boa o bastante pra captar.
Enzo tinha surtado com o meu suposto “rapto”, mas eu logo o tranquilizei e avisei que ficaria com o Anderson o tempo que fosse necessário.
Ainda não me sentia completamente à vontade naquela casa. Mesmo tendo criado uma certa amizade com as meninas, estar ali… ainda era estranho.
Depois que Brandon acordou, ele queria ir embora. E claro… eu iria com ele.
Mas a confusão com Reynolds mudou tudo.
E como sempre… bastou Alexander passar pela porta pra gelar o ambiente inteiro.
Esse era o efeito dele. Sempre foi.
Ele não me deixou ficar com Brandon. Me tirou do quarto.
Evelyn apareceu, mas também não ficou lá dentro.
Nós duas… ficamos paradas no corredor, uma de cada lado da porta, com um silêncio incômodo entre nós.
De vez em quando, trocávamos uma ou duas palavras rápidas… quase por obrigação.
Até que os gritos lá dentro começaram.
Evelyn não resistiu e entrou.
Eu fui atrás… com Thomas e Benjamin logo atrás de mim.
Gritei com Sterling. Fui até o Anderson.
Evelyn conseguiu tirar o noivo de lá.
Thomas e Benjamin ficaram até o Andrew chegar e tratar Brandon.
Depois… todos saíram.
E ficamos só nós dois.
Brandon estava sentado na cama, os cotovelos apoiados nos joelhos, a cabeça escondida entre as mãos.
Me sentei ao lado dele com cuidado, e comecei a acariciar seus cabelos loiros.
Ele não me afastou…
Mas também não retribuiu o gesto.
E pra mim… estava tudo bem.
Não sou o tipo de mulher que corre atrás de migalhas… mas aceito o que ele quiser me dar… pelo tempo que ele quiser.
E no dia que não for mais o suficiente… eu sigo meu caminho. E ele… o dele.
— Ele sabia que éramos irmãos… sempre soube. — A voz dele cortou o silêncio.
— Claro que sabia. — Respondi, os dedos ainda brincando nos fios bagunçados dele. — Ele é o Alexander Sterling… nada fica encoberto por muito tempo perto dele.
Brandon ergueu a cabeça devagar…
Os olhos azuis encontraram os meus… carregados de tudo o que ele sentia e não dizia.
— Não tô com humor, Alessa… — Ele começou, a voz rouca. — Pra ouvir você dizendo que ele é melhor… que prefere ele… ou…
Não deixei ele terminar.
Inclinei o corpo, segurei o rosto dele entre minhas mãos e…
O beijei.
Não foi um beijo doce.
Não foi suave.
Foi intenso. Quente. Possessivo.
Na mesma medida de raiva e necessidade com que ele me beijou naquela vez… quando quis provar que era melhor que Alexander.
Minha boca exigia.
A dele… revidou.
As mãos dele vieram para minha cintura com uma urgência que eu reconheci na pele. Ele me puxou com força pra cima do colo dele, como se o mundo estivesse desabando, e eu fosse o único alívio que ele tivesse.
Quando nossas bocas se separaram, a respiração dele era pura entrega…
Mas os olhos…
Ainda eram os mesmos olhos de um homem em guerra.
— Se você deixar… — sussurrei no ouvido dele, sem conseguir conter o sorriso — Eu posso te provar que ninguém nunca mais vai te comparar a ele…
Ele respirou fundo. Fechou os olhos por um segundo, como se absorvesse cada sílaba, cada provocação escondida nas minhas palavras.
— Eu só quero voltar a ser eu… — ele disse com um cansaço genuíno na voz, o olhar perdido por um instante, mas logo voltou a me encarar com aquele azul intenso que parecia me despir inteira.
Acariciei o rosto dele com os dedos, suavemente. E com a boca próxima ao ouvido dele, sussurrei:
— Então me mostra, Anderson… Quem é você.
E foi como se eu tivesse destravado uma fera adormecida.
Brandon deslizou a mão pela minha cintura, deitou na cama me levando com ele, o movimento que fez denunciava o quanto o braço ainda doía, mas ele ignorou completamente. Nossos corpos se encaixaram como se sempre tivessem pertencido um ao outro.
O beijo que veio em seguida foi diferente de todos os anteriores. Não era um beijo de raiva… nem de provocação… Era um beijo de entrega.
As mãos dele subiram pelas minhas coxas, deslizando sob meu vestido, até encontrarem minha pele nua. Ele gemeu rouco, como se sentir meu toque fosse a única coisa que o mantinha de pé naquele momento.
Desci meus lábios pelo pescoço dele, saboreando cada tremor que causava. Brandon retribuía com toques firmes, quase desesperados. Quando minhas mãos começaram a abrir os botões da camisa dele — a mesma que Thomas tinha emprestado e demoramos longos minutos para colocar por causa do curativo. — ele riu baixinho.
