Evelyn
Eu não estava cem por cento convencida da ideia do Alexander de conversar com o Brandon. Não depois da forma como o vi… quebrado… sofrendo… carregando uma culpa que, no fundo, não era dele… era da situação em que o colocaram.
Meu amor por Alexander transcende qualquer coisa que se possa imaginar. E, pra mim, só a ideia de vê-lo se machucar de novo… me dói.
Dói de um jeito que só eu sei.
Só que estamos falando do Senhor Alexander Sterling.
E ele…
Não desiste.
Não se curva.
E… não quebra promessas.
Nesses três dias em que ele ficou recluso, conversamos muito.
Ele me contou melhor a história dele e do Robert…
O medo…
A morte da mãe…
A decisão de esconder o segredo sobre o sangue raro… e tudo o que veio com isso.
Me contou também daquela memória linda com as irmãs…
Da promessa dele…
De nunca “cansar”.
E agora eu entendo…
Que entre eles… essa palavra tem um significado muito maior do que o real sentido dela.
Para eles… “cansar” significa encerrar a dor.
Desistir.
Deixar de viver… porque a dor é grande demais.
Foi assim com Andrea Sterling.
Com Rachel Sterling.
E Alexander Sterling… não queria mais ver ninguém “cansando”.
Muito menos seus irmãos.
Mesmo que um deles… seja o cretino que destruiu nossas vidas.
Quando chegamos ao quarto do Brandon, Alex entrou no modo CEO.
Com sua imponência, autoridade e firmeza.
Ele não vacilava nas palavras… nem na forma como andava… nem no olhar.
Alessa tentou impedir… mas segurei seu braço.
Só que aí… eu vi.
Ele… bem na minha frente.
O Brandon que eu conheço…
Dei um passo para trás, porque sabia o que vinha a seguir:
Algo sendo jogado… os gritos… as palavras que machucam.
Alessa, que estava ao meu lado, não recuou.
Pelo contrário… caminhou até ele.
— Brandon… — Alex o chamou.
Ele não abaixou o tom.
Manteve sua postura Sterling.
Brandon levantou a cabeça… encontrou os olhos de Alexander…
E então…
Deu aquele sorriso.
Cruel.
Aquele que… sempre antecede o caos.
O olhar dele ficou vazio… e ao mesmo tempo carregado de ódio.
As pupilas dilataram… a respiração acelerou…
As mãos começaram a fechar e abrir… como se o corpo inteiro estivesse tentando segurar algo prestes a explodir.
— Então é isso? — Brandon rosnou. — Veio aqui… pra me provocar… jogar na minha cara sua misericórdia… me dizer que não estou cansado… Acha que não sei Sterling, o que isso significa?
O tom de voz dele oscilava entre um sussurro e um grito.
Alessa estendeu a mão, mas ele a afastou com um movimento brusco.
— Você sempre perfeito… Eu nunca quis ser como você, eu não precisava ser como você… Porque eu sou bom, sou melhor do que ele… — A risada dele foi amarga, quase insana. — Que até hoje, mesmo desconfiando nunca me pegou!
Deu um passo para frente, os olhos focados em Alexander como se o mundo inteiro girasse apenas naquela raiva.
Os ombros dele tremiam… o peito subia e descia rápido demais…
Como se lutasse contra ele mesmo.
— Não quero sua pena! — Brandon gritou. — Nem sua misericórdia! Quer me mandar pro inferno Alexander? EU JÁ ESTOU NELE!
Sem aviso… o som de algo se partindo ecoou.
Ele pegou uma das cadeiras do quarto e a arremessou contra a parede com tanta força… que a madeira se quebrou no impacto. A cena me atingiu... Mas do que devia... Trouxe memórias que pensei já não existir mais.
Alessa tentou segurá-lo novamente.
— Brandon… olha pra mim… respira… — A voz dela era baixa, mas firme.
Ele virou para ela… os olhos arregalados… confusos… como se só naquele instante tivesse percebido que ela estava ali.
— FICA LONGE DE MIM! — Ele berrou… — Acha que porque transamos você manda em mim? Ninguém manda em mim. — Ele disse.
— Brady melhor você se acalmar. — Alex disse com um tom autoritário, mas eu via na sua voz, o medo estava ali. Não de Brandon, mas do que poderia acontencer.
— Alex... — Eu sussurrei, só que aí... Eu não chamei atenção só do meu noivo. Chamei a dele também.
Os olhos de Brandon ficaram fixos nos meus e ele começou caminhar, e era na minha direção que ele vinha. Olhei em volta do quarto, em busca do banheiro... Ele sempre era meu refugio.
Dei mais um passo para trás, e comecei balançar a cabeça. E foi aí que as palavras saíram sem que eu percebesse.
— Desculpa Brady...
Os olhos dele cravados em mim.
Mas eu não me movi.
Porque eu conheço esse olhar.
Conheço esse descontrole.
E sabia…
Que o surto… ainda estava só começando.
— Não dê mais nenhum passo, Anderson. — O tom do Alexander era ameaçador.
Eu sentia meu corpo tremer…
O coração bater como se quisesse rasgar meu peito de dentro pra fora.
O ar ficou mais pesado…
O silêncio… mais ameaçador.
Brandon deu mais dois passos em minha direção… os olhos injetados… o peito arfando…
Alexander parou bem na frente dele, e eu recuei mais alguns passos. Eu precisava sair dali.
Alessa se colocou entre Alex e ele, como um escudo humano.
— Anderson… olha pra mim… — Ela estendeu as mãos… tentando alcançá-lo. — Tá tudo bem… sou eu… Alessa… lembra?
Ele congelou… só por um segundo… os olhos vacilaram…
Mas foi rápido demais…
Porque logo depois… veio a explosão.
— VOCÊ TAMBÉM?! — Ele gritou com tanta força que até eu… dei um pulo pra trás. — AGORA VOCÊ TAMBÉM VAI FICAR DO LADO DELES?!
Alessa tentou segurar os ombros dele…
Mas Brandon… a empurrou. Não com força pra machucá-la… mas o suficiente pra afastá-la.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Meu noivo Morreu e me deixou para o Inimigo