Capítulo 177 – To de volta!
Jackson
Nenhum ferimento, nenhum tiro doeu mais do que ver minha marrenta ser levada. A dor que senti é indescritível.
Acordei e não conseguia me mexer. A primeira coisa que veio à minha mente, e saiu da minha boca foi:
— Jordan! — gritei e tentei me levantar.
— Jackson, se acalme… — ouvi uma voz suave, mas firme. Por um momento, não consegui me situar. Tentei levantar, mas mãos vieram até meus ombros, me impedindo.
— Por favor, você precisa se acalmar. — Meus olhos encontraram os dela, e vi que era a doutora Aline.
— Jordan?! — perguntei, ainda confuso.
— Sinto muito. Ainda não a encontraram. Mas todos estão atrás dela, e… — Aline suspirou e pareceu ponderar se continuava ou não.
— E?! — perguntei com o coração na boca. Algo dentro de mim dizia que eu não ia gostar do que vinha.
— Evie… eles também levaram a Evie.
— Droga! — xinguei, tentando me levantar. Minhas pernas falharam na mesma hora, e uma dor insuportável me atravessou. — AHH!! — gritei.
— Jackson, não faça isso. Você foi baleado há poucas horas, perdeu muito sangue. — Ela me ajudou a voltar para a cama. — Está debilitado, não vai conseguir sair assim.
Respirei fundo, tentando organizar os pensamentos. Assim que ela se afastou, tentei de novo. A maldita da perna cedeu e me fez cair.
— INFERNO! — xinguei, ainda deitado no chão.
— Jackson, vou chamar alguém para me ajudar. — Aline disse, saindo correndo do quarto. Fiquei ali, deitado, odiando a mim mesmo por ser fraco.
Foi aí que a imagem dela me atingiu. Antes de toda essa merda, ela brava comigo por ter contado sobre o bebê. Eu sussurrando no ouvido dela “eu te amo”, e ela respondendo… “eu também”. Um sorriso brincou nos meus lábios com a lembrança. Mas logo em seguida, a cena deles tirando ela de mim. Ela gritando por mim.
— AHH!! — gritei, antes das lágrimas saírem. Tentei me sentar e me arrastei até a cama. Apoiado nela, tentei ficar de pé de novo. Doía. Doía muito… mas não era nada comparado à dor de saber que ela ainda estava nas mãos daquele cretino.
Assim que consegui me firmar e dei dois passos, a porta se abriu.
— Jack! — Benjamin gritou, vindo até mim. — Cara, o que você tá fazendo?
— Não é óbvio? — perguntei, com deboche, e continuei caminhando até a porta.
— É sério isso? — Benjamin perguntou, parando na minha frente.
— Carter, saia da minha frente. Estou indo atrás da minha mulher! — Eu disse, irritado dessa vez. E Aline interveio:
— Jackson, eu te entendo. Mas você precisa entender também: seu estado ainda é de risco. Pode acabar sofrendo uma nova hemorragia ou pegar uma infecção. E desse jeito… — ela apontou para minhas pernas — você não vai ser útil!
As palavras dela me pegaram… “inútil”. Foi isso que eu me tornei. Assim como todo meu esforço antes foi inútil, porque eu não consegui salvar minha marrenta. Só que eu não sou de desistir. Não dela. Nunca dela!
— Sabe, doutora Aline, que nada é inútil, né? — perguntei, com um sorriso presunçoso. Ela me olhou confusa. — É tudo questão de ponto de vista. Só temos que achar uma utilidade pra “tal” — falei vagarosamente — coisa inútil.
Continuei caminhando. Ben me olhou com aquele sorriso de quem sabia que não ia conseguir me impedir. Enquanto Aline estava perplexa com as minhas palavras, que pra ela não faziam sentido algum. Mas pra mim… faziam mais do que sentido. Era essa certeza de que eu acharia uma “utilidade”, um jeito de ir atrás da minha marrenta, que me fazia conseguir dar passos, mesmo que lentos, para fora daquele quarto e daquele maldito hospital.
— Eu vou! — ele disse, com firmeza, sem espaço pra dúvidas. Mas a chica dele… essa não cedia fácil de jeito nenhum. Andrew sentindo o clima pesado entre eles, decidiu intervir.
— Pessoal, o chefe tá esperando. Vamos todos, e chegando lá ele decide quem vai e quem fica.
Por ora, aquilo foi o suficiente. Só que não pro nosso casal “caliente”. Benjamin se recusou a aceitar, e Rosa a ceder. O que resultou em briga… e uma ameaça velada de término.
No caminho até o aeroporto, o clima se manteve tenso. Rosario e Ben se recusavam a falar um com o outro, a doutora Aline estava furiosa por eu ter desobedecido suas ordens, e eu… Eu tentava mostrar que estava bem, que dava conta. Quando, na verdade, o meu medo era tão denso que quase se tornava palpável.
Chegamos, e lá estavam eles. A elite da Sterling. Homens dispostos a tudo, principalmente a se arriscar sem medo para salvar um de nós. Ali estava minha família, se preparando para buscar o meu coração. A minha Jordan.
Andrew, Aline e eu caminhamos em direção ao avião, enquanto Rosario e Benjamin ficaram mais atrás, na tentativa de se entenderem.
Todos estavam concentrados, se armando, revisando equipamentos, prontos para matar alguns desgraçados.
— Não cumprem o que me prometem… e ainda ousam ir sem mim? — falei, com os braços cruzados e uma expressão séria.
Quando todos se viraram para me encarar, Alexander foi o primeiro a falar, com uma ponta de confusão na voz:
— Jack?!
Dei um sorriso. Não era de deboche, nem de felicidade. Era um sorriso de certeza.
A certeza de que eu traria minha mulher de volta. Porque mesmo para as coisas “inúteis”… sempre se encontra uma utilidade.
— Tô de volta… e pronto pra botar pra fuder.

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