Capítulo 170 – Falhei…
Alexander
Tive que pensar rápido, avaliar os riscos. E a única ideia que me veio foi: “Mandar esse avião pelos ares.” E não era decolando.
Decidimos ir em dois grupos: meus homens para o ataque e nós para o recuo. Corremos para um lado, e meus homens para o outro, mas o objetivo era o mesmo. Salvar minhas garotas.
No caminho, notei que minha irmã desacelerou. Minha mulher corria ao meu lado, mas minha cabeça também se voltava para minha pequena. Jackson me deu um sinal de “ok” e seguimos.
Mas tudo aconteceu muito rápido. Jack foi atingido, minha equipe abriu fogo, e o caos reinou.
— Alex! — Ben me chamou, e quando olhei para trás… minha irmã estava sendo levada.
Hugo, Owen e Mateo se aproximavam.
— Chefe, o avião vai explodir. Precisamos recuar.
— Levem Evelyn. Eu vou atrás da minha irmã.
Não tive tempo para despedidas. Eles levaram minha mulher e eu corri para buscar minha irmã. Josh buscou Aline, e Alessa deu trabalho porque não queria largar o Brandon.
O medo começou a me tomar. De novo, não. Eu não podia deixar ele levá-la.
“Promete... que não vai deixar ele me pegar?”
A voz da Jordan ecoava na minha mente. Seu pedido. Minha promessa.
Consegui alcançar o Jackson, só que o carro com a Jordan já tinha partido. Não dava tempo. Precisávamos ir, ou seríamos mortos pela explosão.
Só que ele… não iria sem minha irmã.
— ME SOLTA, SEU CRETINO! — Jack gritava comigo.
— NÃO! — retruquei. — VOCÊ NÃO VAI MORRER!
— Eles tão levando ela, Alex… tão levando o amor da minha vida.
Meu coração apertou. Eu falhei… mais uma vez, eu falhei com ela.
Consegui carregá-lo até o carro, e assim que o avião explodiu, o choque nos atingiu e o carro tombou. Jackson e eu voamos, mas ele… estava muito ferido.
Tinha sido atingido nas duas pernas. O sangue havia encharcado sua roupa.
— JORDAN! — ouvi o grito de desespero do Jackson. Quando consegui me levantar, fui até ele.
— PORRA! A GENTE PRECISA LEVAR ELE PRO HOSPITAL! — Meu amigo respirava com dificuldade, mas ele não ia morrer. Não hoje.
— Vocês me prometeram… — ele sussurrou, e então apagou.
— Jack… — Benjamin chamou.
Ajoelhei ao seu lado.
— Jackson… fala comigo, porra! — gritei, o chacoalhando.
— Ele não tá respirando, Alex… — Benjamin dizia em desespero.
Thomas agachou ao nosso lado e começou a pegá-lo do chão.
— Precisamos levá-lo. — Ele tentava manter a calma, mas o medo o consumia também.
Ouvi as sirenes ao longe. Morales estava chegando.
Os Black já haviam ido embora… e levado minha irmã com eles.
— Ele tá gelado… perdeu muito sangue. — disse Brandon. — Esse filho da puta teimoso! — as lágrimas escorriam pelo seu rosto.
Assim como Jordan… Jackson era um pedaço de nós.
Não suportaríamos perdê-lo.
— Alex… — Evelyn disse, se aproximando. — Cadê a Jo? — perguntou entre lágrimas.
Eu só balancei a cabeça, e Evelyn… desabou.
— ¿Dónde está, ogro? ¿Dónde está mi hija? — Rosario perguntava, avançando em Benjamin.
Aline veio até nós. Thomas carregava Jackson com lágrimas nos olhos.
— Ele está vivo. Mas se não receber atendimento logo, isso vai mudar.
As palavras dela foram como facas em meu coração.
— Precisamos ir atrás dela. — Hugo chamou minha atenção.
— E nós vamos. Mas primeiro vamos socorrê-lo. — respondi, tentando parecer firme, mas por dentro… eu estava acabado.
Alessa tentava acalmar Brandon. Depois de tudo que ele fez para afastar Robert de Jordan… tudo pareceu em vão.
Porque hoje falhamos. Eu falhei.
A ambulância parou à nossa frente, Morales veio até nós.
— Sterling. Seus homens já me mandaram as imagens. Já coloquei todo mundo atrás desses cretinos.
Somente assenti. O paramédico chamou nossa atenção:
— Quem vai acompanhá-lo?
Eu queria ir, mas Evelyn ainda corria perigo.
— Eu vou. — disse Thomas.
— Vou junto. — foi a vez da Aline.
Chegamos ao hospital. Jackson já tinha sido levado para dentro. A Aline o acompanhou. Parece que ela conhece o diretor daqui.
