Evelyn
Assim que acordamos, a enfermeira trouxe o café da manhã. E, claro, o humor de Alexander estava péssimo! Ele odiava ser ajudado, mas, com as mãos machucadas e um dos braços engessados, não tinha escolha.
— Onde está Benjamin? — Sua voz era autoritária, e a irritação evidente em cada sílaba.
— Juro por Deus, Alexander, se me perguntar isso mais uma vez...
Antes que eu concluísse a frase, a porta se abriu. Lá estava minha tábua de salvação.
— Boa tarde. — Ben disse com um sorriso, que morreu no instante em que percebeu o mau humor de Alex.
— Até que enfim. — Alexander bufou.
Peguei a cadeira de rodas e levei até a beirada da cama.
— Para que isso? Estou com o braço engessado, não as pernas.
— Procedimento padrão. — Respondi, esperando que ele se sentasse.
Mas, teimoso como era, ele foi caminhando até a porta.
— Alexander Sterling, pare de agir como uma criança. Sente-se nessa cadeira, ou não assino para que tenha alta.
Ele se virou para me encarar, e eu ergui uma sobrancelha. Benjamin riu.
— Chefe, hoje de manhã ela assinou seu prontuário. Evelyn é responsável por você, pelo menos até que saia do hospital.
— E como isso aconteceu? — Seus olhos brilhavam de raiva.
— Bem... — Empurrei a cadeira até ele.
— No seu telefone, eu fui sua última ligação. E, aparentemente, você ficou sussurrando meu nome antes de o sedarem.
Olhei para Benjamin, que se divertia tanto quanto eu com a situação.
— E como passei a noite aqui e tal...
Fiz um sinal com a cabeça para a cadeira.
— Agora faça o favor de se sentar.
Alexander foi o caminho todo reclamando e xingando. Mas aquilo não me incomodava, pelo contrário, me divertia. Eu sabia que era só fachada. Aos poucos, estava conhecendo o verdadeiro Alexander Sterling, aquele que ele escondia de todos.
Passei pela recepção, assinei os papéis e seguimos para casa.
Chegamos à cobertura, e o humor de Alexander só piorava. Eu não entendia de onde vinha tudo aquilo, mas tentava manter as coisas o mais leves possível. Nessas últimas semanas ao seu lado, percebi o quanto ele era ativo. A empresa girava em torno dele. Na verdade, parecia que o mundo girava ao seu redor. Sua influência era gritante e, agora, ele teria que ficar de molho por longos dias.
— Alex, como está se sentindo?
Emy entrou na sala com sua energia contagiante, mas foi recebida como todos os outros.
— Ótimo! — respondeu ele com sarcasmo, apontando para o braço imobilizado.
— Benjamin, preciso daqueles documentos. E avise o Chen que a reunião de hoje será por videochamada.
Seguiu até o aparador e, mesmo com dificuldade, começou a encher um copo.
— Amanhã vou supervisionar os novos recrutas. Não posso atirar, mas posso instruir.
Benjamin apenas assentia às suas ordens.
— E mais uma coisa...
Ele levou o copo à boca, mas fui mais rápida e o tirei de sua mão. O olhar que me lançou fez meu coração gelar. Se olhar matasse, eu cairia estatelada no chão.
— O que acha que está fazendo? — perguntei irritada.
— Acho que essa pergunta cabe a mim. — Seu tom era afiado.
— Alexander, não seja infantil! Você acabou de sair do hospital, e o médico foi claro.
Estufei o peito e coloquei as mãos na cintura.
— Entendo que você é o CEO das Empresas Sterling, o todo-poderoso, mas pelo amor de Deus, relaxe por pelo menos cinco minutos!
Peguei as duas garrafas do aparador e as entreguei a Amélia.
— Por favor, Amélia, mantenha isso longe dele.
Disfarçando um sorriso, ela pegou os vidros e seguiu para a cozinha. Quando me virei, encontrei Benjamin e Emily me olhando como se eu tivesse acabado de pousar de outro planeta.
— Benjamin, acho que você consegue lidar com essas coisas por hoje, né?
Ele assentiu com um aceno.
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