Benjamin
As coisas foram de mal a pior.
Nossa pequena, além de estar grávida, foi levada por aqueles malditos.
Meu irmão, teimoso pra cacete, quase morreu.
Minha mulher foi ferida. Evelyn foi levada. Robert mandou matar Susan. Alex e Brady viraram o demônio. E, pra fechar, Alessa foi atingida pelo desgraçado do senhor Anderson.
O senhor Anderson... o homem que se tornou uma decepção maior do que o Brandon foi um dia. O homem que ensinou a cada um de nós tudo o que sabemos, que cuidou de nós como filhos, que nos chamou de “meus garotos”…
Esse mesmo homem fodeu com a mente do Brandon, abusou da Andrea, mentiu pro Alex, e agora… quer entregar a Sophia e a Evelyn pra uns pervertidos.
Quando recebi a ligação do Thomas me contando o que o tal do Ian disse, eu tive vontade de vomitar. Só que eu ainda não podia contar isso ao Jackson. Ele tinha acabado de acordar e estava decidido a ir com a gente para Vegas.
Só que tinha outra pessoa que queria nos acompanhar. Uma chica mais teimosa que o diabo. Que acabou de ser ferida, escapou de algo muito pior que um arranhão, me deu um susto do caralho… E agora tá aqui gritando comigo, ameaçando me largar se eu insistir nessa “palhaçada”. Parece que me preocupar com a minha mulher…
Virou palhaçada.
— Você pode dizer o que quiser, Benjamin. A decisão não é sua! — Ela cruzou os braços e me encarou. — Eu só não entro naquele avião se o Alexander me proibir.
— Por que você é tão teimosa? Você acabou de levar um tiro! — Eu disse, apontando pro curativo na têmpora dela.
— FOI DE RASPÃO! — ela gritou.
— MAS PODERIA NÃO TER SIDO, PORRA! — gritei de volta.
Passei as mãos no rosto, tentando manter uma calma que era totalmente inexistente nas conversas entre eu e ela.
— Olha, Benjamin… — A forma como ela me chamou mexeu comigo. Desde nosso primeiro dia, ela me chama de “ogro”. Pode não parecer carinhoso pra quem ouve, mas entre nós… era. — Eu te agradeço a preocupação. O tiro poderia ter me acertado… mas não acertou. E eu… estou indo atrás da minha filha.
Ela descruzou os braços e se aproximou de mim.
— E se você não consegue aceitar isso… — Rosario chegou perto, bem perto. — Então você não consegue me aceitar. A pessoa que eu sou. Que não vai ficar aqui enquanto uma das pessoas que mais ama está correndo perigo.
Ela se afastou de novo, e concluiu, com palavras que pra mim foram piores que uma facada.
— Então não vejo motivos pra ficarmos juntos.
— O que isso significa? — perguntei, mas eu sabia bem o que significava. A dor já estava ali, junto com a certeza de que ela não voltaria atrás.
— Acabou. — ela respondeu, sem hesitar.
— É isso? Eu querer te proteger, não querer te ver em risco… — Minha voz saiu mais exaltada do que eu pretendia. — Querer te afastar dessa merda do Robert, ter medo de te perder… — Me aproximei dela. — Isso é motivo pra me abandonar? Pra terminar comigo?
Dei um passo pra trás, respirando pesado.
— Tá tudo certo, Rosario Castillo. Acabou.
Me virei e segui até o avião. Todos já estavam embarcando.
— Tá tudo bem? — Thomas perguntou.
— Sim. — Respondi na mesma hora em que Rosario se aproximou. — Mas vai ficar melhor depois que essa merda acabar. — Olhei uma última vez pra ela e entrei.
Segui pra sala de reuniões. Esse avião era maior, uma aquisição nova que eu ainda nem tinha terminado de organizar. E eu era responsável por isso. Organizei o que precisava e logo decolamos.
Brandon ia no jato do Enzo pra Vegas. Ele estava com a Alessa, que, depois do susto, estava bem. Chamei Hugo e Chen pra casarmos todas as informações que havíamos conseguido. E ter o Enzo ao nosso lado abria portas mais rápido.
Alexander quase não falava, o que era compreensível. Tudo o que aconteceu nesta noite mexeu com todos nós. Mas descobrir toda a verdade, o real motivo de Robert querer as meninas… Isso enlouqueceria qualquer um. Imagine ele.
— O que aconteceu entre você e a Rosa? — Jackson perguntou, enquanto eu tentava focar no tablet na minha mão e não na chica maravilhosa que estava sentada à minha frente.
— Terminamos. — Respondi, sem tirar os olhos do aparelho.
— Simples assim? — me perguntou.
Levantei meus olhos pra encará-lo.
— Sim. — Voltei minha atenção ao que estava fazendo. Procurei Hugo de novo. Depois que acertei tudo, fui pra uma das salas privativas. O bom de comprar um Boeing 747 é que espaço e privacidade você tem aos montes.
Sentei num dos sofás, recostei a cabeça e fechei os olhos. Mesmo tentando ignorar a dor que a decisão da Rosario me causou… Era exatamente isso que passava na minha mente.
“Acabou.”
— Talvez? Como assim talvez?
— Bom… você terminou comigo.
— E pedi desculpas! — retrucou.
— E é isso que se diz depois que termina e quer voltar? — arqueei uma sobrancelha.
— Bem… — ela disse daquele jeito que me matava. — Benjamin Carter… você poderia me aceitar de volta?
— Talvez… — repeti, só pra provocá-la.
Ela me empurrou, irritada, e começou a levantar.
— Qual é o problema? — perguntei, sorrindo, só pra atiçar ainda mais.
— O problema é você, cabrón! Talvez… isso é resposta que se dê? Tô achando que você já queria terminar e agora tá com esse joguinho ridículo!
Ela se virou pra sair, mas não deixei. Já tinha provocado o suficiente. A puxei de volta pro meu colo e a beijei.
O beijo começou intenso, urgente, do jeito que só a gente sabia ter. As mãos dela foram direto pro meu cabelo, puxando com força enquanto a minha boca dominava a dela sem espaço pra protesto.
Minha língua encontrou a dela num embate delicioso, e eu senti o gemido que escapou da sua garganta. Segurei firme sua cintura, obrigando o corpo dela a colar no meu.
— Nunca mais diz que acabou… — falei, minha testa encostada na dela, minha respiração misturada à dela. — Porque eu posso aceitar tudo, menos ficar sem você.
Tomei a boca dela de novo, e por um momento esqueci tudo que acontecia fora dali. Pra mim só existia ela, interrompi nosso beijo, segurei seu queixo, obrigando-a a me encarar.
— Seja minha pra sempre chica... — passei meu polegar em seu rosto. — Depois que tudo isso acabar, que trouxermos nossa pequena de volta... — dei um beijo suave nela. — Seja minha mulher Rosario Castillo.
Por um minuto que pareceu uma eternidade ela me encarou. Em silêncio. Meu coração batia descompassado.
— Sim, mi ogro. — Ela olhou bem no fundo dos meus olhos. — Aceito ser sua pra sempre.
Eu sorri de lado, aquele sorriso sacana que só ela despertava em mim, e voltei a beijá-la com ainda mais força. E agora com a certeza de que ela nunca mais me deixaria, nunca mais me afastaria. Porque ela aceitou ser minha para sempre.
Estamos indo buscar nossa pequena, acabar com todo esse esquema pervertido do senhor Anderson. E depois disso... Eu farei minha chica feliz, e vai ser pra sempre.

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