Evelyn estava agarrada a mim, chorando silenciosamente. Benjamin tentava consolar Rosario, quando ele mesmo estava aos pedaços. Thomas estava sentado no chão, olhando para as mãos, sujas do sangue de Jackson.
Brandon caminhava de um lado para o outro, enquanto Alessa não se afastava um minuto. O medo de ele surtar era visível em suas feições.
Josh e Chen se aproximaram. Enquanto Owen, permaneceu calado encostado na parede.
— Chefe, já tomamos todas as medidas. Diego e Hugo estão trabalhando juntos para tentar encontrar pistas.
— Quero alguém na casa dos Anderson. Preciso saber se ele realmente estava no hangar ou ainda está posando de bom homem em casa enquanto seu fantoche faz o trabalho sujo.
— Você não pode invadir com a minha mãe lá. — Brandon chamou minha atenção.
— Não vou invadir. Só preciso saber se ele está lá.
— Ele não está! — Brandon retrucou. — Nosso pai finalmente colocou as mãos nela. Era o que ele mais queria há anos.
As palavras dele faziam sentido. Mas eu sou um homem de instinto. E o meu dizia que precisamos ir até lá.
— Vão até lá. Sondem a Susan. Se ele estiver, capturem sem piedade.
— Alex! — Brandon me chamou novamente. — Ele não está lá, mas se estiver, minha mãe é inocente.
— Jamais arriscaria a vida da senhora Anderson. Mas ele levou minha irmã, e eu quero ela de volta.
— Então eu vou junto. — Brandon disse sem hesitar.
— Como é? — Evelyn, que estava agarrada a mim e até então em silêncio, perguntou.
— Vou com a equipe ver se meu pai está lá — ele respondeu.
— Há alguns meses você estava morto. — Ela se soltou de mim. — Agora vai aparecer lá, vivo, interrogando e dizendo que o marido dela é um cretino?
Evelyn estava furiosa. Sua voz não vacilava. Seu olhar... era firme como uma rocha.
— Eles não chegaram lá ainda. O helicóptero ainda vai pousar.
Conseguimos alcançar o elevador antes que a porta se fechasse e seguimos para o último andar. Assim que descemos, fomos até a escadaria para seguir até o heliponto.
Encontramos meus homens subindo correndo.
— Eles já estão lá.
— E o helicóptero? — perguntei enquanto subíamos.
— Hugo disse que está pousando.
Em segundos, chegamos na porta. Quando ela abriu, o helicóptero terminava de pousar e dois cretinos arrastavam minha mulher. Tirei a arma da cintura e atirei em um, enquanto Josh acertava o outro.
Comecei a correr até Evie, que fez o mesmo na minha direção.
Só que um dos homens que estava no helicóptero desceu correndo e, com uma metralhadora, começou a atirar no chão, fazendo Evelyn gritar e recuar.
Ele conseguiu alcançá-la e a puxou para trás. Outro desceu e atirou contra nós.
Os malditos conseguiram colocá-la dentro da porra do helicóptero. Mas eu não sou de desistir. Comecei a correr e, em um pulo, agarrei a barra do trem de pouso.
Com meu peso, o helicóptero balançou. Mas não o suficiente pra abaixá-lo.
— É melhor soltar, Sterling. Vamos conseguir voar mesmo com você pendurado.
— Alex… — Evie disse com a voz embargada.
O maldito manteve a arma apontada pra minha cabeça. Eu sentia o helicóptero subir mais um pouco. Balancei, tentando atrasá-los até pensar em algo.
— Solta, ou eu atiro! — ele gritou.
— NÃO! — Evelyn gritou. Ela se ajoelhou, e seus olhos encontraram os meus.
Vi quando ela olhou pra baixo. Ainda estávamos sobre o prédio, mas em instantes já estaríamos no ar. Se eu caísse, não sobreviveria.
— Solta… — ela disse com a voz embargada.
— Não! — rosnei.
Ela colocou a mão na barriga. Me encarou novamente.
— Você prometeu que voltaria…
Suas palavras me atingiram. Se eu morresse agora, ela estaria pra sempre na mão daquele cretino.
Evelyn colocou a mão sobre a minha. O piloto subiu mais um pouco.
— Eu te amo! — ela disse, me fazendo afrouxar os dedos com a intensidade de suas palavras. Mais rápido do que eu podia imaginar, Evelyn soltou meus dedos.
Caí com força no chão, a uns cinco metros de altura.
O impacto foi brutal. Meu ombro estalou, minhas costas arderam… mas eu não estava morto.
— Alex! — Ouvi Thomas me chamar, mas eu… só conseguia olhar pra ela. O helicóptero partindo, e minha mulher sendo levada de mim.
E a certeza dos acontecimentos me atingiu…
Eu falhei.
Com Jordan.
Com Jackson.
E com… a minha mulher.
E, pela primeira vez, em uma única noite…
Não cumpri minhas promessas.

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