— Você só pode estar brincando… — disse ele com a voz falha quando puxei a camisa dele com mais força para o lado, expondo o peito nu.
— Shhh… — sussurrei contra a pele dele. — Eu prometo que vou ser cuidadosa…
Tirei a calça dele, e movi com cuidado, encaixando meu quadril no dele, e a resposta foi imediata. Mesmo machucado, o corpo dele reagia ao meu como fogo encontra gasolina.
As estocadas dele não foram selvagens… Mas foram profundas, possessivas, quentes. Cada movimento era como se ele estivesse se gravando dentro de mim. Não com brutalidade, mas com uma intensidade que me fez perder o fôlego.
Ele me conduziu com as mãos firmes nos meus quadris, guiando meu ritmo. E quando o corpo dele começou a tremer por baixo de mim, eu soube… Que aquela entrega… era real.
Quando gozei, arqueando sobre ele, com as unhas cravadas em seus ombros e o nome dele nos meus lábios… Ele me puxou para um beijo que foi mais uma confissão do que qualquer palavra que ele já tivesse dito.
E quando ele gozou logo depois, com um gemido abafado no meu pescoço… Eu soube.
Ali… Naquele instante… Ele não era sombra de ninguém.
Ele era só Brandon Anderson.
E era o suficiente.
Fiquei um tempo ainda deitada no peito dele. Agora era Brandon quem me acariciava, brincando com meu cabelo. Levantei a cabeça, apoiei os braços em seu peito e o queixo nas mãos.
Deixei que ele me segurasse…
Deixei que aquele peso saísse um pouco dos ombros dele…
E no fundo…
Sabia que a partir daqui… nada entre nós dois seria só físico.
— A partir dali eu comecei a mudar. Trabalhei demais, escondi demais… Enganei demais. Chegou um momento que eu já não sabia mais quem eu era.
Ele fez uma pausa longa antes de continuar:
— E a Rachel… Sem saber, acabou ficando no meio desse fogo cruzado entre eu e o meu pai. Ele caçava o cabeça da Hydra… Sem saber que o cara que ele tanto queria destruir… dormia na própria casa dele.
Brandon beijou meu pescoço, me soltou devagar e voltou a se deitar ao meu lado, os olhos perdidos no teto.
— Eu surtei, Alessa… — A voz dele saiu baixa, quase um sussurro. — E acabei levando comigo as duas coisas mais puras que eu tinha na minha vida. Primeiro foi a Rachel… Eu tentei amá-la como mulher… Mas ela sempre foi como uma irmã pra mim.
Ele respirou fundo, os olhos ainda marejados, mesmo que ele tentasse esconder.
— Depois… Foi a Sophia. Porque doía demais olhar pra ela e ver a Rachel… O Alex… E todas as merdas que eu tinha feito até ali.
Brandon suspirou mais uma vez… e então… parou de falar.
Eu não insisti. Ele já tinha me dito mais do que qualquer outra pessoa no mundo sabia.
O que ele precisava agora… não eram julgamentos. Nem soluções prontas.
Ele só precisava de alguém que o ouvisse… E que o fizesse se ouvir também.
Pra que as ações boas… e as ruins… começassem a fazer sentido. E assim... Ele conseguisse consertar.
Primeiro com ele mesmo…
Depois… com os irmãos.
— Eu me quebrei… e a Sophia também. — A voz dele vacilou. — Ela nunca vai me perdoar… Porque nem eu mesmo consigo me perdoar. Minha cabeça é fodida, Alessa. Eu sou um fodido.
Me deitei sobre ele novamente, ficando com o rosto bem perto do dele. Meus olhos mergulharam nos olhos azuis que sempre me lembravam o oceano. Profundos… Revoltos… Incontornáveis.
— Então me deixa te consertar… — Passei os dedos pelo rosto dele, traçando cada linha de expressão... Ele não desviou o olhar dos meus.
Sorri de leve, e levei meu lábios até seu ouvido.
— Vamos ser fodidos juntos. — Sussurrei, com a provocação certa na voz. — Me fode, Brandon Anderson…
Em um único movimento, ele me virou, colando minhas costas na cama, me arrancando uma gargalhada.
Brandon beijou meu pescoço, a mordida veio logo em seguida… me fazendo gemer alto.
E então, com aquela voz rouca e suja de desejo, ele sussurrou bem no meu ouvido:
— Com prazer… Alessa Mancini.
E foi mesmo…
Com muito prazer…
Brandon e eu… Somos a coisa mais improvável que existe.
Ele… Um mercenário quebrado.
E eu…?
Uma princesa da Máfia.
Mas quebrados… se consertam.
E princesas…?
Se tornam rainhas.

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